Projeto EcoLab chega ao fim em evento de cultura e aprendizado no extremo sul de São Paulo

Iniciativa de formação e reflexão sobre comunicação para moradores da região do Grajaú foi apoiada pelo edital Redes e Ruas

Um ano depois do lançamento, diversas iniciativas apoiadas pelo edital Redes e Ruas chegam ao fim. Em outubro de 2014, o edital selecionou projetos de inclusão, cidadania e cultura digital na cidade de São Paulo. O Redes e Ruas é uma parceria entre as secretaria municipais de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), de Cultura (SMC) e de Serviços (SES), e apoiou 59 projetos, com investimento de R$ 3,7 milhões.

Uma das iniciativas vencedoras é o EcoLab, que atuou na região do Grajaú e terminou neste sábado, 15/8. Para o encerramento, os organizadores chamaram a comunidade para um evento sobre “Midialivrismo ao Extremo”.

A fila da balsa que faz a travessia para a Ilha do Bororé era longa na tarde de sábado. O bairro-ilha é um dos mais distantes do centro de São Paulo - fica 32 km sul da Praça da Sé. O trajeto sobre as águas da represa Billings dura pouco mais de um minuto, mas a embarcação comporta apenas dez carros, o que faz com que a espera seja de mais de uma hora. 

O destino era a Casa Ecoativa, centro de diversas ações educativas e culturais com moradores da região. A casa promovia um evento sobre “midialivrismo” com duas oficinas sobre Softwares Livres e Criptografia no jornalismo. O encontro era também uma espécie de cerimônia de encerramento do EcoLab, uma das 59 iniciativas apoiadas pelo edital Redes e Ruas. Neste projeto, ao longo de seis meses, os alunos selecionados da Escola Estadual Adrião Bernardes participaram de oficinas de comunicação e produziram reportagens sobre o lugar onde vivem. Os temas foram escolhidos por eles mesmos: hospital de Parelheiros, direitos da mulher e problemas de cobertura telefônica na região.

“O mais legal é que são assuntos importantes para os moradores daqui.” Uma das jovens repórteres é Layene. Tem 14 anos de idade, mas indica que seu aprendizado talvez já influencie sua região. “As obras do hospital de Parelheiros estavam paradas. Depois da reportagem que fizemos, voltaram a andar”, diz.

A jovem participou do EcoLab junto da amiga Stéfanie, de 13 anos. O que imaginam para o futuro profissional? A resposta é rápida: repórter! Além de conhecer as histórias dos entrevistados, dizem se divertir com o processo de produção de uma reportagem. “Numa semana tínhamos aulas teóricas, na outra, íamos pra rua gravar. O que mais gostei foi filmar e gravar o áudio”, conta Stéfanie sobre as aulas semanais de comunicação.

Um dos organizadores do EcoLab e do evento deste sábado, Tim não tem descanso quando a Casa Ecoativa está cheia. Participa na escolha do rap - trilha sonora constante na casa - e na montagem das oficinas, e diz: “É demais ver essa galera aprendendo-fazendo”. E acredita que o aprendizado é um processo constante na prática do jornalismo. “Eles vão pra rua com uma visão e às vezes voltam com uma opinião completamente diferente.”

 

Quando a noite chegou e as oficinas chegaram ao fim, todos se juntaram numa roda de conversa sobre “mídia livre e narrativas periféricas”. Apresentações de rappers locais encerraram o longo dia de cultura e aprendizado. Mas o ritmo intenso nas atividades é bem vindo. “Aqui no Bororé não tem nada pra fazer, né? Estaria em casa assistindo televisão,” conta um dos garotos, que chegou cedo para acompanhar as oficinas. 

O projeto EcoLab foi finalizado neste sábado, mas os organizadores prometeram que a casa continuará viva e cheia de atividades. Confira os próximos eventos na página Casa Ecoativa.