Obras transformam maior favela da cidade em “Nova Heliópolis”

A Prefeitura entregou no dia 08 de novembro as novas obras do projeto de urbanização daquela que é considerada a maior favela da Capital, com cerca de120 mil habitantes, e que aos poucos se transforma em um grande bairro. Um novo conjunto de 42 casas sobrepostas, com salão de festas e área verde e 340 m de canalização do córrego Sacomã agora fazem parte do complexo Heliópolis. Para o início de 2007 está prevista a conclusão das obras do córrego, com a entrega da canalização dos 220 m restantes. A urbanização traz benefícios para as 2.907 famílias que vivem nas glebas A e N.
Para a realização desse trecho do projeto foram removidas 309 unidades habitacionais, cujas famílias foram atendidas em alojamentos provisórios ou com aluguel subsidiado pela Secretaria de Habitação. Na Gleba A, o projeto inclui ainda a construção de outras moradias ao longo do córrego, 5.280 m² de pavimentação de ruas, 1.300 m² de pavimentação de vielas, a implantação de redes de água e esgoto, drenagem superficial e a regularização das construções. Para a próxima semana, na Gleba N serão entregues novas 40 unidades habitacionais, e outras 90 têm entrega prevista para o primeiro trimestre de 2007. Também na Gleba N serão 6.280 m² de ruas e 1.250 m2 de vielas pavimentadas, igualmente com implantação de redes de água e esgoto e drenagem superficial.
Para a Gleba K, a licitação da obra já está em fase de elaboração de edital. Nesta área, serão construídas 521 unidades habitacionais, trabalho que necessitará a remoção de 176 moradias. Em sua primeira etapa de implantação, o programa fará também a retificação da área e a regularização fundiária de nada menos que 1.058 lotes. Depois, outros 9.000 serão também regularizados em três tranches iguais. Como nas demais áreas, a Gleba K também será dotada de completa infra-estrutura urbana, o que também inclui a canalização do córrego Independência, com 300 m de canal aberto. A implantação de rede elétrica também chegará às vielas e becos. Somadas as áreas das glebas A,N e K, são 740.000 m² de área sob intervenção, o que promove a inserção de mais uma porção expressiva do Complexo Heliópolis à cidade formal, objetivo do programa. Leia-se com isso também o reassentamento de famílias em áreas seguras, onde não correm mais risco de inundação, e o desadensamento das áreas anteriormente habitadas.
Nova Heliópolis
A renovação por que tem passado Heliópolis se reflete na forma com que seus moradores hoje a tratam. A comunidade tem se referido ao seu bairro como “Nova Heliópolis”. Localizada no Ipiranga, aquela área de um milhão de metros quadrados pertencia ao antigo IAPAS. A ocupação do que viria a ser Heliópolis surgiu no início dos anos 70, mesma época em que a formação das favelas tem grande impulso em São Paulo. Começou com uma ação da Secretaria do Bem-Estar Social, que fez a transferência de cerca de 150 famílias da Favela de Vila Prudente para alojamentos provisórios, instaladas no terreno como um recurso necessário para viabilizar a construção de um viaduto na região.
Com a chegada de mais 60 famílias provenientes da Favela Vergueiro, houve o agravamento da situação, o que provocou a ação de grileiros, que faziam o parcelamento e comercialização de lotes, expandindo fortemente o crescimento da favela. A luta dos moradores por serviços de água e luz deu-se nos anos 80, no bojo do fortalecimento dos movimentos sociais em São Paulo. Devido à sua grande extensão, a gleba naturalmente dividiu-se em núcleos, nos quais surgiam pequenas organizações sociais. A Prefeitura atendeu suas reivindicações e, a partir de 1981, por meio da Unidade Regional de Atendimento Habitacional do Ipiranga passou à criação dos programas Pró-Água e Pró-Luz. Em 1983 a Prefeitura implantou o serviço de coleta de lixo, antiga demanda dos moradores. Mas a luta pela posse da terra surgiu somente depois que o IAPAS quis a reintegração de sua área, naquele ano. Unida por uma mesma causa, a população, com apoio dos governos municipal e federal conseguiu seu intento quando o IAPAS repassou as terras de sua propriedade ao Banco Nacional de Habitação – BNH e este as vendeu à Companhia Metropolitana de Habitação – Cohab, que passou a atender a demanda por habitações populares construindo e comercializando moradias na região.
Com a entrega das novas obras de infra-estrutura e dessas novas casas pela Secretaria de Habitação, a comunidade de Heliópolis experimenta mais uma melhora em sua qualidade de vida.