Na paleta anual de cores da saúde, o janeiro é roxo para alertar sobre a hanseníase, doença causada pelo bacilo de Hansen, também conhecida como lepra, mas que tem cura. A campanha Janeiro Roxo visa desmistificar o tema e informar à população que não há motivo para ter medo ou vergonha.
Silenciosa, a hanseníase se manifesta normalmente por manchas na pele e provoca diminuição da sensibilidade ou formigamento em mãos, pés ou olhos. Por não sentir dor, o paciente, em muitos casos, não repara nos sintomas e não sinaliza em consultas de rotina. Mas o diagnóstico tardio pode acarretar em incapacidades físicas, psíquicas e sociais para os doentes acometidos pela hanseníase.
Desde o ano 2000, o município de São Paulo cumpre o objetivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir a prevalência para menos de um caso por 10 mil habitantes. Atualmente, existem no município de São Paulo 159 pacientes em tratamento de hanseníase e mais de 1.500 em acompanhamento pós-alta.
Tratamento
O tratamento é oferecido gratuitamente em 28 Unidades de Vigilância em Saúde (Uviss), equipamentos de referência específicos de atendimento e tratamento na rede municipal. O tratamento é simples, eficaz e cura os pacientes, além de ser a única forma de interromper a cadeia de transmissão da doença.
Por isso, o treinamento regular de profissionais da rede municipal sobre sinais e sintomas da doença para a eficiência do diagnóstico precoce e redução de possíveis sequelas é feito pelo PMCH, o Programa Municipal de Controle de Hanseníase da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), que durante a pandemia de Covid-19, passou também a fazer capacitações online. Em 2020, a equipe do programa realizou 14 capacitações virtuais com a participação de 189 profissionais.
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“Nosso objetivo é que os profissionais de saúde estejam cada vez mais habilitados a acolher e tratar os pacientes com suspeita de hanseníase e oferecer a melhor assistência possível. Pelo preconceito histórico relacionado à doença, antigamente chamada de lepra, infelizmente muitas pessoas têm vergonha de falar sobre o assunto. O diagnóstico precoce e o tratamento oportuno são essenciais para evitar sequelas físicas graves, como úlceras que não cicatrizam, cegueira, deformidades e amputação de membros”, afirma a médica infectologista Rachel Russo Leite, coordenadora do PMCH.
Os profissionais da saúde da rede municipal têm a chance de se capacitar pela plataforma da Escola Municipal de Saúde (EMS). A primeira turma, com 514 alunos, concluiu a formação em dezembro.
Em 2021, a estimativa é ampliar o alcance do ensino a distância e treinar mais 7.500 profissionais da atenção básica - 2.500 médicos, 2.500 integrantes de equipes multidisciplinares e 2.500 agentes comunitários. Os profissionais de saúde são parte fundamental nesse processo de combater o estigma e a doença.
Ao longo deste Janeiro Roxo, as orientações à população também serão intensificadas em palestras e panfletagens nos equipamentos de saúde da capital.