Secretaria da Saúde promove formação para enfrentamento ao racismo

Objetivo é sensibilizar profissionais sobre os efeitos do racismo estrutural e capacitá-los para o acolhimento às demandas de jovens negros, as principais vítimas da violência no Brasil

 Ao longo do mês de janeiro a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) realiza uma nova edição da formação “Enfrentamento da violência e do racismo contra jovens negros”.

Promovida pelas áreas técnicas de Saúde Integral da Pessoa em situação da Violência e de Saúde da População Negra em parceria com o Instituto AMMA Psique e Negritude, a programação é voltada a 250 profissionais dos Núcleos de Prevenção à Violência (NPVs) e Centros de Atenção Psicossocial (Caps) das Coordenadorias Regionais de Saúde (CRSs) Centro e Leste. A primeira edição, realizada em 2022, foi voltada às CRSs Norte, Sul, Sudeste e Leste.

A formação, composta por nove horas de encontros online e presenciais, tem o objetivo de capacitar os profissionais de saúde em estratégias para estabelecer vínculos com os jovens negros dos territórios, sensibilizá-los sobre os efeitos do racismo estrutural na sociedade e também nos serviços de saúde, e implementar estratégias de cuidados em um contexto no qual a violência está presente.

“Temos uma realidade na qual, por um lado, os equipamentos de saúde são porta de entrada para o acesso a políticas públicas para os jovens negros, e por outro os relatos destes jovens nos mostram que eles enfrentam uma série de obstáculos, como profissionais não sensibilizados para ouvir sobre seus problemas enquanto jovem negro, barreiras de comunicação, incompreensões territoriais e culturais”, explica Cássia Liberato Muniz Ribeiro, coordenadora da Área Técnica de Saúde Integral da Pessoa em Situação de Violência.

Jovens relatam sua experiência nos serviços
Para ter clareza destas questões a formação traz conteúdos com fundamentação teórica e metodológica aplicados por profissionais de psicologia especialistas na temática das juventudes negras e também conta com a participação de jovens de diversas regiões periféricas de São Paulo, que colaboram por meio de suas experiências e perspectivas do que é ser um jovem negro na cidade.

“O objetivo é trazer experiências concretas que nos ajudem a compreender como aproximar os jovens negros dos equipamentos de saúde”, reitera a coordenadora da área técnica de Saúde da População Negra, Valdete Ferreira dos Santos, lembrando que os profissionais que participam da formação atuam como multiplicadores dos conteúdos e reflexões em seus equipamentos.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de 408 mil pessoas negras foram assassinadas no Brasil na última década; neste período, enquanto o número de homicídios caiu 26,5% entre pessoas brancas, entre pessoas negras o índice aumentou 7,5%.