Conheça a história da única mulher sepultadora da maior necrópole de São Paulo

Cristiane Ferreira, mãe solo e sepultadora há mais de oito anos no Cemitério Vila Formosa

Embora mais da metade da população brasileira seja composta por mulheres, dados do IBGE mostram que 51,7% das mulheres e 48,3% dos homens, ainda enfrentam dificuldades para ocupar vagas no setor público. De acordo com os dados do site Observatório das Desigualdades, quando esse espaço é conquistado, normalmente são relacionados aos trabalhos considerados “tipicamente femininos” e de pior remuneração, como professoras, enfermeiras, assistentes e secretárias. Para o serviço de sepultadoras é ainda mais complexo, visto que, as mulheres só foram contratadas para a área pela primeira vez no Brasil em 2012, via concurso público.

Cristiane Ferreira, sepultadora há mais de oito anos no cemitério da Vila Formosa, conta sobre preconceitos que já passou na profissão. “Trabalhei no Cemitério São Pedro e lá, no início, quando chegou uma mulher para trabalhar com a equipe, teve a negação devido sexo. Eu vim, com outras sepultadoras, para quebrar o paradigma. Quando mostramos que podemos e somos capazes, você muda isso. Quando eles reconhecem, nos admiram, inclusive fui chamada para fazer os quatro plantões de sepultamentos”, declara Cristiane.

Além do dia a dia atípico, lidando com o luto das tantas famílias de São Paulo, a sepultadora, mãe solteira de dois meninos, trabalha exclusivamente no setor infantil da unidade. Cristiane comenta que é muito difícil, sendo mãe, fazer o sepultamento de um corpo jovem e frágil. “Quando eu vou fazer sepultamento de criança é muito emocionante, pois nos colocamos no lugar daquela família, daquela mãe que perdeu seu filho. É muito doloroso”, completa.

No Brasil, são 20 milhões de mães solo em território nacional e Cristiane faz parte da estatística. A sepultadora descreve ser uma jornada muito difícil, “tudo fica com a mãe, então precisamos nos dedicar ao trabalho e aos filhos. Levar ao médico, para a terapia, comprar as coisas e organizar tudo para a escola, mas compensatória. Depois de um dia puxado de trabalho, quando vejo meus filhos todo o cansaço vai embora. Claro, depois de tomar banho, a segunda coisa mais importante é dar um abraço neles, um beijo”, finaliza.

São mulheres e mães como Cristiane Ferreira que fazem do ambiente de trabalho e do mundo lugares melhores. Dessa maneira, o Serviço Funerário de São Paulo presta homenagem a todas as mães de São Paulo e do país. Ser mãe é viver a margem da companhia, solidão, intensidade, beleza e parceria. É mediar o instinto materno, o amor incondicional, a responsabilidade sozinha e compartilhada. Somente uma mãe sabe o que é ser mãe!