PREFEITURA DE SÃO PAULO

Secretaria da Cultura cancela apoio a 4 longas

Fonte: Folha De São Paulo

02/07/2008 10h21

Nova decisão de concurso municipal exclui os que serão rodados fora da capital

Secretaria de Cultura de SP determina a júri da disputa "interpretação no sentido estrito do edital", que exige "vínculo cultural com a cidade"

DA REPORTAGEM LOCAL

A nova lista de vencedores do concurso de patrocínio a longas de ficção promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de SP, divulgada ontem, exclui os quatro títulos que terão suas filmagens realizadas fora da cidade e mantém dois dos filmes que motivaram a anulação do resultado original.
O secretário Carlos Augusto Calil impugnou no sábado passado, com publicação no "Diário Oficial", a decisão do júri, que havia sido anunciada no último dia 14. Pelo concurso, a secretaria distribuirá R$ 5,6 milhões a 12 projetos.
Calil recebera denúncia, feita por cineastas preteridos no resultado, de que o distribuidor Jean-Thomas Bernardini (Imovision), membro do júri, possui contrato com dois dos vencedores -"O Lixo Nosso de Cada Dia", de Philippe Barcinski, e "Trabalhar Cansa", de Juliana Rojas e Marco Dutra.
Bernardini afirma que informou à secretaria sobre seu vínculo com os filmes. A Folha tenta ouvir o secretário Calil a respeito do assunto desde quinta passada, sem sucesso.

Edital
A vitória de quatro filmes cujas tramas se desenrolam fora de São Paulo também foi questionada pelos cineastas que pediram a impugnação do resultado. Eles argumentam que isso fere o artigo 1.2 do edital, que diz: "Somente serão selecionados projetos com vínculos culturais com a cidade de SP".
"Lamento que tenha sido essa a decisão", diz Beto Brant, diretor de "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios", cuja vitória foi cassada. O longa de Brant tem filmagens previstas em Rondônia.
"O personagem é paulista. É uma visão do paulista sobre outro Estado, além de a equipe ser paulista e haver a contratação de serviços de pós-produção e equipamento aqui", diz ele.
"Não tínhamos compreendido, de início, que os filmes classificados deveriam ser desenvolvidos ao menos em boa parte na cidade de São Paulo. Foi um desencontro de informação. Isso nos levou a rever todos os casos", diz a poeta Renata Palottini, que presidiu o júri, integrado pelo escritor João Silvério Trevisan, o diretor da Cinemateca Brasileira, Carlos Magalhães, e o jornalista Alcino Leite Neto, da Folha.
Segundo Palottini, as notas que Bernardini atribuiu a todos os concorrentes foram descartadas na nova reunião do júri, realizada na segunda à tarde, sem a presença do distribuidor e após encontro dos jurados com Calil e o secretário-adjunto, José Roberto Sadek.
Em nota divulgada ontem, a Secretaria de Cultura afirma que "orientou o júri para que interpretasse o edital no seu sentido estrito e levasse em conta exclusivamente projetos que mantenham vínculo com a cidade de São Paulo".
Segundo a Folha apurou, o júri da primeira reunião fora informado pela secretaria de que o critério de "vínculo cultural com a cidade de São Paulo" era opcional, e não obrigatório. Por isso, decidiu não considerar o critério na avaliação, o que constou em ata