Serviço da Prefeitura resgata autoestima de pessoas com quadros de dor crônica

Capital paulista conta com quatro unidades do Centro de Referência da Dor Crônica (CR Dor), que, juntas, já somam 85.842 atendimentos desde janeiro de 2022

Quem vê a dona de casa Maria de Fátima Jordão, 55 anos, hoje não imagina a transformação que ela passou após ser acolhida, em fevereiro deste ano, no Centro de Referência da Dor Crônica (CR Dor) Bosque da Saúde para tratar um quadro de artrose e hérnia de disco. “Eu passei seis anos buscando o tratamento adequado na rede privada. Hoje eu estou 95% e faço de tudo”, descreve ela, que também é empresária e trabalha como atendente em uma loja de bolsas.

A unidade localizada na região sudeste citada por Maria de Fátima foi o primeiro centro especializado no tratamento de dores crônicas aberto pela Prefeitura de São Paulo na capital, em março de 2021, para oferecer mais qualidade de vida e bem-estar aos pacientes. Desde então, foram entregues outros três, o CR Dor Parque Maria Helena, na região sul, em outubro de 2022; o CR Dor Leste, em dezembro de 2022 e o CR Dor Pirituba, na zona norte, inaugurado há pouco mais de um mês, em 18 de julho.

Esses equipamentos oferecem assistência integral ao paciente com quadros recorrentes de dor crônica com o intuito de melhorar sua qualidade de vida a partir do cuidado de diferentes especialidades, a exemplo de fisiatria, reumatologia, neurologia, ortopedia, fisioterapia e terapia ocupacional.

“Desde 2017 eu me privei de diversas atividades em razão da dor na coluna que eu sentia. Eu mal conseguia vestir as minhas próprias roupas e ainda ouvi, por muito tempo, que devia me aposentar por invalidez”, conta Maria de Fátima que, ao longo dos últimos cinco meses, tem passado por consultas recorrentes com médico de dor, fisioterapeuta, psicólogo e acupunturista no Bosque da Saúde.

Autonomia

Somente nos primeiros sete meses deste ano as unidades Parque Maria Helena, Leste e Bosque da Saúde contabilizaram, juntas, 53.216 atendimentos. No mesmo período de 2022 foram registrados 18.691. Somando todo o período, os equipamentos CR Dor da capital acumulam mais de 85 mil atendimentos. Em um mês de funcionamento, o CR Dor Pirituba já registrou 236 atendimentos.

“Me enche de alegria falar sobre o CR Dor, pois foi com ele que eu tive a minha autonomia e autoestima de volta. Não perco uma oportunidade de conversar com meu médico sobre o meu tratamento”, explica Maria de Fátima.

Esses centros atendem a adultos e adolescentes acima de 13 anos com histórico de tratamento de dor crônica de no mínimo três meses, independentemente da especialidade médica ou cirúrgica, desde que a pessoa não tenha apresentado melhora com os tratamentos preconizados ou medicamentos prescritos pelos profissionais das equipes multiprofissionais de outros equipamentos da rede municipal. O acompanhamento no CR Dor se dá até o momento da alta médica; caso o quadro de dor retorne ou mude de característica, nova avaliação poderá ser agendada.

O encaminhamento aos centros especializados é feito, de acordo com o quadro do paciente, pela equipe médica do equipamento de saúde onde a pessoa tem sido acompanhada.

“Pessoas que sofrem de dor crônica podem apresentar outros quadros como depressão, alterações na alimentação, falta de vontade de sair de casa ou de realizar suas atividades cotidianas, por exemplo. Essa é uma realidade para a qual a gestão precisou olhar com mais atenção, visando à melhora do paciente e consequentemente a sua qualidade de vida”, destaca a secretária-executiva de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde da SMS, Sandra Sabino.

“Ao acolher o paciente, o CR Dor monta um projeto terapêutico singular (PTS) personalizado, contendo as especialidades necessárias para a melhora completa do quadro. Para nós, trata-se da junção de esforços para sanar a dor que o paciente está sentindo, por isso é tão gratificante para a gestão municipal oferecer um equipamento sensível a essa realidade”, completa Sandra.

O aposentado Antônio José Agostinho de Araújo, de 69 anos, é outro munícipe beneficiado pelo tratamento multiprofissional oferecido pelo CR Dor Bosque da Saúde. Em fevereiro deste ano ele notou a presença de pequenas e dolorosas bolhas na cabeça. Inicialmente pensou que fosse uma picada de abelha, porém as constantes crises de dor aguda indicaram nevralgia causada por herpes zoster. “Eu sentia uma dor insuportável de hora em hora. Acontecia de repente, em qualquer lugar. Passei a depender completamente da minha companheira, Vera, e isso era muito doloroso”, relembra ele, que iniciou o tratamento na unidade em abril.

Desde então ele passa pelo médico de dor, terapeuta ocupacional, faz tratamento com medicação e eventualmente passa por acupuntura. “Eu já não tenho mais crises. É como se eu tivesse nascido de novo, pois voltei a fazer o que eu mais gosto e não sobrecarrego a Vera. Ainda tenho sessões de acupuntura, porém talvez não precise mais passar por elas em breve", diz Antônio, aliviado e em tom de brincadeira, já que ele não gosta das agulhas.