Ponte estaiada: Depois da ponte, Prefeitura fará prolongamento de avenida e moradias populares

A Prefeitura entrega oficialmente neste sábado (10), às 11h, a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, sobre o rio Pinheiros. A abertura da nova alternativa viária para o tráfego marca a finalização da primeira fase da Operação Urbana Água Espraiada. Agora, será iniciada uma série de intervenções naquela parte da Zona Sul da Cidade, dando prosseguimento aos trabalhos de reurbanização das regiões do Brooklin, Campo Belo, Americanópolis, Jardim Aeroporto e Jabaquara. As obras prevêem a ligação da avenida Jornalista Roberto Marinho à rodovia dos Imigrantes, construção de novos conjuntos habitacionais, implantação de áreas verdes e construção de linha do Metrô.

"Continuaremos a trabalhar de forma integrada com o Governo do Estado para desenvolver a região", afirmou o prefeito Gilberto Kassab. Até o fim deste ano deverão ser iniciadas as obras para a ligação entre as avenidas Jornalista Roberto Marinho e Pedro Bueno. Em uma segunda etapa, será construído um prolongamento com um túnel que dará acesso à Imigrantes. A obra é uma solução para encurtar a ligação. O túnel terá cerca de 2.800 metros. Sem ele, seria necessário um outro trecho estimado em mais de 4 mil metros.

"Além disso, é mais amigável ao bairro, pois abre espaço para parques e para a nova linha do Metrô", explicou o secretário municipal de Infra-Estrutura Urbana e Obras, Marcelo Cardinale Branco. O projeto é uma parceria da Prefeitura com a Secretaria de Estado do Transporte, por meio da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.). No túnel não serão permitidos caminhões e ônibus, apenas automóveis e motocicletas.

A nova linha de Metrô fará a ligação da rodoviária do Jabaquara, por meio da estação homônima da Linha 1 - Azul, até o aeroporto de Congonhas, passando pela futura Estação Campo Belo da Linha 5 - Lilás do Metrô e pela Estação Morumbi, da CPTM, na marginal Pinheiros.

Será um Metrô Leve, sistema que utilizará veículo leve sobre trilhos (VLT), e trafegará pela superfície. A sua implantação é mais rápida do que a opção subterrânea, por ter estrutura mais simples e não depender de escavações. O transporte é mais rápido do que em um corredor de ônibus e menos poluidor do que os veículos movidos a combustíveis fósseis. Cardinale Branco destacou que a escolha levou em conta a qualificação urbana da região, ponto fundamental da Operação Urbana Água Espraiada. "Toda a região será valorizada", afirmou o secretário municipal.

Na área compreendida pela iniciativa, há entre 8 e 10 mil pessoas vivendo em moradias precárias. Para atendê-las, a Prefeitura irá construir conjuntos habitacionais populares na região. Já estão previstos três deles: no Jardim Edith, com 528 unidades habitacionais; na avenida Washington Luís, com 240; e na rua Corruíras, com 248. Serão utilizadas duas áreas desapropriadas e uma do Governo do Estado. Os conjuntos irão atender as pessoas que vivem nas áreas que já sofreram intervenções. Outros serão erguidos em áreas a serem identificadas pela Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), para as pessoas atingidas pelas novas fases da Operação.

O secretário de Infra-Estrutura salientou que a região irá ganhar também novas áreas verdes. Por enquanto, já está decidida a implantação do Parque Clube Chuvisco, com 40 mil metros quadrados.

A Prefeitura realiza a Operação Urbana Água Espraiada com verba arrecadada através de Cepacs (Certificados de Potencial Adicional de Construção), títulos comercializados por meio do mercado financeiro e que permitem a construção além do limite básico da área.
 

Ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira
 

A ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira liga a avenida Jornalista Roberto Marinho à marginal Pinheiros. A primeira obra da Operação Urbana Água Espraiada é também a primeira do gênero na América Latina e um dos dez pontos mais altos da Cidade.

"Do ponto de vista arquitetônico, é a mais bela ponte de São Paulo, o mais novo cartão-postal da Cidade em uma das avenidas que já é uma das mais bonitas da Capital, a marginal Pinheiros, que consolida sua beleza com essa ponte", destacou Kassab.

A obra se destaca pelo mastro central de 138 metros - equivalente a um edifício de 46 andares - formando um "X", e os 144 estais - cabos de sustentação - amarelos, que suspendem as duas pistas de 900 metros de extensão e 16 metros de largura.

Os estais são feixes de cabos que variam de 15 a 25 cordoalhas de aço, revestidas por uma bainha de polietileno amarelo, cuja finalidade é proteger os estais da chuva, do vento e dos raios do sol. São 492 toneladas de aço que, lado a lado, dariam para percorrer 378 mil metros, uma distância quase igual a de São Paulo e Rio de Janeiro. Os estais têm tamanhos variados, sendo o maior com 175 metros e o menor com 79 metros. Os vãos estaiados possuem 290 metros, com 16 metros de largura, sendo 10,5 metros para as três faixas de rolamento.

O asfalto utilizado é da categoria SMA (Stone Mastic Asphalt), mesmo tipo usado no Autódromo Municipal de Interlagos. Essa pavimentação apresenta alta resistência a impactos e a cargas em movimento. Também permite maior drenagem e evita deformações do pavimento. Estão instaladas na extensão das pistas placas de alumínio chamadas de "narizes de vento", utilizadas para dissipar o vento.

A ponte tem capacidade para a circulação de 4 mil veículos por hora em cada lado. Sua estrutura comporta ventos de até 200 km/h ou um furacão de nível 4 (escala de um a cinco). Uma maquete com as mesmas proporções das pontes passou por testes de vento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).

Na fase de maior movimento da construção, 430 operários trabalharam nela. Desde 2003, início da obra, foram gastos R$ 260 milhões. O nome escolhido é uma homenagem ao publisher do jornal Folha de S.Paulo, Octavio Frias de Oliveira, falecido no ano passado. "A ponte terá papel fundamental na ligação da Zona Oeste com a Zona Sul, melhorando a qualidade na circulação de veículos", informou o prefeito.

Outro destaque da ponte é o seu sistema de iluminação, que permite a utilização de várias cores na torre, em intervalos de tempos ajustáveis. São 142 projetores colorblast, equipados com diodo emissor de luz (LEDs, em inglês) nas cores vermelho, verde e azul. O LED é um chip que emite luz quando a corrente elétrica passa por ele. Na parte externa, a luz branca refletirá os 144 estais. O efeito é resultado da utilização de 20 projetores do tipo arena vision. As pistas de rolagem e alças de acesso serão iluminadas com 206 luminárias. A tecnologia utilizada gera economia de 53% em energia elétrica, quando comparada com os sistemas convencionais.