1ª Corrida em homenagem a Virgilio Gomes da Silva

Esta matéria é do dia 07/10/2016, no entanto foi publicada no dia 17/10/2016 em atenção à legislação eleitoral que limitava as atividades da pasta à prestação de informações públicas, durante a vigência do referido marco legal

Neste domingo (9), ocorreu a 1º Corrida pela Memória “Virgílio Gomes da Silva”, em homenagem ao militante homônimo, assassinado por agentes do DOI-CODI/SP, a 29 de setembro 1969. O trajeto foi idealizado por seu próprio filho, Gregório Gomes da Silva, e terá início às 6h30 na Rua Virgílio Gomes da Silva, Zona Norte.

O grupo seguiu em direção ao cemitério Vila Formosa II. Para encerrar, foi realizada uma homenagem em memória dos mortos e desaparecidos durante os anos de chumbo que assolaram o País.

Durante o percurso – de aproximadamente 27 km de corrida – os participantes passaram por pontos marcantes na vida de Virgílio, desde uma antiga fábrica da Antártica em que ele trabalhava até a Rua Duque de Caxias, local em que foi seqüestrado por agentes da Operação Bandeirantes e morto sem a chance de prestar depoimento. O objetivo da atividade foi a de recuperar a memória individual, da figura que representou para os amigos e para os parentes, e também um trabalho de recuperar a memória coletiva.

“A impressão é que fica uma lacuna. São anos tentando juntar as pequenas peças de um quebra-cabeça que vamos montando, todos juntos, para compreender o que se passou, para compor não só as minhas memórias, mas a memória coletiva do país”, comenta o filho de Virgilio Gomes.

O Cemitério Vila Formosa II foi o final do trajeto, local apontado como última residência de Virgílio, embora seus restos mortais não tenham sido encontrados.

Lá, os participantes se encontraram com a viúva de Virgílio, a senhora Ilda Martins da Silva, que acompanhou a homenagem feita pelo filho e por amigos ao companheiro em um jardim de memórias, criado em 2016 pelo Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP), intitulado “Pra não dizer que não falei das flores”.

Memória

Virgílio Gomes da Silva é considerado o primeiro desaparecido político da ditadura militar. Nasceu no Rio Grande do Norte e foi para São Paulo na busca de melhores condições de vida. Após inúmeros trabalhos , entra, em 1957, na empresa Nitroquímica, como operário. Local em que conhece a sua futura companheira Ilda Martins da Silva. À época, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e começa atuar no movimento sindical, liderando greves.

Depois, em 1967, une-se à Aliança Libertadora Nacional (ALN), chegando a ser o segundo da organização, ficando abaixo apenas de Carlos Marighella. No dia 29 de setembro de 1969 é preso pela Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo, vindo a falecer no mesmo dia, como apontado no documento de 8 de outubro do mesmo ano. O documento só veio à tona no ano de 2004, o qual apontava as escoriações sofridas em seu corpo, após 12 horas de tortura.

Pra não dizer que não falei das flores

Em março de 2016, o Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP) inaugurou o jardim “Pra não dizer que não falei das flores”, em homenagem aos militantes Virgílio Gomes da Silva e Sérgio Roberto Corrêa, bem como demais militantes políticos desaparecidos e mortos durante o regime militar. Essa ação é um marco na memória do local onde foram realizadas as buscas por esses desaparecidos, vítimas dos anos do período militar que assolou o país, ressignificando o cemitério como parque de memória e vida.

Onde 
Largada: Rua Virgilio Gomes da Silva, Jardim Elisa Maria, Zona Norte de São Paulo.
Chegada: Jardim "Pra não dizer que não falei de flores" Cemitério Vila Formosa II, Vila Formosa, Zona Leste de São Paulo.

Quando
Domingo, dia 9 de outubro.