Paródia musical urbaniza o Bumba-Meu-Boi

Peça 'Bumba meu fusca', do grupo Trilhos Urbanos, faz temporada, a partir do dia 12, no Teatro Martins Penna

“Em São Paulo dinheiro se colhe no chão”. A frase repetida por Mateus, namorado de Catirina, recém-chegado à capital paulista, remete ao pensamento de migrantes vindos de diversas regiões do país e à temática da peça Bumba meu fusca, que entra em cartaz, dia 12, no Teatro Martins Penna.

Primeira montagem do grupo Trilhos Urbanos, formado no Centro de Aperfeiçoamento Teatral (CAT), a proposta foi baseada no tema “urbano regional”. Dirigido por Ednaldo Freire, o espetáculo tem dramaturgia de Dorberto Carvalho e direção musical de Verlucia Nogueira. O projeto, que contou com a colaboração de profissionais da dança, das artes-plásticas e da música, criou uma nova linguagem ao parodiar a dança folclórica do bumba-meu-boi. Seis atores e três músicos integram o elenco, formado por bolsistas de interpretação e música do CAT.

Circunscritos ao tema principal, protagonizado pelo casal Mateus e Catirina, os demais personagens contam, de forma não-linear, a história comum aos nordestinos que procuram, em São Paulo, “o ouro que lhes garantirá prosperidade”. Com figurino tipicamente urbano, os atores trazem ao palco a rotina das grandes metrópoles, desde os ônibus lotados até as filas intermináveis. Ao fundo, músicos tocam a trilha sonora ao vivo.

Da lenda do bumba-meu-boi, a peça mantém os narradores Mateus e Catirina, e utiliza elementos das danças regionais, incorporando-os aos temas urbanos, como a solidão, o desemprego e o capitalismo. O espetáculo faz uma analogia na qual a cidade de São Paulo passa a ser, alegoricamente, a grande Eldorado migratória onde se busca a sobrevivência em pleno ciclo do automóvel.

A tragédia original do bumba-meu-boi surgiu no Nordeste do país e se disseminou por quase todos os estados, inclusive os do Norte, tornando-se a atração principal do Festival Folclórico de Parintins, realizado no Amazonas desde 1913, durante o mês de junho. A história reúne personagens humanos e animais fantásticos em torno da morte e da ressurreição de um boi, enfatizando o contraste entre a fragilidade do homem e a força bruta do animal.

Serviço: Teatro Martins Penna. 249 lugares. Largo do Rosário, 20 - Penha. Zona Leste. Tel. 2293-6630. Próximo do Shopping Penha. De 12/3 a 18/4. 6ª e sáb., 20h. Dom., 19h. R$ 10