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Dicas de Leitura - Clarice Lispector

Romances, crônicas e contos de Clarice Lispector encerram as Dicas de leitura de 2019! Clarice é uma autora conhecida pela poeticidade inseridas em suas prosas, além do constante fluxo de consciência e tom intimista, em grande parte narrados por um ponto de vista de suas personagens feministas.

01/12/2019 08h29

Clarice Lispector, escritora e jornalista ucraniana naturalizada brasileira nasceu em 10 de dezembro de 1920. Autora de romances, contos e ensaios, é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX e a maior escritora judia desde Franz Kafka. Sua obra está repleta de cenas cotidianas simples e tramas psicológicas, reputando-se como uma de suas principais características a epifania de personagens comuns em momentos do cotidiano. Estudou Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas logo se consagrou como escritora, jornalista, contista e ensaísta, tornando-se uma das figuras mais influentes da Literatura brasileira e do Modernismo. Suas principais obras marcam cada período de sua carreira. Perto do Coração Selvagem foi seu livro de estreia, publicado quando Clarice tinha 24 anos de idade; Laços de Família, A Paixão segundo G.H., A Hora da Estrela e Um Sopro de Vida são seus últimos livros publicados. Faleceu em 1977, um dia antes de completar 57 anos.

Dicas de leitura - clarice lispector - capas dos livros

Perto do Coração Selvagem (1943)
O enredo volta-se para a personagem Joana, a qual narra sua infância e início da vida adulta, através de elementos de introspecção, fluxo de consciência e profundidade psicológica. Este foi primeiro romance de Clarice Lispector, publicado em dezembro de 1943 e recebeu críticas positivas tendo sido premiado como melhor romance de estreia pela Fundação Graça Aranha, em outubro de 1944.

O Lustre (1946)
Conta a história de Virgínia, desde a infância na Granja Quieta até a vida solitária na cidade. O título remete ao elemento decorativo da casa paterna. Associado às imagens da aranha e do crisântemo (usada em rituais fúnebres), inseto e flor, o lustre introduz uma poética feminina trágica: prevê a “vida terrível” de personagens vocacionados ao isolamento, conflito e à falta de afeto.

A Cidade Sitiada (1949)
Lucrécia mora sozinha no subúrbio de São Geraldo, entretanto, a solidão lhe causa angústia, reflexões e ela vive a procura do amor.  O confronto entre campo e cidade, presente também noutras obras da autora, é essencial para a caracterização da personagem, dividida entre a vila-refúgio de origem, com a qual mantém remotos laços afetivos, e sonhos de uma metrópole romantizada. Mas a inquietação da moça não vai além disso, pois ela apresenta visível limitação na capacidade de refletir sobre a vida.

Laços de Família (1960)
Seguindo a linhagem dos grandes contistas, neste livro, de 1960, Clarice Lispector exibe o domínio absoluto dessa forma breve de narrativa. Reunindo um total de 13 contos, alguns dos quais escritos e publicados anteriormente na imprensa e no formato de coletânea, Laços de família garantiu à escritora o prêmio Jabuti de literatura no ano de 1961.

A Maçã no Escuro (1961)
Martim se torna um novo homem após ter supostamente assassinado a mulher. Fugindo do crime, em vez de isolá-lo, remonta à criação do homem, de um novo ser surgido do nada. Em vez de trazer a narrativa personagens culpados ou inocentes, bons ou maus, Clarice Lispector busca fazer deles aprendizes do mundo, onde cada etapa funciona como uma nova forma de enxergar a si próprio.

A Paixão segundo G.H. (1964)
Nesta obra acompanharemos G.H., a protagonista-narradora que despede a empregada doméstica e decide fazer uma limpeza geral no quarto de serviço. Após recuperar-se da frustração de ter encontrado um quarto limpo e arrumado, G.H. depara-se com um inseto na porta do armário e, a partir desse acontecimento, inicia-se uma serie de devaneios e fluxos de consciência.

Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)
Conta a história de Lóri, que ama um rapaz chamado Ulisses e este amor é recíproco. Entretanto, ela não sente-se pronta para viver um relacionamento, pois sente a necessidade de conhecer sua essência antes de tudo. A obra nos mostra os processos de aprendizagem dessa personagem, a qual passa por momentos de transição e autoconhecimento.

Água Viva (1973)
Em 'Água viva' a autora se confunde com a personagem, uma solitária pintora que se lança em infinitas reflexões antagônicas sobre o tempo, a vida, morte, sonhos e visões, estados da alma, coragem e o medo e, principalmente, a arte da criação, do saber usar as palavras num jogo de sons e silêncios que se combinam, a especialidade da própria Clarice.

A Hora da Estrela (1977)
De um lado, a história da ingênua Macabéa, migrante nordestina pobre em luta pela sobrevivência na cidade grande; de outro, o drama do escritor e seu processo de criação ao retratar uma pessoa distante de seu universo socioeconômico e ser capaz de se comunicar com ela. A moça alagoana, sem recursos para lidar com os códigos urbanos numa cidade do porte do Rio de Janeiro, despreparada para enfrentar a competição capitalista, sem atributos que lhe garantam sucesso no mercado do amor e do trabalho, enfrenta a hipocrisia de pessoas próximas. O namoro com o operário Olímpico de Jesus Moreira Chaves, nordestino como ela, não progride. Rude e vaidoso, ele afinal de contas não vê no relacionamento chances de ascensão social. A colega Glória, por sua vez, espelho invertido da protagonista, carioca “safadinha e esperta”, confiante nas próprias sexualidade e feminilidade, não hesita em ser desleal.

Um Sopro de Vida (1978)
O narrador-escritor, ao escrever sobre Angela Pralini, personagem de outras narrativas da escritora, se vê diante de um espelho invertido de si próprio. Angela, também escritora, o expõe aos próprios desejos inalcançados e traz a discussão do tênue limite entre autor e personagem. A situação provoca reflexões sobre o estar no mundo e sobre o processo criativo. Na “luta entre o ser e o existir”, instala-se uma atmosfera sensível, invadida aqui e ali pela melancolia, sem deixar de enfrentar questões essenciais para os que querem da vida muito mais do que o previsível.

Todos os Contos
Clarice Lispector é considerada atualmente uma das mais importantes escritoras do século XX. Nesta coletânea, que reúne pela primeira vez todos os contos da autora num único volume, organizada pelo biógrafo Benjamin Moser, é possível conhecer Clarice desde os primeiros escritos, ainda na adolescência, até seus escritos em seus últimos dias. Essencial para estudantes, pesquisadores, fãs e iniciantes na obra da escritora de Clarice Lispector. O livro foi traduzido para o inglês e considerado um dos livros mais importantes de 2015 do jornal The New York Times. 

Crônicas

Para não esquecer
Reunião de crônicas e pensamentos publicados originalmente na segunda parte da primeira edição de 'A legião estrangeira', sob o título de 'Fundo de Gaveta'. Aqui se encontra um pouco da arte poética de Clarice Lispector, quando ela tece comentários sobre o seu processo de escrever. A autora também fala de suas vivências e aponta a poesia existente nelas, seja na visão de um quadro de Paul Klee, numa viagem à África, num passeio de táxi por Copacabana num dia de chuva ou numa conversa com os filhos.

Outras informações sobre Clarice Lispector consulte https://claricelispectorims.com.br e https://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector
 

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