O berço das músicas juninas no Cemitério da Consolação

Mario Zan, principal nome das músicas típicas das festas juninas de São Paulo e a história curiosa em umas das maiores necrópoles da capital

Um dos famosos personagens da música brasileira do século XX e dono das principais melodias das músicas juninas de São Paulo, Mario Zan, está sepultado no Cemitério Consolação. “Mario foi peça fundamental para a sedimentação da cena do rádio e da indústria fonográfica em São Paulo e ajudou a difundir no Rio de Janeiro sonoridades que seriam o embrião de um gênero dominante décadas depois: o sertanejo” comenta Fernando Pereira, professor de cultura brasileira na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Mario João Zandomeneghi foi um acordista italiano radicado no Brasil. Aos quatro anos de idade chegou ao país e, junto da família, se estabeleceu em Santa Adélia, próximo a Catanduva. “O Moleque da Sanfona”, apelido concebido quando criança devida sua habilidade com o instrumento, mudou-se para São Paulo nos anos seguintes e começou a explorar o mercado crescente de músicas típicas das festas juninas.

Mario Zan possui mais de mil composições gravadas, sendo Festa na Roça, Quadrilha Completa, Balão Bonito, Noites de Junho e Pula a Fogueira as famosas canções das quadrilhas amadas por todos os paulistanos. Além da gravação do dobrado Quarto Centenário, em 1954, como homenagem à cidade de São Paulo, chegando, posteriormente, aos Estados Unidos via banda de jazz ‘Miami Jackson Band’.

Frank Sinatra, considerado um dos maiores artistas de todos os tempos, contribuiu com uma gravação da música Dizem Que Um Homem Não Deve Chorar (Nova Flor), composta por Mario. A canção também foi escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como tema da campanha Mundial do Combate a Violência Contra a Mulher.

Mario Zan morreu em 9 de novembro de 2006 vítima de uma parada cardíaca, mas sua importância é notável para a cultura brasileira. “Um grande legado de Mario foi sua dedicação à pesquisa de ritmos, com certeza ele era movido pela busca da brasilidade, uma ânsia de conhecer os ritmos brasileiros”, acrescenta Fernando Pereira.

O jazigo de Domitila de Castro e Mellos, a Marquesa de Santos

Durante vida, o sanfoneiro foi um grande devoto da Marquesa de Santos, a amada de D. Pedro I e figura importante para a cidade de São Paulo. Despesas das reformas e limpezas feitas na lápide da Marquesa foram pagas pelo compositor, como retribuição para sua importância histórica.

Mario Zan foi sepultado em um jazigo diante de Domitila e até hoje a família do cantor arca com as despesas da marquesa, dinheiro resultante dos direitos autorais de suas músicas.

Túmulo Domitila de Castro - Cemit. Consolação