O inovador app Vem CA garante que qualquer pessoa encontre programações culturais com acessibilidade

Em nova plataforma da Escola de Gente, produções culturais divulgam suas atividades com até 12 recursos de acessibilidade, como Libras, audiodescrição e gratuidade

perfil de trê pessoas na foto com o celular próximo do rosto e com o aplicativo ligado.

 

Com 17 anos de experiência em inclusão, a ONG Escola de Gente dá mais um passo que promete revolucionar a acessibilidade cultural no Brasil. No Dia Nacional do Teatro Acessível, 19 de setembro - data criada pela ONG e hoje lei no Brasil - foi lançado o aplicativo Vem CA. A ferramenta é uma plataforma de alcance nacional, gratuita e totalmente acessível. Pessoas com e sem deficiência agora têm a oportunidade de saber o quê, quando, onde e com quais acessibilidades estão acontecendo as programações culturais em cidades por todo o Brasil: museus, peças teatrais, festivais gastronômicos, cinema, circo e bibliotecas, entre outras. 

É possível pesquisar onde haverá espetáculos de teatro com intérprete de língua de sinais. Decidir em quais exposições uma pessoa em cadeira de rodas pode circular com autonomia. Também escolher a sessão de um filme com audiodescrição. O Vem CA está preparado para cadastrar 12 tipos de atividades culturais e têm 12 recursos de acessibilidade disponíveis para a busca: assento acessível, audiodescrição/ guia acessível, banheiro acessível, elevador/rampa, gratuidade, legenda, Libras, Libras tátil, linguagem simples, piso tátil, publicações acessíveis e visita tátil.

Para o desenvolvimento do Vem CA, cada detalhe de acessibilidade foi pensado. O app tem, por exemplo, mecanismo de leitura de suas funções para quem é uma pessoa cega; conteúdo transcrito em língua de sinais; definição de cores de contraste para não confundir quem tem daltonismo ou baixa visão; navegabilidade simplificada e botões maiores, para ser manuseado com uma mão só; descrição de imagens; ícones visuais de busca para facilitar a compreensão de quem tem deficiência intelectual e psicossocial ou dificuldades no processamento de informações; e uso de componentes-padrões dos sistemas operacionais dos celulares para garantir a familiaridade dos mecanismos. Além disso, tem consumo baixíssimo de dados e pode ser baixado em praticamente todos os smartphones disponíveis no mercado, dos mais simples aos mais sofisticados. Ao todo, o app está apto para 9.985 modelos de aparelhos.

O primeiro evento de lançamento em São Paulo, no dia 17 de setembro, às 18h, no Itaú Cultural, onde aconteceu a abertura do Festival de Acessibilidade da Prefeiturade São Paulo, foi aberto ao público e teve uma roda de conversa mediada pelo ator e cantor Tiago Abravanel, com participação de Marcos Lima, maior youtuber cego do Brasil, Luciano Mallmann, ator, Cid Torquato, secretário municipal da Pessoa com Deficiência deSão Paulo, e Claudia Werneck, fundadora da Escola de Gente.

"A nossa cultura passa por uma revolução silenciosa. Mesmo com as dificuldades, há cada vez mais atividades artísticas e de entretenimento com acessibilidade. Ainda assim, quem precisa de acessibilidade não tem onde encontrar estas informações. O Vem CA é uma solução para que quem produz cultura acessível finalmente consiga chegar a quem tem deficiência ou que busca atividades acessíveis ou simplesmente gratuitas”, acredita Pedro Prata, idealizador do aplicativo na ONG.

Para a escritora e fundadora da Escola de Gente, Claudia Werneck, a dificuldade atual de pessoas com deficiências desfrutarem de atividades de entretenimento, mesmo quando são acessíveis, acontece por dois motivos principais. “São convidadas às pressas, como se suas vidas estivessem sempre à disposição e nesse caso já têm outros compromissos, ou simplesmente não conseguem se organizar para ir; e não sabem quais acessibilidades serão oferecidas, porque geralmente se imagina que pessoas surdas só precisam da Libras ou que pessoas cegas só precisam de um livro em braille. As produções culturais então se desestimulam. Praticar a inclusão vira um fardo, mera obrigatoriedade legal, u problema que gera custos e nem aumenta o público. Todo mundo perde, se chateia e se frustra. O nosso aplicativo foi criado para impedir que esse modo contemporâneo de desintegração social avance”, explica ela. Além disso, o aplicativo será lançamento também em Brasília: 19 de setembro, às 18h, em Brasília, no 1º Encontro de Nacional de Acessibilidade e Inclusão do Superior Tribunal de Justiça. E no Rio de Janeiro: 5 de outubro, às 14h, no Oi Futuro Flamengo, quando será realizada visita guiada com acessibilidade, roda de conversa sobre o aplicativo e exibição de filmes acessíveis, também aberto ao público.

O app tem outras duas características: é de uso gratuito e ainda permite o cadastro de atividades culturais gratuitas. “Segundo a ONU, cerca de 80% da população com deficiência do mundo vive em regiões de pobreza nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Assim, se a relação entre pobreza e deficiência é tão forte, a gratuidade se torn necessariamente um recurso de acessibilidade também”, complementa Prata. “Com o aplicativo, grupos alinhados com o mesmo objetivo irão se encontrar e se fortalecer na oferta e na fruição da cultura acessível, que cresce no Brasil. Direito n prática. Inclusão no dia a dia. Democratização de bens culturais. Entretenimento fácil de achar. Público expandido. Novas plateias. Tudo isso em um só dispositivo. Pessoas com deficiência encontrarão quem está garantindo seus direitos. Poderão apertar as mãos. Estão do mesmo lado. O lado dos direitos. É a sociedade brasileira evoluindo no sentido da inclusão”, defende a escritora. O aplicativo Vem CA é viabilizado por meio das leis de incentivo à cultura do Ministério da Cidadania e da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, com patrocínio das empresas Itaú, MRS Logística, Oi, White Martins e Wilson Sons. O patrocínio ainda conta com o apoio da Associação Nacional do Ministério Público de Contas, Associação Nacional dos Procuradores da República, Ashoka Empreendedores Sociais, Baptista Luz Advogados, Fundação Pedro Jorge e Oi Futuro.
 

Sobre a Escola de Gente

A Escola de Gente é referência em direitos humanos, acessibilidade e inclusão. Trabalha para que leis e políticas públicas se transformem em práticas cotidianas inclusivas, principalmente para a população que tem deficiência e vive na pobreza. Até 2018, cerca de 500 mil pessoas participaram diretamente das suas ações em 19 países da Europa, Américas, África e Oceania; mais de 95 mil publicações em diferentes formatos acessíveis foram distribuídas gratuitamente e quase 8 mil horas de formação para pessoas jovens e adultas realizadas. A organização participou de mais de 700 fóruns, conferências e eventos. Fez parte, em 2006, da delegação brasileira na Assembleia Geral da ONU que aprovou a Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência. Em 2017, participou da 10ª Conferência dos Estados Partes da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência. Também compõe o Conselho Nacional de Juventude representando a cadeira “Jovens com Deficiência” desde a sua criação, em 2006, sendo hoje a organização não-governamental mais longeva a atuar no CONJUVE. O aplicativo é um desdobramento dos projetos culturais da Escola de Gente. O mais conhecido é o grupo de teatro Os Inclusos e os Sisos, criado na ONG pela atriz e apresentadora Tatá Werneck, e que já se apresentou para mais de 100 mil pessoas. Desde 2003, e em todas as suas apresentações, o grupo trata de inclusão e ainda conta com total acessibilidade. Até hoje, é único no mundo a adotar essa prática e, por isso, foi premiado como uma das experiências mais inovadoras do mundo em direitos de pessoas com deficiência na sede da ONU em Viena, Áustria. A Escola de Gente também tem o reconhecimento da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República do Brasil.

Sobre Claudia Werneck

Ativista brasileira em direitos humanos com mais de 400 mil livros vendidos em português, inglês e espanhol, Claudia Werneck é jornalista formada pela UFRJ com especialização em Comunicação e Saúde pela Fiocruz. Única escritora brasileira recomendada por Unesco e Unicef, foi chefe de reportagem e editora das revistas Pais&Filhos e Pais&Filhos Família . Na América Latina, se destacou pela disseminação do conceito de sociedade inclusiva proposto pela ONU. Seu livro Quem cabe no seu TODOS? é referência internacional. Com dezenas de premiações nacionais e internacionais e 14 livros publicados pela WVA Editora, Claudia é empreendedora social da Ashoka, rede de lideranças mundiais eminovação e impacto social. A história de como criou a Escola de Gente se transformou em um case internacional sobre sustentabilidade por iniciativa do Centro de Conocimiento da Incae Business School e Viva Trust, fundação que reúne lideranças internacionais em inovação.

 Um auditório lotado de pessoas, a frente delas um pequeno palco com algumas pessoas em cima e um telão projetando uma imagem.

Um homem em uma cadeira de rodas motorizada e uma mulher abaixada segurando um microfone próximo a boca dele

Um homem e uma mulher, ele segura um microfone, ela abre o casaco para mostrar o que está escrito em sua camiseta: Sem acessibilidade a arte não vive.

Um auditório lotado de pessoas, a frente delas um pequeno palco com algumas pessoas, entre elas, dois em cadeiras de rodas, em cima e um telão projetando uma imagem.