Trinta anos! Esse foi o tempo que os moradores esperaram para que a obra no córrego dos Machados pudesse finalmente sair do papel e deixar de ser uma promessa. Durante décadas, reivindicações foram feitas. Os moradores agüentam mal cheiro, ratos, poeira, insetos, desmoronamento de barranco e o preconceito por parte de muitos.

Ilza Varela Anselmo, moradora há 46 anos que faz parte da Sociedade Amigos de Bairro luta por benefícios desde antes do governo de Jânio Quadros. “Algumas melhorias foram feitas, mas faz mais de 10 anos que não se coloca uma pedra aqui no córrego. O povo está desacreditado, muitos políticos nunca fizeram nada e agora têm alguns pegando carona. Os únicos que ajudaram  foram o subprefeito de São Mateus e um vereador da região. Eles vêem ao bairro e estão sempre aberto para discussões”, fala ansiosa para que sejam iniciadas as obras, já liberadas pela prefeitura de São Paulo.

A previsão de início está programada para o final de março e trará com isso a valorização do bairro, beleza e segurança. “É o sonho de muitos moradores, alguns já morreram e não tiveram a oportunidade de ver concluída essa obra” argumenta o presidente da Sociedade Amigos do Jd. Sapopemba e adjacências, Iosvaldo Aprígio dos Santos e conclui dizendo que “é uma vitória de todos os moradores”.

Canalização, tratamento de esgoto, pavimentação e reurbanização das favelas próximas ao córrego, são algumas das muitas coisas boas que acontecerão. A atual avenida é de terra, cheia de buracos, produz muita sujeira e atrapalha o fluxo de veículos. Após a pavimentação ela terá duas mãos de direção separadas pelo córrego.

Os proprietários de imóveis, que pagam seus impostos já fizeram de tudo para que esse sonho se realizasse “ Só faltou fechar a Mateo Bei” lembra a cabeleireira Nilza de Oliveira Carvalho, moradora do bairro há 20 anos, que investiu pesado em seu salão e já perdeu clientes pela falta de infra-estrutura no local.

Outro morador, mais feliz e que acredita que desta vez o projeto sairá do papel é Márcio de Souza Almeida, que reside há mais de 35 anos no local, diz que “É horrível almoçar em um dia quente e sentir o mal cheiro do rio. Graças à coragem do atual prefeito isso vai acabar e com as obras, a  certeza de que tudo vai melhorar. Vou até abrir um negócio”.

(Texto: Pedro H. A. Lopes)