Prefeitura cria subcomissão de segurança para combater furto de fios, cabos e equipamentos de iluminação

 O furto de fios e cabos do sistema de iluminação pública da Capital, bem como de luminárias, lâmpadas LED e de fios e cabos de transmissão telefônica vem causando grande prejuízo à prefeitura e empresas concessionárias de serviços públicos como a NET, Telefônica, Eletropaulo e operadoras de telefonia celular, com reflexos graves para a segurança pública e diversos serviços. Em última análise, vem aumentando a lista dos problemas diários enfrentados pelo paulistano como falta de iluminação pública, queda nos sinais de telefonia fixa e móvel, queda nos sinais de transmissão de dados via internet, problemas nas redes elétricas dos trólebus, aumento da criminalidade devido à falta de energia em diversos pontos da cidade, falta de energia nos semáforos e outros mais.

O crime vem acontecendo já há alguns anos e os números são assustadores. Para citarmos apenas os deste ano, com base na soma dos números apresentados pelo Departamento de Iluminação Pública (Ilumi) da Secretaria Municipal de Serviços, de janeiro a junho temos o furto de 516 km de fios e cabos. Ou seja, uma média de 86 km de fios e cabos furtados por mês! Entre os equipamentos públicos que vêm sendo objeto das ações de quadrilhas estão a ponte estaiada governador Orestes Quércia (zona norte) e a ponte estaiada Otávio Frias de Oliveira, já famoso cartão postal da cidade, a Praça Roosevelt recém-inaugurada, entre outros.

Para discutir o problema e planejar formas de combate a esse crime, Sérgio Krichanã Rodrigues, chefe de gabinete de SIURB convocou, através de Convias, na terça-feira (25) uma reunião plenária da qual participaram representantes de Ilumi, Comissão de entendimentos com as Concessionárias - CEC, Subprefeituras, SIURB, SPObras, Policia Militar, GCM, Condec, Secretaria de Serviços, Secretaria de Segurança Urbana, SEHAB, Edif, Proj, SMDU, SMSP/ATOS e as concessionárias de serviço público como Eletropaulo, Telefônica, NET, empresas consorciadas de implantação de mobiliário urbano como A Hora de São Paulo e Ótima.

O objetivo foi apresentação coletiva dos fatos relativos a cada empresa e órgão público, o que possibilitou a todos uma visão do quadro geral da dramaticidade do problema e o conhecimento detalhado de como cada órgão e empresa são afetados.

O furto de fios e cabos é tão grave na capital que a reunião ensejou a criação da Subcomissão de Segurança Pública que agrupará os órgãos e empresas atingidas para propor medidas e ações para superar problema. Sem dúvida, a soma dos esforços e as experiências de cada área trarão melhores resultados.

 


Nos painéis apresentados, a PM relatou que não tem consolidado os registros dos furtos de fios e cabos de cobre, o que dificulta grandemente a ação preventiva. Para a PM é importante a que a subcomissão colete e passe informações a respeito desse crime para que o Comando de Policiamento monte um trabalho preventivo que será apresentado e discutido na mesma subcomissão.

Ilumi mostrou dados assombrosos. São cerca de 580 boletins de ocorrência registrados pelo órgão que registram o furto de mais de 90 km de fios e cabos por mês. O mais impressionante é que nenhum desses B.O. teve acompanhamento ou solução. Alberto, diretor de Ilumi relatou que o furto é feito com material de alta tecnologia e apresentou os números mês a mês:
- em janeiro foram 124 km de fios e cabos furtados
- em fevereiro foram 81 km
- em março forma 92 km
- em abril foram 94 km
- em maio foram 88 km e
- em junho, até o dia 10, foram 37 km de fios e cabos furtados.

São números assustadores. Alberto conta ainda que a Zona Sul da cidade em bairros como Capela do Socorro, Paralheiros, Campo Limpo, M´Boi Mirim e outros, está em primeiro lugar em volume de furtos, seguida pela área 5 Jabaquara. A Zona Leste, surpreendentemente, está em 5º lugar. Segundo Alberto, esse crime não pode ser encarado como comum ou corriqueiro ou de fácil solução. Não é. O furto de 50 cm ou de quilômetros de fios e cabos causa o mesmo prejuízo. Alberto relatou ainda que os furtos de fios de energia são feitos durante o dia, uma vez que o sistema não é energizado e não coloca em risco a segurança do ladrão. A maioria desses furtos é feita na rede subterrânea, fácil de acessar pelos ladrões, que vendem os cobre derretido desses fios e cabos por 16 reais o quilo. Já os furtos de fios e cabos da Telefônica são feitos, em sua maioria, na rede aérea e a reincidência do furto no mesmo local é grande.

O representante da Telefônica/Vivo, Gilberto, relatou a situação também é dramática a situação de furtos de fios e cabos da empresa. Em maio foram 123 km de fios e cabos furtados. A média de furto registrada pela empresa é de 33 km ao mês. Como forma de combater o furto, a Telefônica está instalando trocando os fios e cabos de cobre por cabo bimetálico. Esse cabo tem um componente, um pigmento, que impede o derretimento do cobre e ao entrar em contato com o fogo acaba com forno, pois enche o forno de resíduos. Telefônica já está usando o cabo bimetálico nos sistemas de Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba e Suzano. Mas o grande problema é a dificuldade em prender esses criminosos, que contam com o beneplácito da legislação, já que é um crime que não dá cadeia.

Gilberto contou que, em certa ocasião, a equipe da Telefônica conseguiu dar um flagrante em um ladrão e o levou à delegacia. Antes mesmo de o boletim de ocorrência estar concluído, o ladrão já havia sido solto e estava voltando para o mesmo local para finalizar o furto que realizava antes de ter sido tempestivamente interrompido.

Giovana, representante da Secretaria de Segurança Urbana, que atua com a GCM e com a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil no combate a este crime explicou que esta secretaria tem o papel de coordenar o combate a esses furtos.

Ivan, representante da GCM, explicou que o furto de fios e cabos tem por finalidade a compra e uso de drogas. Outro problema levantado por ele é a dificuldade de a GCM entrar em contato com as empresas que estão sofrendo o furto, pois nem sempre os cabos têm identificação a qual empresa pertence. A dificuldade de identificação também acarreta a demora em comunicar o problema à empresa responsável para reparar o dano de forma rápida e acompanhar seus responsáveis à delegacia para registrar o crime.

Moacir, representante da Eletropaulo, relatou que a maior incidência de furtos é na região central e que as caixas de passagem já estão monitoradas. Mesmo assim, a incidência de furtos é grande e a dificuldade de identificar e punir os ladrões e trabalhar preventivamente contra esse crime é total.

Não há um perfil único dos criminosos. Há pessoas ou quadrilhas especializadas, que sabem onde e como cortar os cabos e usam material adequado tal.

A primeira reunião plenária da subcomissão de Segurança Pública cumpriu seu papel de forma exemplar. A partir dos relatos de todos os participantes, já se delineou o quadro grave que tal crime provoca e os prejuízos irreparáveis que a cidade toda arca.

A partir de agora, a subcomissão de Segurança Urbana deverá propor ações que visem trabalhar preventivamente no combate ao furto de fios e cabos de energia e dados. O primeiro passo já dado. E 50% do caminho para solucionar o problema já foi andado.

GC/ 27/6/13