CET apresenta pesquisa sobre segurança no trânsito

Estudo estima que mais de 46 bilhões de infrações são cometidas a cada ano. A partir do segundo semestre, haverá fiscalização em pontos aleatórios da cidade

A partir do segundo semestre deste ano, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) fiscalizará 250 pontos aleatórios, distribuídos não só pelo centro, mas também pela periferia da cidade. A ação deverá abranger as cinco regiões da capital, em locais trocados periodicamente, e acontecerá tanto em dias úteis como aos sábados e domingos. A medida visa conscientizar motoristas paulistanos a conduzirem de forma segura.

 

O programa, chamado de Controle da Qualidade da Segurança no Trânsito, foi concebido a partir dos resultados de uma pesquisa de segurança no trânsito realizada pela autarquia com o apoio do engenheiro Horácio Augusto Figueira, mestre em Engenharia de Transportes pela Universidade de São Paulo (USP). O estudo, cujos dados foram coletados de março a maio deste ano, foi apresentado na manhã desta quinta-feira (18), durante a 13ª reunião do Conselho Municipal de Transportes.

 

"Há uma parcela dos motoristas que entendem que não há fiscalização na cidade de São Paulo. Essa pesquisa mostrou o quão grave é o comportamento de uma grande parcela dos motoristas da cidade. Faremos uma fiscalização por amostragem e, portanto, de forma aleatória, para que o motorista tenha a sensação de que poderá vir a ser fiscalizado e para que vigie a si próprio", afirmou o secretário municipal de Transportes.

 

De acordo com o secretário, mais do que um caráter punitivo, a ação que será adotada pela CET tem um objetivo educativo, com foco na preservação de vidas. "A sociedade precisa perceber que não é normal quatro pessoas morrerem por dia na cidade de São Paulo [em decorrência de acidentes de trânsito]. Não é normal termos 10 pessoas mutiladas por dia na cidade. Algo precisa ser feito. Estamos fazendo um esforço para salvar vidas e, se isso significa aumentar a fiscalização, acho que vale a pena, independente do número de multas", disse.

 

Na pesquisa, foram analisados 20 cruzamentos da cidade, distribuídos por todas as regiões, em dias úteis e aos finais de semana. Dos 15.370 veículos observados em um período de 75 horas, 8.521 cometeram alguma infração - um índice médio de 55,44%. Ou seja, um a cada dois motoristas infringiu alguma regra de trânsito.

 

Os veículos foram divididos em quatro categorias: autos e utilitários, caminhões, ônibus e motos. As infrações registradas foram as seguintes: ausência de seta em conversões, não uso de cinto de segurança, uso de celular na direção, avanço sobre a faixa de pedestres, avanço diante do semáforo vermelho, falta de capacete, dirigir com o braço para fora do veículo e desrespeito à sinalização de “Pare” em cruzamentos não semaforizados.

 

Nos cruzamentos com semáforos, o maior índice de infrações se deu pelo não uso da seta (de 26,13% a 39,75%, a depender do dia), seguido pelo não uso de cinto de segurança (de 7,37% a 16,06%). Proporcionalmente, os veículos que mais cometeram infrações foram motos (de 69,68% a 84,62%), seguidos de caminhões (de 60,71% a 85,71%).

 

Já nos cruzamentos sem semáforos, mas com movimentos de conversão, a ausência de setas também foi a infração mais cometida (de 52,11% a 61,25%), seguida do desrespeito à sinalização “Pare” (de 18,69% a 28,37%).

 

Por fim, nos cruzamentos não semaforizados, com movimentos à frente apenas, o maior índice de infrações ficou por conta do não respeito à orientação de “Pare” (de 23,10% a 46,59%), seguida pelo não uso do cinto de segurança (de 7,99% a 15,74%).

 

Com a expansão das infrações registradas para os mais de 16 mil cruzamentos da cidade, durante os 365 dias do ano, 46,8 bilhões de infrações são cometidas a cada ano - 10,6 milhões por hora. Em todo o ano de 2014, foram aplicadas 10,6 milhões de multas. Com isso, a cada 4.416 infrações cometidas, apenas uma multa é aplicada.

 

"Quando a gente fala que existe a indústria da multa, eu costumo brincar que ela está na idade da máquina a vapor, enquanto a indústria de infrações está na velocidade da luz. [O número de 4.416 infrações] parece grande, mas se dividirmos pelo número de dias e pelas horas que os motoristas circulam, chegamos em 15, 20 infrações por hora, o que é real. O motorista médio infrator comete de 10 a 20 infrações por hora", afirmou Figueira, engenheiro responsável pela metodologia adotada.

 

Confira aqui os resultados da pesquisa.
 

De Secretaria Executiva de Comunicação