Serviço Funerário participa de audiência da Comissão da Memória e Verdade

O SFMSP participou da transferência das ossadas da vala clandestina do Cemitério Dom Bosco (Perus) até entrega final ao Laboratório de Antropologia Forense da Unifesp

Na tarde de ontem (2), o Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP) participou de audiência pública na Câmara Municipal, realizada pela Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo. A audiência debateu o uso de cemitérios municipais na ocultação de cadáveres durante a Ditadura Militar. Entre as necrópoles estão Vila Formosa, na Zona Leste, e Dom Bosco (Perus), na Zona Norte.


A superintendente do SFMSP, Lucia Salles, expôs como a autarquia tem cooperado com o trabalho da Comissão da Memória e Verdade e trabalhado para mudar os paradigmas do Serviço Funerário no âmbito do Estado Democrático de Direito.


“Nossa gestão tem o mesmo histórico de luta e resistência. Por isto, somos parceiros em todos os trabalhos desenvolvidos, como a participação na transferência das ossadas da vala clandestina do Cemitério Dom Bosco (Perus), que estavam sob a guarda do Serviço Funerário Municipal no Cemitério Araçá, depois com o Ministério Público Federal e, agora, estão muito bem abrigadas após a parceria que a Prefeitura de São Paulo e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania fizeram para entregá-las ao Laboratório de Antropologia Forense da Unifesp [Universidade Federal de São Paulo]”, explicou a superintendente.


Entre as homenagens aos que lutaram contra o regime militar, em outubro de 2015, o Serviço Funerário Municipal inaugurou o jardim “Cálice”, no Cemitério Dom Bosco. Em dezembro, em parceria com a SMDHC, o grupo de grafiteiros Perusferia pintou um painel urbano no muro da mesma necrópole, contando a história de luta e resistência que marcou o bairro.


Já em março de 2016, o Serviço Funerário Municipal idealizou o jardim “Para não dizer que não falei das flores”, no Cemitério Vila Formosa II, que homenageia Sergio Correa e Virgilio Gomes da Silva, ambos mortos na época. Santo Dias, morto durante o período ditatorial também já recebeu homenagens, através de exibição do filme “Braços Cruzados, Máquinas Paradas” no cemitério Campo Grande, local onde está enterrado.


Além da superintendente Lucia Salles, entre os participantes da audiência da Comissão da Memória e Verdade estavam presentes representantes do GT de Perus, grupo de trabalho criado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para identificação dos restos mortais exumados da vala clandestina do cemitério de Perus na década de 1990; a presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, procuradora Eugênia Gonzaga e a promotora Eliana Vendramini, que representou o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid) do Ministério Público Estadual de São Paulo.