A Mobilidade Urbana chega às Oficinas Temáticas de SPObras

 Nenhuma expressão seria mais cara às construções ora em curso na cidade de São Paulo, sob a gerência de SPObras: Mobilidade Urbana. Em resumo, todo esse elenco considerável de equipamentos públicos tem como finalidade dar respostas às demandas que a cidade e o cidadão sofrem diariamente com o caos nos deslocamentos diários. Nesta 9ª Oficina Temática, o evento tomou ares mais importantes, fato que vem se repetindo a cada edição. Com apoio do Consulado Geral da França, em São Paulo, e do Institut Pour La Ville Em Mouvement - IVM (Instituto Cidade em Movimento) o auditório da Biblioteca Mário de Andrade, lotado com os profissionais da empresa e especialistas da área recebeu Dr. Marcel Smets, arquiteto, professor e presidente do Conselho Acadêmico do IVM para a primeira palestra.

Típico personagem acadêmico europeu, que inspira fineza e cultura, Smets colocou em primeiro plano aspectos pouco discutidos até então, as questões ligadas à criatividade, à beleza, ao prazer do convívio que não devem ser excluídas da urbanidade. Todas essas questões como elementos imprescindíveis para dar sentido às “Passagens: lugares de encontro para vencer as barreiras das obras de infraestrutura urbana”, seu tema. Comentando projetos, fez análise de barreiras viárias que dividem as cidades produzindo poluição sonora e desconforto, passagens subterrâneas perigosas, passarelas desconfortáveis comparadas às criações de outras passagens, projetos de lugares que reúnem condições para oferecer bem-estar, geração de empregos e a fruição de um convívio agradável. “As infraestruturas sempre foram concebidas como uma lógica própria, voltadas para si mesmas. Assim os deslocamentos a pé, de bicicleta ou de carro são divisões estanques, que não se integram de fato à cidade. Vemos uma hierarquia por meio das estruturas”, criticou o arquiteto. Contra esse sistema pouco acolhedor, as ideias de níveis que se comunicam, criando um espaço amigável e seguro. Smets deu uma aula de humanismo, onde a escala na medida das pernas pode coexistir com a escala das rodas e trilhos.

Eduardo Vasconcellos, assessor da ANTP, engenheiro e doutor em Ciência Política fez outra fala interessante, começando por apontar erros (às vezes os próprios) de uma engenharia que repetiu à exaustão o modelo americano, cuja base de crescimento econômico repousava, sobretudo, na indústria dos carros. “Fizemos muitos projetos errados para a classe média andar de carro. Hoje, existe uma incompatibilidade física entre o espaço e o automóvel”. Sua palestra teve como objetos o espaço, meio ambiente e equidade. Ideias de um novo convívio entre as várias modalidades de deslocamentos ficaram claras por meio dos números, sempre os mais eloquentes e inquestionáveis, abordando aspectos do consumo (tempo/espaço/energia) e os seus impactos
(poluição/acidentes/congestionamentos). Eduardo Vasconcellos teve seu livro “Mobilidade Urbana e Cidadania” indicado ao Prêmio Jabuti, uma distinção relevante.

Após a exibição de um vídeo sobre as obras de acessibilidade já implantadas na cidade por SPObras, foi a vez de Silvana Cambiaghi. A arquiteta da SMPED/CPA, mestre em desenho universal pela FAU-USP tratou exclusivamente da acessibilidade. Com várias experiências no currículo, Cambiaghi é reconhecida divulgadora de soluções na área de acessibilidade, medidas que constroem uma cidade para todos. Nessa questão, falou sobre a Política nacional de Mobilidade Urbana, entre outras leis e normas da ABNT. “O Brasil é signatário da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas Com Deficiência, mas ainda há muito a ser feito. Não existe acessibilidade que não seja uma acessibilidade integrada na cidade. A infraestrutura urbana também é uma condicionante”.

Também arquiteto urbanista e mestre em Planejamento Urbano e Regional pela FAU-USP Tácito Pio da Silveira palestrou sobre as Diretrizes da Política de Mobilidade Urbana, explicando seus objetivos maiores, numa evidência de que a cidade exige medidas mais radicais nessa questão, como a redução do espaço para os carros. Comentários sobre o novo Plano Diretor da Cidade foram elucidativos. Explicou as medidas para aumentar o adensamento ao longo dos grandes eixos dos corredores, a necessidade de mais moradias nas áreas centrais etc. Suzana Leite Nogueira dividiu com Tácito as novas ações que vêm dando atenção e espaço ao uso das bicicletas com a implantação das ciclovias e ciclofaixas. Mostrou o modelo de ciclovia definido pelo padrão CET, a necessidade de começarmos a operar uma mudança de mentalidade, em que os carrão não terão mais primazia sobre outras formas de ir e vir.

Graccho Braz Peixoto

Antes do início do evento os participantes retiraram os fones de ouvido utilizados na tradução simultânea

O auditório da Biblioteca Mario de Andrade ficou lotado com especialistas da área, convidados e funcionários da SPObras

Ricardo Pereira, Diretor de Desenvolvimento de Projetos da SPObras, durante abertura do evento

Professor Dr. Marcel Smets, Presidente do Conselho Acadêmico Internacional do Instituto Cidade em Movimento, fez a primeira palestra do dia com o tema “Passagens: lugares de encontro para vencer as barreiras das obras de infraestrutura urbana”

Professor Dr. Eduardo Alcântara durante a palestra sobre mobilidade urbana

Participantes do evento durante o Coffee Break

Arquiteta Silvana Cambiaghi, membro da Comissão Permanente de Acessibilidade, durante a palestra “Desenho Universal: Acessibilidade e Mobilidade Urbana”

Arquiteto Tácito Pio, da SPTrans, durante sua palestra sobre o transporte público

Suzana Leite,arquiteta da CET, falou sobre o programa da rede cicloviária da cidade de São Paulo

 

Assessoria de Comunicação
10/09/2014 - SPOBRAS