Alojamento Fupe: Moradores têm novo imóvel após quatro anos

No fim da tarde de ontem veio abaixo o último módulo do alojamento Fupe, batizado com esse nome por ter sido construído ao lado do clube Federação Universitária Paulista de Esportes, em Santana, zona Norte da Capital. O alojamento foi erguido pela Companhia Metropolitana de Habitação – Cohab, em regime de urgência, no início de 2003, para dar abrigo às famílias vitimadas pelo incêndio ocorrido na véspera do Natal de 2002, que destruiu inúmeros barracos da antiga Favela Zaki Narchi.

Na época do incêndio, a Secretaria de Habitação cadastrou 500 famílias desabrigadas; parte delas foi encaminhada para o alojamento Parada Inglesa - hoje também demolido, pois todas as famílias foram atendidas - e outra parte, 320 famílias, foi encaminhada para o alojamento Fupe, e lá estavam desde então.

A destruição do alojamento Fupe, um grande complexo de unidades construído em madeira, significa a finalização de um trabalho árduo: dar atendimento habitacional a mais de 1.300 pessoas entre crianças, adultos e idosos. Por isso, é motivo de comemoração pelos técnicos de Habi Norte e da Subprefeitura de Vila Maria, que forneceu sua estrutura técnica como caminhões para mudanças, serviços da guarda metropolitana, trabalho social - e, especialmente, por todos os moradores, que agora se encontram em apartamentos novos do Conjunto Residencial City Jaraguá, zona Norte. Afinal, quem não lembra de cenas exaustivamente veiculadas pelas TVs mostrando o drama de famílias expulsas pelo fogo? Quem não se lembra dos protestos dos moradores em plena avenida?

Ao longo da história da antiga favela Zaki Narchi, até a demolição do último barraco, foram cinco incêndios, várias re-ocupações de áreas já removidas, invasões de áreas cobertas de entulho, vandalismo e ocorrências de toda espécie, problemáticas para a municipalidade e de difícil solução. A transferência dos moradores, vítimas do primeiro incêndio na ex-favela Zacki Narki, também foi problemática e a permanência deles por anos no alojamento foi pior ainda. Agora, essa situação chegou ao fim.

A primeira etapa da demolição do alojamento ocorreu em maio de 2006, quando um grupo de famílias optou pelo recebimento da verba de atendimento habitacional e mudou para outras localidades. Desde a última segunda-feira, dia 5, com a entrega dos oito últimos blocos de apartamentos do Conjunto Residencial City Jaraguá, ganhou ritmo definitivo o trabalho das retroescavadeiras na área do alojamento. De segunda a quinta-feira, enquanto os tratores derrubavam os barracos as 160 famílias restantes seguiam para suas novas residências.

Hoje, elas habitam apartamentos com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e dependências, que têm, em média, 45 m². Pagam pela nova moradia, em financiamento subsidiado (que varia de 15 a 25 anos) uma prestação equivalente a 17% da renda familiar.

O conjunto City Jaraguá foi construído com recursos da Prefeitura, e parte dos últimos blocos foi construída com a participação da CDHU, por meio de um convênio entre Prefeitura e Estado.

Hoje, totalmente erradicada, a favela Zaki Narchi é passado e sua área encontra-se congelada, protegida de novas invasões. Somando-se as famílias atendidas com verba de habitação, as que moram no Conjunto José Bonifácio, em Itaquera, as que hoje passam a desfrutar uma nova vida no Conjunto City Jaraguá e as 600 famílias que desde 1995 moram no Conjunto Zaki Narchi (antigo Cingapura) receberam uma nova moradia mais de 1.600 famílias, cerca de 6.400 pessoas.