Para atender ao Programa Escolas de Bicicleta, que capacita estudantes da rede municipal para pedalar com segurança no trajeto da escola para casa, o CEU Jardim Paulistano – Professor Samuel Murgel Branco, na Brasilândia, Zona Norte, conta com uma fábrica com capacidade para produzir diariamente 50 bicicletas de bambu, modelo inédito no Brasil. Em funcionamento há pouco mais de quatro meses, a unidade fabricou 1.600 bicicletas já em uso pelos aprendizes.
A rede municipal já preparou 500 alunos para usar a bicicleta como meio de transporte e 170 já fazem o trajeto casa-escola com as bicicletas de bambu nos CEUs São Mateus, Parelheiros, Cantos do Amanhecer, Caminho do Mar, Parque Veredas, Lajeado, Inácio Monteiro, Água Azul, Perus, Parque Anhanguera e Formosa.
O programa está sendo ampliado e deve chegar aos 45 CEUs até o final do ano. Até lá, 4,6 mil bicicletas deverão estar disponíveis para os alunos. A expectativa é de que cada escola tenha 100 alunos ciclistas, entre 12 e 14 anos, que pedalarão em comboios de 15 a 25 estudantes. Dentro da escola, os ciclistas contam com bolsões para o estacionamento das bikes e monitores treinados pela Secretaria e pelo Instituto Parada Vital, que ensinam desde noções de equilíbrio até como fazer a manutenção das bicicletas. Ultrapassados os muros da escola, os alunos ganham juntos as ruas do bairro, em ciclorrotas criadas por uma equipe do CEU, após pedaladas e aprovação de ciclistas experientes.
Escolas de Bicicleta é uma parceria com o Instituto Parada Vital, que seleciona pessoas para o treinamento, instrução e fabricação das bicicletas. A fábrica na Zona Norte, por exemplo, conta com 12 jovens e adultos da região. Os quadros feitos de bambu foram criados pelo designer brasileiro Flávio Deslandes, que inventou a primeira bicicleta de bambu em 1995 e hoje desenvolve seus projetos na Dinamarca. Além da bicicleta, os alunos recebem um kit composto por capacetes, iluminação, colete refletor, bagageiro e alforje, buzina, espelho retrovisor e cadeado. A Secretaria Municipal de Educação investiu R$ 3,1 milhões na implantação do programa e o investimento para manter o programa é de R$ 1,4 milhão por ano.
Preparando um ciclista
A Secretaria Municipal de Educação e o Instituto Parada Vital criaram uma metodologia conjunta para treinar e capacitar monitores que atuam diretamente com os alunos nos CEUs. Além de conhecimentos sobre legislação, normas e regras de trânsito na cidade de São Paulo, os monitores tiveram curso de primeiros-socorros, aprenderam sobre a mecânica das bikes e estão capacitados a ensinar o aluno a pedalar, ter equilíbrio, autonomia com as mãos, entre outros aspectos cognitivos.
O caderno de um aluno que faça parte do projeto Escolas de Bicicleta tem lições sobre legislação de trânsito, transporte sustentável, estilos e modalidades de bicicleta, oficina de mecânica e montagem, história e cultura da bicicleta, educação ambiental, e até orientações sobre liderança e mediação de conflitos. Terminadas as anotações, os alunos começam seu treinamento com a bicicleta, com lições de equilíbrio, postura e resistência. Até mesmo a criança que nunca andou de bicicleta pode se tornar um aluno-ciclista.
Os principais critérios para a escolha dos jovens são: ser aluno da escola de Ensino Fundamental do CEU, ter prioritariamente entre 12 e 14 anos, morar no entorno da ciclorrota indicada e ter o consentimento dos pais. Ao final de um mês de aula, cada aluno recebe um certificado, entregue na presença dos pais, para que possa, a partir daí, fazer o trajeto diário entre sua casa e o CEU, com seus colegas.
O projeto teve como consultor o dinamarquês Mikael Colville-Andersen, que criou o conceito chamado Compenhagenize, proposta para incentivar as cidades de todo o mundo a se tornarem amigas dos ciclistas, como funciona na capital da Dinamarca, onde 37% da população (500 mil pessoas) usa a bicicleta como meio de transporte todos os dias.