SEHAB e Harvard fortalecem relações

Transformar favelas em bairros urbanizados, adequar o espaço ocupado e sua topografia às necessidades econômicas, culturais e ambientais sem destruir o tecido social construído. A sintonia formada por uma mesma perspectiva, na busca por soluções para os assentamentos informais das grandes metrópoles, uniu a Secretaria Municipal de Habitação e urbanistas da Graduate School of Design, de Harvard University. Christian Werthmann, arquiteto alemão apaixonado pelos desafios impostos pelo crescimento das favelas, que emigrou ainda adolescente para a ensolarada Califórnia, abriu seu discurso de inauguração da exposição Redesenhando a Cidade Informal com a seguinte declaração: “Para nós, um bando de loucos interessados em como desenvolver uma arquitetura voltada para as comunidades das favelas, foi muito importante conhecer os trabalhos da Secretaria de Habitação. É um esforço que hoje acontece na América Latina, especialmente aqui em São Paulo, com experiências inovadoras”.

Christian, que divide com o arquiteto John Beardsley a liderança da equipe de 13 estudantes de várias nacionalidades que formam um inédito laboratório de urbanismo em Harvard, chamou a atenção para um aspecto: os estudos sobre déficit habitacional nas grandes metrópoles do planeta não deixam dúvida sobre a necessidade de enfrentamento do problema.

O ponto de partida para a construção dessa sólida relação é curioso.  Ao pesquisar experiências de urbanizações na biblioteca de Harvard, Christian descobriu um livro sobre Guarapiranga, editado por Elisabete França, superintendente de Habitação Popular da Prefeitura. O segundo passo foi o contato por telefone. Hoje, são parceiros. Dos sete projetos que compõem a exposição, dois são paulistanos. A urbanização do Parque Amélia, antiga favela com 740 famílias na sub-bacia Guavirutuba, a noroeste da Represa de Guarapiranga, na zona sul da cidade, e o projeto da própria represa, que trata da preservação do aquífero que abastece a capital por meio de um leque de ações audaciosas. Quanto à avaliação sobre o papel dos governos nesse problema, ele foi claro: “Aqui em São Paulo há um esforço que sai dos planos para a realização. Tenho encontrado equipes estimuladas, com uma nova visão. Nós fazemos e gostamos de nos unir àqueles que estão sintonizados com nossos ideais”.