Subprefeitura Casa Verde
O consumo racional da água além do banho rápido

A Terra é azul porque 70% da sua superfície é coberta por água. Isso pode até dar a falsa ideia de que o recurso é infinito. Outros números, entretanto, desmentem o mito. A água doce que consumimos representa apenas uma pequena fração desse total, 2,5%. Em todo o mundo, cerca de 3 bilhões de pessoas enfrentam escassez de água, 25% sequer tem acesso a água potável. E, se isso parece muito distante da sua realidade, o professor John E Tatton, biólogo especialista em recursos hídricos e saneamento, afirma: a qualidade da água fornecida pelos sistemas Cantareira, Billings e Guarapiranga não é a mesma, ou seja, o problema não está só na quantidade. Por isso, a discussão do tema tem se tornado cada vez relevante.
Na reunião mensal do Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura da Paz (CADES) e Subprefeitura Casa Verde, Cachoeirinha e Limão Tatton fez uma palestra sobre o tema. O professor traçou um panorama histórico da evolução do homem e do planeta desde as primeiras formas de vida, há mais de 3 bilhões de anos, aos dias de hoje, utilizando a água como fio condutor.
Foi a água que atraiu o homem, permitiu a sua fixação em determinadas regiões e deu início as grandes civilizações como a da Mesopotâmia – entre os rios Tigre e Eufrates – que, hoje, corresponde em grande parte ao território do Iraque. Foi a água que permitiu o desenvolvimento da agricultura, de sistemas de irrigação e transporte. A importância da água era tamanha que a noção de organização e poder se despertaram nas chamadas “sociedades hidráulicas”.
Já no século XVIII, a água também está na base da Revolução Industrial. As rodas d’água foram largamente utilizadas antes do surgimento da energia a vapor, especialmente na indústria têxtil. O crescimento desordenado da população em torno dos mananciais acabou gerando ao longo do tempo problemas que só cresceram com a produção de resíduos resultantes de atividades humanas, industriais e agrícolas sem tratamento, comprometendo o meio ambiente e a qualidade de vida do próprio homem, com o surgimento de doenças até epidemias, da peste à Covid.
Nos dias atuais, lembra Tatton, os sinais dessa degradação são cada vez mais evidentes como a chuva ácida provocada pela poluição atmosférica ou a chuva negra gerada pelas queimadas na região do Pantanal, como aconteceu em setembro do ano passado, em São Paulo.
No dia a dia, o custo de tratamento da água para o consumo humano é cada vez maior. Graças aos loteamentos clandestinos, ao descarte irregular de lixo e a falta de saneamento, o fornecimento de água potável tem exigido tecnologias de purificação da água cada vez mais sofisticadas e caras.
A sustentabilidade, de acordo com o professor John E. Tatton, exige um equilíbrio de forças entre o crescimento econômico, o progresso social e a gestão ambiental. Tudo está conectado. O maior consumidor de água é o setor agrícola que poderia atuar de forma mais eficiente na proteção das reservas hídricas, segundo Tatton A troca de pivôs de irrigação, que imitam a chuva, pelo sistema de gotejamento poderia gerar uma enorme economia. Já os agrotóxicos comprometem a qualidade das fontes subterrâneas de água, o que deveria também ser repensado.
Na indústria, a água tratada para consumo humano, poderia ser em muitos processos substituída pela água de reuso e não é. No abastecimento humano, o consumo doméstico é mínimo perto do que consomem a agricultura e a indústria, mas também poderia ser mais racional. Estamos gastando em média 150 litros de água por dia, quando 60 litros seriam mais que suficientes, de acordo com o professor.
Para a economia de água no campo doméstico, não faltam estratégias. Além de banhos curtos, o fechamento da torneira quando ensaboamos pratos e panelas; usar máquinas de lavar em sua capacidade máxima e reutilizar a água para lavagem de quintais são algumas estratégias que podem fazer diferença.
Vale lembrar ainda que mesmo a revolução tecnológica que vivemos nos dias atuais também depende da água. Um data center típico, segundo o Instituto Humanitas Unisinos, pode usar de 3 a 5 milhões de litros por dia para manter seus servidores em temperatura adequada. Isso equivale ao consumo de uma cidade de 30 mil habitantes. Em tempos de escassez tudo isso conta.
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