Secretaria de Direitos Humanos da Presidência cria grupo forense para identificação das ossadas da vala clandestina de Perus

Em resposta ao ato de violência praticado no Ossário-Geral do Cemitério do Araçá, ministra Maria do Rosário assina portaria convocando grupo de arqueologia e antropologia forense

A ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, Maria do Rosário Nunes, assinou portaria que institui o Grupo de Arqueologia e Antropologia Forenses (GAAF), responsável pela busca, localização e identificação de restos mortais de vítimas da ditadura militar. A medida vem ao encontro da solicitação da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) por medidas para acelerar a identificação das 1.049 ossadas encontradas em uma vala clandestina do Cemitério D. Bosco, em Perus.

Os restos mortais, entre os quais possíveis despojos de mortos e desaparecidos políticos do chamado Esquadrão da Morte, estão abrigados no Ossário-Geral do Cemitério do Araçá, que foi alvo de depredação na madrugada do último domingo, dia 3. Apesar de as ossadas não terem sido danificadas, o ataque demonstra que a demora na identificação coloca os despojos em situação de vulnerabilidade e pode prejudicar as investigações.

“Não se justifica nós estarmos há mais de 20 anos com essas ossadas sem identificação. Já fiz um contato com a ministra Maria do Rosário para que a Secretaria tome providências no sentido de apurar e acelerar esse processo, e ela está empenhada nisso”, disse Rogério Sottili no ato de repúdio à depredação, realizado na terça-feira, dia 5, no Araçá.

Na mesma cerimônia, o secretário contou sobre a solicitação que fez a José Carlos Dias, conselheiro da Comissão Nacional da Verdade, para que a Polícia Federal fosse acionada e se envolvesse nas investigações. “Eu me comprometo aqui a conversar com o diretor da Polícia Federal em Brasília, atendendo à proposta do secretário", respondeu Carlos Dias. Nesta quarta-feira, dia 6, a SDH confirmou que a Polícia Federal entrou no caso, para reforçar a apuração dos responsáveis pelo vandalismo (saiba mais).

A depredação no Ossário-Geral também danificou parte da exposição ‘Penetrável Genet’, dos artistas Celso Sim e Anna Ferrari. Integrante da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, a intervenção artística aborda a questão do desaparecimento dos presos políticos da ditadura militar. O ato de repúdio foi realizado junto à inauguração da mostra.

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