E a Virada envolveu a alma do povo paulista

22/05/2006 - Capela do Socorro

E a Virada envolveu a alma do povo paulista

22/05/2006 - Capela do Socorro

Com muita tranqüilidade e alegria, desde a abertura oficial, às 18 horas de sábado (20) no palco do Anhangabaú, a população participou acompanhando apresentações por toda a cidade, além de participar de visitas aos museus, passeios de bicicleta, caminhadas literárias. A Virada Cultural, mais uma vez, reflete a essência do paulistano e dessa cidade: entusiasmo, generosidade, amor à cultura e muita vontade de participar. Expectativa dos organizadores é reunir um público de 1,5 milhão de pessoas em todos os eventos. O encerramento oficial foi neste domingo (21) às 18 horas, no Parque da Independência, com show de Luiz Melodia, mas no Grajaú a Virada Cultural foi até as 20h15 e foi encerrada com as apresentações das bandas A Firma e SWA Family.

 

A Capela do Socorro mais uma vez deu um exemplo de cidadania e arte colocando no palco da Virada Cultural mais de 15 artistas da região. De RAP a música regional, passando por Punk Rock e Soul Music o Grajaú pôde ver um pouco da arte que é produzida pelos seus filhos que muitas vezes necessitam apenas de um espaço para mostrar o seu talento. Como em 2005, a Virada Cultural na Capela do Socorro foi muito animada e abriu espaço para artistas novos e músicos consagrados.

Mais de 3 mil pessoas acompanharam as mais de 8 horas de espetáculo na Praça do parque Brasil na avenida Dona Belmira Marin. Todo o evento seguiu na mais perfeita harmonia não foi registrada nenhuma ocorrência. A periferia mostrou que a paz é a melhor escolha e que arte e a cultura são os caminhos que levam a uma vida melhor.

Em toda a cidade a segunda edição da Virada Cultural começou às seis horas da tarde deste sábado, com uma queima de fogos de artifício na área central da cidade. Poucos minutos depois, a Banda Mantiqueira e seus 14 músicos ocuparam o palco do Anhangabaú, onde mais de cinco mil pessoas aguardavam o início da festa. "A Virada é uma manifestação pela paz; é um gesto de reação da cidade contra a violência", afirmou o prefeito Gilberto Kassab, que dedicou a noite aos eventos do centro da cidade. Acompanhando a banda, o cantor e compositor João Bosco elogiou a Virada: "É bom ter uma festa como esta, onde as pessoas estão envolvidas por uma atmosfera de cultura".

O secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, destacou a importância da Virada para que a população recuperasse seu espaço: "Com o evento, a Cultura está contribuindo para que as pessoas recuperem o sentimento de viver em conjunto. A Virada resgatou essa face, esse sentimento de pertencimento, que nem todo mundo conhece".

A cultura e as pessoas são os valores maiores dessa cidade. Assim o presidente da SP Turis, Caio Luiz de Carvalho resumiu o espírito do evento. Para ele, a Virada Cultural consolida-se nessa segunda edição não só como um evento que realmente motiva e seduz a nossa população: "Marca uma virada da cidade nesse momento difícil, uma virada pela paz, com as pessoas e suas famílias indo para as ruas, mudando o astral da cidade e ressaltando a capacidade de reação e o amor dos moradores por nossa capital. A cultura levou as pessoas para as ruas. O paulistano e muitos de fora junto com artistas de todas as tribos cantaram essa cidade."

Acompanhado pelo secretário da Cultura, Carlos Augusto Calil e pelo presidente da São Paulo Turismo, Caio Carvalho, além do secretário de Coordenação das Subprefeituras e Subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, Kassab assistiu parte do show do pianista Adilson Godoy, na Praça Ramos, idealizador do projeto Piano na Rua. De lá, seguiu para o Centro Cultural do Banco do Brasil onde se encontrou com o governador Cláudio Lembo. Juntos, eles foram até a Praça da Sé, para a apresentação da banda pernambucana Cordel de Fogo Encantado. Foram ainda ao Mercado Mundo Mix, na Galeria Prestes Maia, passando antes pelo Museu do Anchieta, onde tocaram o Sino da Paz.

Quase todo o percurso foi feito a pé, entre as centenas de pessoas que, por meio da Cultura, festejavam a cidade. No Largo do Café, acompanharam a mistura animada de cinema clássico e música eletrônica, atração preferida dos jovens que dançavam na rua. No momento que chegaram, o D.J. combinava arranjos com o filme Metropolis. O próximo passo foi a praça do Patriarca para assistir à apresentação do Fulerô o Esquema e, mais tarde, para o show do Zimbo Trio, no Theatro Municipal.

Ali, a festa começou mais cedo. Por volta das 4 horas da tarde, as filas em frente ao Municipal já não cabiam nas escadarias. Os ingressos para o primeiro show, de Francis Hime e Trio, esgotaram duas horas antes. O mesmo aconteceu para o show do Zimbo Trio e Convidados - Heraldo do Monte e Hector Costita. "A primeira Virada foi ótima e esta está sendo ainda melhor", disse Amilton Godoy, pianista do Zimbo para o delírio da platéia.

O Centro da Cidade virou uma grande festa na Virada. Funk no Largo do Café, rap no Largo da Pólvora, samba na Praça do Patriarca, grandes pianistas na Praça D. José Gaspar, agito no Mercado Mundo Mix, hip hop no São Bento. E filas que não acabavam para o público que lotou todas as apresentações no Theatro Municipal (mais de 1.500 lugares). No Pátio do Colégio, cerca de mil pessoas acompanharam a palestra do jornalista Gilberto Dimenstein sobre inclusão social e a apresentação da Orquestra Bachiana Jovem, regida pelo maestro João Carlos Martins.

Lotação esgotada também aconteceu na Casa das Rosas, na Avenida Paulista. Primeiro para a programação "Desconcertos na Paulista", com o crítico Matthew Shirts e, em seguida, para o "E Agora Drummond?", dirigido por Zé Carlos Freyria. Ali, o secretário de Estado da Cultura, João Batista de Andrade, não resistiu e pedalou pelos jardins antes de ver o início do Circuito Pedal - um grupo de ciclistas, que saiu da Paulista e percorreu os museus da área central - Pinacoteca do Estado, Museu da Língua Portuguesa e Museu de Arte Sacra.

Às duas horas da manhã, no Theatro Municipal, o prefeito Gilberto Kassab estava feliz da vida com o sucesso da segunda edição do evento: "A Virada entrou para o calendário nacional dos grandes eventos. Eu tinha certeza de que daria certo. É um clima de festa, de confraternização, de alegria, de quem realmente acredita na Cidade. As pessoas querem curtir, saber tudo o que está acontecendo, todos estão curtindo", afirmou. Kassab apontou uma diferença básica em relação à edição anterior: "Desta vez as pessoas já conheciam a programação com mais antecedência, está tudo mais organizado. E a próxima será novamente em maio", garantiu.

A animação esteve presente em várias regiões da Cidade. Durante a madrugada, quase 3 mil pessoas assistiram à apresentação do Grupo Atitude 4, em Guaianazes. Antes, passaram pelo palco os grupos Redenção, Tô na Área e Farufino, sempre em um clima de muita tranqüilidade. Como na edição anterior, as apresentações na Casa das Rosas também foram um sucesso e os ingressos para as seis sessões já estavam esgotados às 21 horas, antes mesmo da primeira apresentação. Um dos destaques foi o espetáculo São Paulo Musiclube", que começou a meia-noite sob a direção do músico poeta, escritor paraibano Pedro Osmar.

Do início da Virada Cultural até duas da manhã cerca de 8 mil pessoas passaram pelas unidades do Sesc Paulista, Pinheiros e Pompéia. Neste último, um dos destaques foi a apresentação do 5Hype - Eletrônico & Eróticos. A Rua Central do Sesc Pompéia a 1 hora da manhã mais parecia uma tarde de domingo. Casa lotada com muita música e performances.

O encerramento oficial da Virada Cultural foi às 18 horas, com show de Luiz Melodia, no palco do Parque da Independência, em frente ao Museu do Ipiranga. Antes, a Orquestra Sinfônica Municipal realizou uma apresentação ao ar livre, às 16h30. Sob a batuta do maestro José Maria Florêncio, diretor artístico e regente titular do conjunto, a orquestra executou o programa "Beethoven, Crepúsculo de um Gênio", inteiramente dedicado ao alemão Ludwig van Beethoven.

O espetáculo começou com a Abertura Egmont, que o compositor escreveu entre 1809 e 1810 para acompanhar a peça de mesmo nome, de autoria de Goethe. Depois, os músicos apresentaram um trecho do primeiro movimento da V Sinfonia, uma das obras mais populares do autor, composta em 1807. O programa terminou com cinco movimentos retirados das sinfonias de número I, III, V, VI e VII, em um panorama da arte de Beethoven na composição desse gênero.