140 anos de história sepultadas no Cemitério da Consolação em São Paulo

Monteiro Lobato, um dos principais autores da literatura infantil, faria aniversário no último 18 de Abril

O escritor, jornalista, tradutor e empresário, morreu vítima de um derrame em 04 de julho de 1948, aos 66 anos. Monteiro Lobato deixou um legado extenso na literatura brasileira e infantil, em conseqüência, seu aniversário se tornou uma data comemorativa do livro infantil – 18 de abril. Seu corpo foi sepultado no Cemitério da Consolação, localizado na zona sul de São Paulo.

Foto: Vanessa Cardoso Corrêa

Filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Monteiro Lobato nasceu na cidade de Taubaté, no Vale do Paraíba, no dia 18 de abril de 1882. Sempre compartilhou de um gosto especial pela literatura, principalmente ao ler desde pequeno todos os livros da coleção particular de seu avô, o Visconde de Tremembé. Na infância já mostrava seu temperamento irrequieto, que o acompanhou durante toda a sua vida.

Em 1900, Lobato ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, lá se iniciou seu o período escritor, publicando textos freqüentes no jornal da faculdade e em um veículo da cidade de Pindamonhangaba. Os assuntos eram variados, mas focados em causas nacionalistas e sociais, mostrando o lado questionador do autor.

No ano de 1918, o escritor publicou sua primeira coletânea de contos, Urupês. Admirado com o sucesso de sua primeira obra, fundou a Editora Monteiro Lobato, a primeira editora nacional, através da qual transmitiu seus primeiros livros infantis. Inicialmente escrevendo de forma separada sobre os personagens marcados na cultura brasileira: Narizinho, a boneca Emília, Pedrinho, Saci e Cuca.

A sensação dos protagonistas e o Sítio do Picapau Amarelo levaram o nome do autor para outro patamar da literatura brasileira. Sua produção foi disseminada para a área audiovisual da televisão brasileira pela Rede Globo, tanto o live action, com atores reais, quanto o desenho animado, sendo a música tema do seriado uma composição do cantor Gilberto Gil.

Sepultura de Monteiro Lobato

O corpo de Monteiro Lobato foi sepultado no Cemitério da Consolação, que foi inaugurado no dia 15 de agosto de 1858 e se transformou na primeira necrópole pública e o único existente na capital paulista até o ano de 1893. Até sua construção, todos os corpos eram sepultados ao lado de igrejas, na ideia de estarem mais próximos do caminho para o paraíso. Em 1901, o vereador José Oswald Nogueira, pai do dramaturgo Oswald de Andrade, propugnou pela completa reforma dos muros, o transformando de fato em um ponto turístico onde atualmente é um patrimônio tombado.

Além do escritor, o espaço abriga um grande número de jazigos de figuras conhecidas como a pintora Tarsila do Amaral, o escritor Mário de Andrade, o arquiteto Ramos de Azevedo, a Marquesa de Santos, do jornalista Líbero Badaró e o monumental mausoléu da Família Matarazzo.

A necrópole proporciona um ambiente arborizado, cultural, com trabalhos do artista renomado Victor Brecheret, e tranqüilo em meio à agitada e dinâmica Rua da Consolação, no coração de São Paulo. Há mais de cem anos, a área é um espaço turístico, que pode ser visitado gratuitamente, mediante solicitação ao Serviço Funerário de São Paulo.