Estrangeiros se encantam com Paraisópolis

A Secretaria de Habitação de São Paulo recebeu no dia 3 de novembro alunos de pós-graduação da Pratt Institute School of Architecture, de Nova Iorque, EUA, para conhecer o Projeto de Urbanização de Favelas, com foco no trabalho desenvolvido no Complexo Paraisópolis, que abrange Jardim Colombo e Porto Seguro.
O Programa conta com a regularização fundiária do local, parte mais importante do projeto, que dará a posse da terra definitivamente aos moradores, remoção de famílias de áreas de risco e posterior re-assentamento no próprio local, em lugar adequado, canalização de córregos, eliminação de áreas de risco transformando-as em jardins, construção de quadras poli - esportivas, aberturas de ruas e calçadas, construção de escadarias de acesso, iluminação e saneamento básico. O Projeto é ousado e inovador, não só pelo tamanho da obra, mas por beneficiar todas as famílias do Complexo Paraisópolis, isso significa 80 mil pessoas.
No Estado de São Paulo aproximadamente 87% das cidades têm até 80 mil habitantes, ou seja, só um projeto da Prefeitura de São Paulo vai atender o equivalente a uma cidade inteira do interior paulista, o que chamou muito à atenção dos estrangeiros sobre esse projeto, principalmente pelas condições precárias que vivem hoje essas famílias e que serão radicalmente mudadas, depois do Programa pronto e implantado.
Os alunos pós-graduandos começaram visitando Paraisópolis pela manhã e, à tarde foram à sede da Prefeitura, onde viram a exposição do projeto desenvolvido por SEHAB – HABI, além dos programas habitacionais propostos pela atual gestão para a Cidade de São Paulo.
Franklin Lee, coordenador da pós-graduação, diz que o Brasil já faz parte do cronograma do curso há três anos, devido à contemporaneidade dos problemas e o Complexo Paraisópolis por ter uma ocupação moderna.
Também ressaltou que os alunos se identificaram com a ocupação informal da área, além de acharem o local apropriado e interessante para o desenvolvimento dos trabalhos, dando subsídios suficientes para os estudos.
Na visita ao Complexo Paraisópolis, os alunos passaram por vários pontos importantes da região e se depararam com a realidade das favelas brasileiras, um habitat muito diferente do que estão acostumados. Segundo o coordenador do curso, a maioria dos alunos vem de diversos países que, eventualmente, esbarram nesta realidade, como Ucrânia e Camboja.
A visita pelo Complexo Paraisópolis teve como ponto de partida a sede da União dos Moradores, onde também fica o Tele Centro, depois foram ao mirante do Grotão, local onde se tem uma vista de quase toda a área (e que passará por obras de urbanização), e onde tiveram a oportunidade de entrar em um barraco. Deparando-se com a dura realidade das pessoas que vivem ali. Passaram pelo campo do Palmeirinha, campo de futebol de terra batida que também será objeto da intervenção. Segundo Carlos Pellarim, diretor de Habi- Sul, e um dos responsáveis pela implantação do Programa, “ o campinho é um lugar sagrado”, pois ninguém o invade. Prova de que a população local é carente de áreas de lazer.
Os pós-graduandos também visitaram uma Unidade Básica de Saúde e se impressionaram com o bom atendimento. Mas o ponto alto da visita foi quando conheceram a chamada casa de “Gaudí”, assim designada por guardar semelhanças incríveis com a obra do famoso arquiteto espanhol Antoni Gaudí. A construção foi feita pelo próprio morador, que sem nunca ter conhecido o renomado artista, nem ter nunca estudado arquitetura, construiu sozinho a impressionante casa. Não teve quem não ficasse tocado com a construção.
Após a exibição do Planejamento Habitacional do Município de São Paulo sobre o Complexo Paraisópolis, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer os jardins superiores da sede da Prefeitura Municipal e também, visitaram o prédio Martinelli, onde fica a Secretaria de Habitação, este o primeiro prédio construído na América Latina em 1929.