Serviço Funerário do Município de São Paulo e os 200 anos da Independência do Brasil

Em homenagem ao bicentenário da independência, o SFMSP conta a história de grandes nomes do período do império sepultados no Cemitério da Consolação.

Marquesa de Santos

Domitila de Castro Canto e Melo, popularmente conhecida como Marquesa de Santos, nasceu em 27 de dezembro de 1797, em São Paulo, e foi uma importante personalidade para a história da capital e do Brasil. A Marquesa teve sua vida marcada pelo romance de sete anos com D. Pedro I, o imperador do país.

Domitila casou-se duas vezes, entretanto, o romance secreto com dom D. Pedro I foi o mais marcante de sua vida, principalmente pela influência na política do país. Segundo registros, o encontro dos dois deu-se semanas antes da proclamação da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822.

Anos depois a marquesa instalou-se em São Paulo, onde ajudou financeiramente e culturalmente para a evolução da capital. Segundo biógrafos, ficou conhecida por usar sua fortuna para ajudar os necessitados e os estudantes da Faculdade de Direito de São Paulo.
Domitila faleceu no dia 03 de novembro de 1867, aos 69 anos de idade, e foi sepultada no Cemitério Consolação.

 

Luís Gama

Luís Gama foi uma das mais importantes personalidades negras na história do Brasil. Nascido em Salvador, em 21 de junho de 1830, foi um jornalista de destaque para o movimento abolicionista, ajudando a libertar mais de 500 negros escravizados durante sua vida.

Aos 10 anos de idade, Luís foi vendido como escravo pelo próprio pai, em busca de quitar dividas adquiridas em jogos. Já adulto, morando no interior de São Paulo, conseguiu fugir de seu ‘dono’ e provar sua liberdade, tornando-se finalmente um homem livre.
Mesmo sendo advogado e jornalista, sem formação acadêmica, trouxe à tona a escravizações ilegal que ocorria na época, visto que, uma lei de 1831 já proibia o tráfico negreiro.

Em 24 de agosto de 1882, aos 52 anos, Luís Gama morreu vítima de complicações causadas pela diabetes. Sepultado no Cemitério Consolação, Gama tornou-se uma das grandes personalidades do período monárquico que lutava contra a escravidão.

Dom Luiz de Orleans e Bragança

Dom Luiz, foi o mais recente herdeiro da família imperial brasileira sepultado em São Paulo. Nasceu em 06 de junho de 1938 no sul da França e era bisneto da Princesa Isabel, reconhecida na história brasileira pelo mérito de assinar o documento da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, pelo fim da escravidão no Brasil. Sua tia, Isabel, era conhecida por ser neta do Imperador D. Pedro I, que proclamou a independência no país. Dom Luiz de Orleans e Bragança foi sepultado no Cemitério da Consolação no dia 15 de julho de 2022.

Os modernistas e a Independência do Brasil

A Semana da Arte Moderna de 1922 foi um divisor de águas na cultura, literatura, pintura e dramaturgia brasileira. O evento, realizado no Theatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922, deu visibilidade para uma das escolas mais inovadoras e importantes do país, o modernismo. A escolha da data deu-se pelo aniversário de cem anos da Independência do Brasil.

Cá estamos nós, 100 anos depois, para falar especificamente desta primeira geração do movimento, onde nomes como Oswald de Andrade e Mário de Andrade estavam em evidência, prezava-se pele criação de uma identidade brasileira. Até então, o país sofria com a forte influência de artistas e traços europeus, sobrando pouco espaço para a exploração da nação e suas particularidades.

Um dos grandes exemplos do período é o poema Canto de regresso à pátria, de Oswald de Andrade. Nele comparam-se os encantos do Brasil com os da Europa, onde Oswald fez sua estadia por um período.

Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.