Serviço Funerário Municipal participa de colóquio sobre antropologia da morte na Cidade do México

Colóquio em torno do assunto da morte reúne diversos especialistas para tratar do tema

Na última semana, aconteceu o XIII Colóquio Internacional de Antropologia da Morte, na Cidade Do México. Organizado pelo Museu Nacional de Antropologia, o evento reuniu especialistas no assunto da morte para debater as relações na contemporaneidade que se travam entre os vivos e os mortos. A Superintendente do Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP), Lucia Salles França Pinto e o Assessor Técnico do SFMSP e Doutor em Antropologia Urbana, Michelangelo Giampaoli, participaram do evento com os projetos que foram realizados na capital paulista e a apresentação do programa de ações Memória & Vida.

O evento foi dividido em duas partes. A primeira consistiu em mesas de debate, numa das quais foi apresentado pela Superintendente Lucia Salles o plano de ações que marcou a atual gestão do SFMSP com a ressignificação dos espaços cemiteriais com a inserção de atividades com motivos culturais, destacam-se: Cinetério, apresentações teatrais, performances, apresentação de coral, estreia de longa metragem, passeios fotográficos, saraus, visitas guiadas, palestras, encontros formativos, dentre outras.

Já a segunda, ocorreu num dos grandes exemplos de arquitetura e arte tumular mexicana, e, também, um dos mais antigos cemitérios na Cidade do México, o Panteón de San Fernando. Com tom performativo, primeiro o guia apresentou a parte botânica do local e sua importância para região. Depois, como essa mesma vegetação se manifestava através dos símbolos e a sua forte relação com a arte tumular. Em seguida, apresentava aos participantes a história daqueles que estão sepultados e a importância nacional das pessoas ilustres, alguns presidentes como Vicente Guerrero, importante para o processo de independência do país, Francisco González Bocanegra, autor de versos e da letra do hino nacional.

O Assessor Técnico e Antropólogo Urbano Michelangelo Giampaoli destaca a importância de participar de um evento desse porte, principalmente em um país reconhecido por se relacionar com o tema da morte de uma forma, que se pode dizer, mais saudável.

“É uma parte da cultura mexicana que remonta a invasão espanhola, desde os rituais com sacrifícios humanos às revoluções porque o país passou. A relação com a morte muda. Inclusive é notável o laicismo dos espaços funerários, por exemplo, o Panteón de San Fernando, o qual fica no centro da cidade, é gerido pela secretaria de cultura”, explica.

Com o objetivo de trazer os vivos para a cidadela dos mortos, e os mortos para o espaço dos vivos, o evento cumpre a proposta de discutir a morte na contemporaneidade e as políticas públicas correlatas ao tema. Trazendo, dessa forma, novas perspectivas e visibilidade a um assunto comumente obscurecido pela racionalidade capitalista, cujo modelo econômico transforma o assunto em tabu, assumindo-o como força não produtiva e, em consequência, afasta qualquer forma de se contemplar o tema como política pública efetiva e acolhedora nesse momento.