Mesmo com a pandemia do coronavírus, Prefeitura continua acelerando negócios relacionados à agroecologia e ecoturismo no extremo sul da cidade

A partir do Concurso Ligue os Pontos da Prefeitura de São Paulo, com apoio da Bloomberg Philantropies, oito empreendedores da região receberam recursos e acompanhamento técnico para desenvolver propostas que contribuam com o desenvolvimento socioeconômico local

 

A Prefeitura de São Paulo, por meio do Projeto Ligue os Pontos e da Ade Sampa, entidade ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, está acelerando negócios relacionados à agroecologia e ecoturismo no extremo sul da cidade. A capacitação faz parte do Concurso Ligue os Pontos, onde oito empreendedores das regiões de Capela do Socorro e Parelheiros, após processo de seleção, receberam R$ 35 mil cada para desenvolver ideias inovadoras que aumentem a produtividade e a competitividade dos negócios locais, fortalecendo a agricultura, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico da zona sul rural e melhorando a condição de vida da população. 

A aceleração, que era realizada de forma presencial no Teia Parelheiros, espaço de coworking público rural da Ade Sampa instalado no Parque Nascentes do Ribeirão Colônia, teve início no mês de janeiro e ocorreu até o fim de março, quando foi decretado o isolamento social. A partir disso, as oficinas e assessorias passaram a ser on-line. 

“Mesmo durante a crise econômica continuamos apoiando os pequenos negócios, principalmente os das regiões mais afastadas da cidade e que podem ter mais dificuldade em retornar a sua geração de renda. O cronograma de ação da Prefeitura foi readequado para que os empreendedores não fiquem sem suporte neste período”, declara a secretária de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Aline Cardoso. “A aceleração tinha como foco o desenvolvimento regional de Parelheiros, mas com a pandemia do coronavírus, tivemos também o cuidado de abordar assuntos que ajudem o empreendedor a se reinventar e continuar gerando renda”, complementa.

Entre os dias 4 e 8 de maio foi realizada a primeira rodada de mentorias, com convidados da Ade Sampa, que contou com 10 mentores, sendo três para cada empreendedor. Os assuntos foram abordados conforme as necessidades de cada negócio, como finanças, marketing, vendas, logística, recursos humanos, turismo, legislação e precificação.

“A Ade Sampa não tem medido esforços para implementar conteúdos que ajudem o empreendedor a desenvolver e alavancar os seus negócios. A aceleração tem como foco o crescimento dos empreendimentos, seja ela presencial ou à distância, e nossa equipe continua abordando temas que serão fundamentais para o empreendedor durante a retomada da economia”, declara o presidente da Ade Sampa, Frederico Celentano.

Os oito projetos estão relacionados à produção rural, ainda que apresentem diversas diferenças entre si. Por exemplo, há propostas de aplicativo para conectar o agricultor ao consumidor, de produção de adubo orgânico a partir de resíduos e até um sistema sustentável de cultivo de frutas, cogumelos e mel que ainda ajuda a recuperar o meio ambiente. 

Idealizado por Paula Teodoro e Guilherme Rocha, o projeto Coma Bem consiste em um site e aplicativo para conectar o produtor rural da zona sul ao consumidor, e, assim, permitir aumento de seus canais de venda e escoamento de sua produção. 

De acordo com Paula, além de facilitar o acesso aos mercados para os produtores rurais, o projeto busca contribuir para que mais alimentos saudáveis sejam consumidos na própria região. "A plataforma está prestes a ser lançada. Trata-se de uma oportunidade maravilhosa que estamos tendo em transformar nossa ideia em uma ação efetiva para a periferia, mudando o costume local e gerando um maior desenvolvimento do comércio”, afirma Paula.

Outro projeto, denominado Planta Feliz Adubo, transforma os resíduos da região de Parelheiros em adubo orgânico. Desde 2018, mediante assinatura mensal, a empresa recolhe resíduos orgânicos - como restos de alimentos - em feiras, comércios e residências. E através do processo de compostagem, que se caracteriza pela decomposição da matéria orgânica por minhocas, são produzidos humus líquido e sólido, fertilizantes naturais e eficazes para a produção rural.

Mais do que uma oportunidade de negócio, Marina Sierra de Camargo defende o impacto social gerado pela ação, uma vez que os adubos orgânicos são comercializados com produtores locais e a população se torna mais consciente sobre a coleta seletiva de seu resíduo doméstico. “Há dois anos viemos ao campo e hoje o nosso lema é #vidanosítio. O dinheiro da premiação nos permitiu investir em infraestrutura que vai possibilitar que mais pessoas sejam atingidas. Nosso objetivo é crescer e em cinco anos viver apenas deste trabalho.”, comenta Marina.

Já a proposta da produtora rural Adriana Coradello se caracteriza pela implantação de um sistema agroflorestal (SAF) em sua propriedade, uma combinação sustentável de cultivo de alimentos e plantação de árvores. O objetivo é produzir de forma harmoniosa, frutas, cogumelos e mel, e ainda ajudar a recuperar florestas e nascentes.“Até o momento, com o dinheiro da capacitação, reestruturei minhas estufas e comprei insumos para voltar a produzir shitakes orgânicos. Quero ser alternativa de renda e modelo sustentável para a região", diz Adriana.

José Amaral Wagner Neto, Secretário Adjunto de Desenvolvimento Urbano e Coordenador do Projeto Ligue os Pontos, ressalta que “esses projetos selecionados estão alinhados com os objetivos do Ligue os Pontos de fortalecer a Cadeia de Valor da Agricultura e do Alimento e o desenvolvimento territorial sustentável. Neste momento da quarentena, estamos enfrentando enormes desafios e conseguindo ultrapassar obstáculos para continuar com as atividades de mentoria e de assistência técnica online, apesar das dificuldades de acesso remoto aos agricultores”.

O Projeto Ligue os Pontos, vencedor do prêmio “Mayors Challenge 2016” (Desafio dos Prefeitos), promovido pela Bloomberg Philantropies para cidades da América Latina e Caribe, busca contribuir para o desenvolvimento local da zona rural sul paulistana, a partir da consolidação de sua agricultura e alimentação. Clique aqui para saber mais sobre o Projeto Ligue os Pontos.

Confira todos os projetos selecionados: 

Planta Feliz Adubo:Produção de adubo orgânico e húmus líquido concentrado, a partir da compostagem de resíduos orgânicos recolhidos na região de Parelheiros. A produção, feita a partir de composteiras artesanais, será comercializada com os próprios agricultores locais, auxiliando no plantio orgânico, além de conscientizar a população sobre a coleta seletiva de seu resíduo doméstico.

Sítio Primavera: Com uma produção focada em horticultura, o projeto produz produtos orgânicos certificados, principalmente hortaliças e bananas comercializadas em cestas. Está em fase de expansão, buscando construir canteiros elevados e desenvolver uma agroindústria focada em frutíferas.

Projeto Santa Ana:Busca suprir a demanda de sementes e mudas de cambuci, fruto típico da região, plantado no local em um sistema de agrofloresta. Além da comercialização destes produtos para outros agricultores, o projeto busca disseminar a compra do cambucipara objetivos gastronômicos e também medicinais, focados na sua importância nutricional e melhoria da imunidade. 

Implementação em SAF:Introdução de sistema agroflorestal (SAF) na propriedade rural, atualmente focada na produção de cogumelos. O sistema permitirá a produção de forma consorciada de espécies frutíferas nativas da região com a criação de abelhas. O projeto ainda prevê a realização de cursos na região a fim de divulgar o conhecimento no assunto.

Nossa Fazenda:Oferece orientações e vivências sobre produção e alimentação saudável para grupos de turistas. Além disso, a produção ainda é comercializada durante as visitas e em equipamentos públicos locais. O objetivo do projeto é a ampliação da infraestrutura da cozinha da fazenda, a fim de aumentar o potencial turístico e oferecer mais cursos e experiências gastronômicas no local.

Coma Bem:Aplicativo e site que conecta o produtor rural com seu consumidor, permitindo aumento de seus canais de venda e escoamento de sua produção. O objetivo é que os produtos sejam consumidos na própria região sul de São Paulo, aumentando a disponibilidade de alimentação saudável na região.

Projeto Bike do Polo: Desenvolvimento do cicloturismo na região, fortalecendo o Polo de Ecoturismo da Zona Sul de São Paulo. As rotas buscam levar os ciclistas para uma experiência em meio a natureza, mata atlântica nativa e as áreas produtivas de extrema importância para São Paulo incluindo visitação nas propriedades, potencializando assim o turismo rural e ecológico.

Cultivo protegido e processamento:Expansão da produção de morangos e hortaliças orgânicas com processamento artesanal dos produtos, a partir da construção de uma estufa com bancadas elevadas e irrigação em canaletas.