Em Itaquá, moradores respiram aliviados na casa nova

Por Luiz Rocha Pombo


Apartamentos na CDHU em Itaquaquecetuba: alívio para os moradores

Alívio é a palavra mais usada pelos novos moradores dos conjuntos habitacionais da CDHU em Itaquaquecetuba, Zona Leste da região metropolitana de São Paulo, que vieram transferidos da região do Jardim Pantanal tão logo começaram as inundações. Em parceria com o Governo do Estado, a Prefeitura transferiu 302 famílias para os conjuntos Safira, Portal da Serra e Morada das Flores. Outras 38 famílias estão em processo de mudança para o Morada das Flores, ainda nesta semana, totalizando assim 340 moradias definitivas.

A aposentada Yone Francisca Rodrigues, de 46 anos, ex-moradora do Jardim Romano, hoje proprietária de um apartamento no condomínio Portal da Serra, é um exemplo desse grupo de pessoas que se livrou dos transtornos de ter o Rio Tietê como vizinho. Filha de pais separados, Yone morou com a mãe no bairro por mais de 30 anos. Hoje, tornou-se representante dos moradores do Bloco 3 e luta pelo bem-estar dos novos vizinhos. “Eu morava em um três cômodos, com sala e dois quartos. O banheiro e o tanque eram externos. Tinha que dividi-los com mais três ou quatro famílias. Minha casa não tinha piso, as paredes não tinham reboque. A estrutura de lá era tão ruim que era possível enfiar o dedo dentro das rachaduras do meu barraco. Vivia com medo”, conta.

“Quando mudei para o conjunto pensei: quero viver aqui o resto da minha vida. É como um paraíso, me orgulho da minha casa, tenho meu próprio quarto, privacidade. Se fechar a porta, posso dormir tranquila, tenho o meu espaço, ninguém vai sair mexendo no que é meu. O ambiente é ventilado, não preciso nem deixar as luzes acesas, porque a iluminação natural é suficiente. Os postos de saúde aqui têm remédios. Sonhava com esse lugar”, diz a aposentada.

Joanice Souza Araújo, de 31 anos, morou 14 anos no Itaim Paulista. Após ter a casa inundada, acampou 17 dias na Escola Armando Riguetti com seu marido e três filhos. Hoje, é moradora do condomínio Portal da Serra e ressalta a importância da segurança do lugar para os filhos. “É muito bom para as crianças, seguro, elas podem brincar e estão sempre próximas de nós. Não corremos riscos de um maníaco raptar nossos filhos. E é fácil encontrar linhas de ônibus que servem as escolas locais. Morar aqui foi uma bênção de Deus”, comemora Joanice.

Alexandre Cosme de Melo, antigo morador do Jardim Aimoré, próximo ao Jardim Romano, destacou a melhoria na higiene e saúde na nova moradia. “O rio ficava atrás da minha casa e deixava as paredes cheias de umidade. Convivíamos todos os dias com o mau cheiro. Minha filha de dois anos tem bronquite e sempre tinha crises por causa das condições em que vivíamos. Estamos aqui na CDHU há aproximadamente um mês e nem cansaço ela tem sentido, além de ser fácil marcar consulta. Tenho uma casa com estrutura para poder criar minha família, podemos pensar em comprar móveis, crescer”, afirma Melo.  

No edifício Safira, as representantes dos moradores também falaram sobre a transformação de seu modo de vida. Fabiana Ferreira, moradora da Rua Capachós, a mais atingida pelas águas no Jardim Romano, explica que a transformação foi completa. “Com a chuva, eu entrava em pânico. Minha casa estava em área de risco. Mudamos para uma 100% melhor, saí de um lugar à beira do rio para uma casa onde meus filhos terão um futuro.”

Elisângela Gomes Ferreira, representante do bloco E, destacou a segurança do local e a certeza da posse do imóvel. “Nós morávamos próximos de uma boca de fumo. Nossos filhos viam drogas todos os dias e a viela era rota de fuga de bandidos. Um dia, acordei com uma cobra dentro da minha cozinha e isso me fez pensar: Isso aqui não está certo, nem meu é. Agradeço à Prefeitura pela seleção dos vizinhos que fez, colocando os parentes ao nosso lado. Agora sei que estou pagando uma coisa que será minha e estará regularizada”, considera. Questionada sobre o que faria se a previsão do tempo indicasse chuva, a moradora resume sua nova condição. “Se chover aqui, eu digo: deixa chover.”

Os apartamentos construídos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) possuem 42,6 m², estão distribuídos em 5 blocos de 5 andares cada um, com 4 apartamentos por andar, e são compostos por dois quartos, sala, cozinha, banheiro, área de serviço, possuem vagas para carro, playground e quadra poliesportiva.