Interlagos: memória e qualidade de vida

Tombamento municipal protege o traçado urbano, as praças, áreas verdes e a vegetação de porte arbóreo do bairro

Louis Romero Sanson, engenheiro e presidente da Autoestradas S/A, comprou terras entre as represas Guarapiranga e Billings por volta de 1937.

Contratou o urbanista francês Alfred Agache para elaborar o projeto urbanístico de um bairro, concebido como cidade-jardim, com áreas destinadas a comércio, indústria, moradia e lazer.

As represas lembraram a Agache a região suíça de Interlaken, razão suficiente para Sanson batizar seu empreendimento de "Interlagos Cidade Satélite da Capital".

Sanson implantou um autódromo, que serviria como chamariz para a venda dos lotes residenciais, destinados a uma camada social mais abastada. Aproveitando o potencial turístico da região, formou a praia dos paulistanos no início dos anos 40, com areia vinda de Santos.

Para facilitar o acesso ao loteamento, à praia, ao autódromo e, ainda, estimular a ocupação da região, construiu a avenida Interlagos e a ponte sobre o rio Jurubatuba.

A Cidade Satélite de Interlagos, contudo, não chegou a se concretizar. O loteamento só começou a ser efetivamente ocupado a partir dos anos 70, quando a área foi declarada Zona Estritamente Residencial.

O bairro, considerado seu padrão de ocupação, resulta em significativa densidade arbórea e alta porcentagem de solos permeáveis, capazes de garantir climas urbanos mais amenos.

A massa de vegetação existente apresenta-se nas ruas e praças com belíssima continuidade, contendo várias espécies e oferecendo habitat para a variada gama de aves existentes na região. O traçado sinuoso das ruas e avenidas adapta-se à topografia da região.

A história do bairro de Interlagos, os caminhos, a topografia, a subdivisão fundiária e a presença marcante da Represa Guarapiranga são fundamentais na sua conformação. Interlagos está intimamente associado à Represa Guarapiranga, que igualmente é bem de inestimável valor ambiental, paisagístico, histórico e turístico.

Considerando que o tecido urbano guarda referências significativas e necessárias para o reconhecimento da memória e da identidade do cidadão com seu espaço vivencial, a preservação e a manutenção física dos variados elementos componentes do espaço urbano é de fundamental importância para o pleno exercício da cidadania.

O pedido de tombamento de Interlagos partiu dos próprios moradores. Levantamentos e estudos realizados pelo DPH culminaram no tombamento pelo CONPRESP em 2004, que identifica peculiaridades do bairro, destacando-as e valorizando-as. Estão protegidos o traçado urbano, as praças, as áreas verdes e a vegetação de porte arbóreo.

Departamento do Patrimônio Histórico