Desafios da Habitação: Diálogo Internacional sobre Políticas Públicas ganha força com visitas às obras de urbanização de Sehab


Delegações conhecem as obras de urbanização do Jardim Iporanga, Mananciais.

Prossegue o Diálogo Internacional Sobre Políticas Públicas – Desafios da Urbanização de Favelas: Compartilhando a Experiência de São Paulo, que nesta quarta-feira (12) teve suas delegações estrangeiras divididas em grupos para visitar as cinco regiões da cidade e conhecer os projetos de urbanização da Secretaria Municipal de Habitação. Por suas dimensões e características foram escolhidas para as obras de Heliópolis (Sudeste) e Paraisópolis (Sul) - respectivamente as duas maiores aglomerações informais da Capital -, Vila Nilo (Norte), São Francisco (Leste) e Jardim Iporanga / Esmeralda, no extremo Sul, área sob gestão do Programa Mananciais.

Após dois dias de palestras e apresentações em power point, as vistorias in loco eram aguardadas por ser o verdadeiro palco para troca de experiências entre urbanistas, por permitir comparações entre modelos de políticas públicas adotadas. Paraisópolis recebeu técnicos e autoridades de Mumbai, Lagos, île-de-France (uma das 26 regiões administrativas da França), além de William Cobbett, diretor geral da Aliança de Cidades e Jennifer Sara, do Banco Mundial. Com a presença do prefeito Gilberto Kassab, a comitiva desceu a grande escadaria de acesso de pedestres no Antonico, área objeto de uma grande intervenção. Com escadaria nova e margeada por um paisagismo alegre, o colorido das casas despertou atenção dos técnicos. Abosede Bolaji, secretário de Estado da Habitação de Lagos, por exemplo, deteve-se em conversa curiosa com técnicos de Sehab, com observações sobre o tamanho dos cômodos, segundo ele reduzidos, se comparados com os de sua cidade; ao mesmo tempo em que admirava a organização e conservação dos sobrados. Semelhante a uma tela de Di Cavalcante em cores e tom festivo, de fato, vista de baixo a escadaria Manuel Pinto, íngreme e sinuosa marcou o começo da visita aos olhos estrangeiros.

Não menos surpreso mostrou-se Urvinder Madan, gerente de projetos de Mumbai (Índia), quando a arquiteta Teresa Diniz deu explicações sobre a troca feita entre os proprietários de lotes em Paraisópolis e Prefeitura por Certificados de Potencial Construtivo ou isenção de taxas públicas. Madan comentou que em seu Estado o documento tem o nome de TDR – Transfer Development Right, que vem a ser a mesma solução adotada pelo governo indiano. Diniz reconhece e lembra que a prática surgiu na Índia, que é boa entre nós a adoção de uma política que deu certo, na elaboração de estratégias para redução da pobreza urbana em metrópolis globais. William Cobbett, um dos criadores do evento e desde o início entusiasta da cooperação técnica, motivado pelos números e pela ousadia das intervenções urbanas feitas por Sehab chamou a atenção do grupo para a muralha de contenção no Grotinho, que assegura a fixação da terra em área de risco, agora presa com tirantes de ferro e concreto que entram até três metros terra adentro.

Construção de unidades habitacionais, canalização de córregos, redes de água e esgoto, muros de contenção, equipamentos públicos como CEUs e AMAs deram aos visitantes uma idéia “concreta” do que tem sido adotado por técnicos de São Paulo em seu esforço para incluir a cidade informal à formal, dotando-a de infra-estrutura urbana. Nesse campo, consenso entre os urbanistas foi a aprovação dos métodos em que famílias removidas têm sua situação amparada pelo uso da Verba de Atendimento Habitacional, pela manutenção no aluguel social até o retorno para um novo apartamento, ou mesmo pela mudança para uma outra unidade da CDHU, por meio da parceria entre os governos municipal e estadual. Impressão maior causou aos visitantes a muralha de contenção do jardim Colombo, que deu solução definitiva àquela área residencial antes ameaçada por soterramentos e invasões. Hoje, além da muralha, há uma nova rua aberta. Em Heliópolis, chamou atenção das delegações de Lagos (Nigéria), La Paz (Bolívia), Cairo (Egito), Manila (Filipinas) e Ekurhuleni (África do Sul) o belo traçado urbano do bairro e o bom uso do espaço público. Técnicos de Sehab falaram da gestão participativa, que promove o envolvimento da população nas intervenções, diminuindo a resistência dos moradores nas adoções de medidas coletivas. Outro tema em foco foram os mecanismos de compra e venda e a regularização fundiária, questão da maior relevância, onde Sehab tem conseguido avanços.


Outras urbanizações: Jardim Iporanga, Vila Nilo e São Francisco
 

As caravanas de urbanistas obtiveram o entrosamento esperado. Jardim Iporanga / Esmeralda recebeu delegações de Ekurhuleni (África do Sul), Lagos (Nigéria), Santiago (Chile), entre outros. Conheceram as obras de canalização do córrego Iporanga, que não deságua mais água poluída na represa Guarapiranga. Visitaram a área ao longo do córrego com calçadas, iluminação, paisagismo, equipamentos de ginástica, quadras poliesportivas etc. Nessa obra, 369 UHs foram construídas. Quatro mil famílias ganham um novo bairro, que não ameaça mais os aqüíferos que abastecem a Capital. Vila Nilo recebeu técnicos do Egito, Filipinas; São Francisco, representantes da Nigéria, Rio de Janeiro, Ghana, entre outros. Como em outros, o interesse confluiu para a aliança entre poder público e formas de combate à pobreza urbana. A troca de experiência é benéfica. E continua até sexta-feira, 14.

 

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