Luto infantil e parental é tema de encontro com profissionais da Educação

O evento trouxe outros olhares sobre a relevância de quebrar o tabu de falar sobre morte e luto dentro das salas de aula

O Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP), em parceria com a Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), São Paulo Carinhosa e a Secretaria Municipal de Educação (SME), promoveram na tarde desta quinta-feira (9), o encerramento do Encontro Formativo “Memória e Vida: Luto infantil e parental”, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade.

O encontro envolveu quase 100 profissionais da Educação na perspectiva de quebrar o tabu de falar sobre morte e luto dentro das salas de aula. A atividade faz parte do projeto Memória & Vida, desenvolvido pelo SFMSP em parceria com a PUC-SP.

Durante a mesa de abertura do evento, o assessor de Relações Internacionais da Secretaria Municipal de Educação, Fernando José de Almeida, ressaltou a seriedade do projeto e sua relevância na formação cidadã. “As cidades são violentas, mas nós podemos educá-las. E quem educa as cidades educadoras? O Memória & Vida é um destes espaços”, comentou.

Almeida destacou que a sociedade de consumo não nos permite enfrentar a perda e, por isto, põe 'muros' nos cemitérios. “Porque a vida fica com muito mais valor e significado se eu sei que terei que enfrentar a morte”, complementou.

Também na mesa de abertura, estiveram presentes a coordenadora do Programa São Paulo Carinhosa, Ana Estela Haddad; a educadora e assessora técnica do SFMSP, Maria Khadiga Saleh; a docente da PUC-SP, Maria Amelia Corá; a diretora da Divisão de Educação Infantil da SME, Sonia Larrubia Valverde; e a superintendente do SFMSP, Lucia Salles França Pinto.

Para a superintendente, ocupar espaços cemiteriais de forma cidadã e levantar debates sobre o luto são formas de humanizar o atendimento do serviço público, desmistificar a morte e celebrar a vida das pessoas. "Memória é o que a gente tem de mais vivo, e quando a memória é coletiva, ela vira história", reiterou.

Na ocasião, Ana Estela Haddad, coordenadora da São Paulo Carinhosa, relembrou um livro de Edgar Morin, que se remete à própria história para contar perda da mãe aos sete anos de idade, o fato mais marcante de sua vida. “Ele viveu esse luto de forma muito solitária e essa dor o acompanhou por toda a vida. Como diz Lúcia Salles, ‘ao falar da morte a gente fala da vida. E levar essa questão para a escola não tem preço’". São Paulo Carinhosa é uma política municipal para o desenvolvimento integral da primeira infância; parceira do Memória & Vida, tem colaborado ativamente de atividades interdisciplinares, entre seminários sobre luto infantil e sessões de cinema, como a exibição do filme A Partida, para servidores municipais e seus familiares, em 2015.

Em seguida, houve uma Roda de Experiências, com mediação da pesquisadora da Fundação São Paulo, Ana Luisa Galvão Bueno (PUC-SP). Em março deste ano, os participantes do encontro formativo debateram como trabalhar o tema do luto dentro das salas de aula. Ontem, trouxeram suas impressões de como foi trazer o assunto para a escola onde atuam e apresentaram resultados dos diálogos sobre a morte com crianças. “Parabenizamos a iniciativa e abraçamos a proposta: em 2017, isto vai entrar no currículo de nossa unidade, porque percebemos como é um tema fundamental”, relatou Cleusa, educadora da CEI Irene Ramalho.

A tarde de atividades se encerrou com a mesa de debate Visões da Morte, com participação da coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre Luto/PUC-SP, Maria Helena Pereira Franco; o psicólogo e escritor de livros infantis Ilan Brenman; e o sociólogo, professor e escritor Reginaldo Prandi.