Não alimente os animais silvestres

Em um domingo ensolarado, à beira do lago, a criança esfarela nas mãos um pedaço de pão e oferece aos gansos, patos e cisnes. A cena poderia ser poética, mas vai na contramão de qualquer norma de bom senso, quando a orientação é “não alimente os animais do parque”. Isso vale tanto para os bichos que estão “soltos” na natureza (os silvestres), quanto aos que, mesmo não sendo silvestres, pertencem ao acervo dos espaços públicos (como as aves dos lagos, por exemplo).

Há ótimas razões para essa proibição: a saúde animal. “Por mais lúdico que seja para pais e crianças, esse gesto pode prejudicar o sistema digestivo dos animais”, explica o veterinário Sérgio. Segundo ele, os animais pertencentes ao acervo do parque, como as aves aquáticas, recebem uma ração balanceada, preparada para suprir as necessidades de cada espécie. “Pão, salgadinhos e biscoitos não atendem aos requisitos nutricionais e podem gerar um déficit, promovendo doenças”, exemplifica.

A responsabilidade da Divisão de Fauna Silvestre da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) é garantir que a alimentação dos animais dos parques seja balanceada. “O mais importante é garantir o equilíbrio nutricional do alimento fornecido. Vamos orientar nossas crianças quanto às bobagens ofertadas, pois elas estão colocando a vida da ave em risco”, previne.

Animais silvestres
Alimentar os animais silvestres é ainda mais perigoso, explica o especialista. “Espera-se que as espécies permaneçam afastadas ao máximo do homem, e que mantenham seu instinto para buscar os alimentos na natureza. Quando o homem o alimenta, ele vai perdendo esse instinto e, se não é atendido, começa a ‘invadir’ residências, podendo inclusive ser agressivo”. Pior ainda: os animais silvestres não são vacinados, como o homem. Portanto, podem ser portadores de viroses letais ao ser humano, e vice-versa.

Um bom exemplo são os saguis: as pessoas insistem em ofertar frutas e alimentos, mas ao fazerem isso, apenas os desacostumam a procurar seu próprio alimento. O fruto que eles precisam encontrar na natureza é o ideal para uma dieta balanceada. Sem contar que eles precisam dispersar as sementes daquilo que comem. Ao interromper esse ciclo, o homem altera uma dieta balanceada natural. “Isso quando o humano não oferece ao animal silvestre o que ele não pode comer, como pão, salgadinho e doces”, comenta.