Ato unificado marca os 50 anos do golpe de 1964

Realizado no antigo prédio do DOI-CODI, no bairro do Paraíso, zona sul da cidade, evento reuniu cerca de 500 pessoas e contou com a presença do prefeito Fernando Haddad e do secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili

Cerca de 500 pessoas participaram, na manhã desta segunda-feira, dia 31, do Ato Unificado Ditadura Nunca Mais: 50 Anos do Golpe Militar, realizado no 36° DP, no bairro do Paraíso, zona sul, sede do antigo DOI-CODI, um dos maiores centros de repressão e tortura da ditadura civil-militar. O evento marcou o cinquentenário do golpe de Estado de 1964, que começou no dia 31 de março e se concretizou em 1º de abril. O Ato Unificado foi uma das atividades apoiadas pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) para o marco do cinquentenário.

Confira a programação de atividades para os 50 anos do golpe

Estiveram presentes o prefeito Fernando Haddad, o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, familiares de mortos e desaparecidos, ex-presos políticos e membros de coletivos e entidades ligados ao tema dos direitos humanos. Participantes do evento levaram cartazes com rostos de vítimas da repressão.

O ato começou com uma apresentação de vídeos, seguida de músicas cantadas pelo Coral Martin Luther King, como 'A Internacional' e 'O bêbado e o equilibrista'. Depois, foi reproduzido o áudio do discurso de Rubens Paiva, então deputado federal, que fez um apelo ao vivo pela Rádio Nacional, no dia 1º de abril de 1964, em defesa de João Goulart, o presidente que acabaria deposto.

Escute o discurso

Um manifesto conjunto das entidades presentes no evento foi lido por Adriano Diogo, Amélia Teles e Ivan Seixas, que estiveram presos no DOI-CODI e hoje integram a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva.

Leia a íntegra do manifesto

Segundo o texto, mais de 8 mil pessoas passaram pelo DOI-CODI e, destas, pelo menos 50 foram assassinadas no local. O manifesto fala ainda da "herança autoritária" da ditadura, que se reflete na violência policial dos dias de hoje. Pede a punição dos agentes de Estado que cometeram graves violações aos direitos humanos naquele período e a identificação de ossadas de vítimas da ditadura, entre outras providências. O manifesto ainda traz os nomes dos militantes mortos no DOI-CODI, que foram lidos um a um, com o público respondendo "presente" a cada menção.

Depois da leitura, os grupos Kiwi Cia. de Teatro, Teatro União, Olho Vivo – fundado pelo então preso político Idibal Piveta –, Teatro Studio Heleny Guariba e Cia. do Tijolo encenaram pequenas montagens preparadas especialmente para a data.

 

Foto: Peu Robles