Nos tempos do Império, Dom Pedro I promulgou a Lei Régia de 01/10/1828, que proibia sepultamentos nas igrejas – regra até então – e que deixava os templos religiosos com um cheiro insuportável de cadáveres em decomposição.
Esta lei prejudicou a arrecadação das paróquias, que recebiam doações dos fiéis para terem seus corpos sepultados nas igrejas. Quanto maior o donativo, mais próximo do altar a pessoa era sepultada.
Com o surgimento dos cemitérios em São Paulo, como o de Santo Amaro e da Consolação, surgiu também a necessidade de novos velórios e serviços, transporte de mortos etc. Todos esses trabalhos passaram a ser prestados pela Santa Casa de Misericórdia. A concessão da exclusividade para alugar tumbas, ornatos e realizar enterramentos foi dada pelo rei como uma espécie de compensação pelo fato de as Santas Casas prestarem serviços médicos aos soldados e marinheiros de sua majestade. Logo os funerais se tornaram uma das mais importantes fontes de renda da instituição, que teve o monopólio acertado inicialmente até dezembro de 1899.
Quem desrespeitasse o privilégio da irmandade era excomungado e ainda por cima tinha de pagar uma multa.
Com a eminente finalização do monopólio da Santa Casa nos funerais, algumas empresas privadas já começaram a surgir para explorar este futuro nicho de negócio que, tudo indicava, seria aberto a todos os interessados mediante regulamentação
Foi assim que surgiu uma das maiores empresas paulistanas do ramo de aluguel de carroças e carruagens para sepultamentos e ornamentos de sepulturas: A Casa Rodovalho Júnior & Cia, que o exerceu em bases monopolistas até 1941.
A situação ficou um pouco confusa, oscilando entre serviço privado e público até 1958, quando o então prefeito Adhemar de Barros, sempre atento a boas oportunidades, decidiu criar uma autarquia para cultivar o monopólio. Criando o Serviço Funerário de São Paulo.
Dado o tempo decorrido, hoje o Serviço Funerário de São Paulo é responsável pela gestão e administração de 22 cemitérios municipais, um crematório, 12 agências de contratação de serviços funerários e 114 salas de velórios, distribuídos em todas as regiões da capital.
Registramos que a Autarquia é responsável, aproximadamente, por 90 mil sepultamentos/ano e os registros são efetuados manualmente nos livros que ficam em sede administrativa de unidade cemiterial.
Surgimento das carruagens e carros funerários
Só em 1865 apareceram as carruagens de aluguel com ponto de estacionamento no largo da Sé. Poucas famílias abastadas possuíam esse meio de transporte. O rodar das carruagens ainda chamava a atenção. Durante a noite devia trafegar com duas lanternas acesas.
Um almanaque de 1888 mostrava a Santa Casa de Misericórdia com fábrica de carros e seges na rua da Tabatinguera. Em 1896 a firma Rodovalho Júnior & Cia. possuía uma fábrica de carros, como eram chamadas as carruagens, na Rua da Mooca. Nos primeiros anos do século XIX era considerável o numero de carruagens na cidade.
Em 1901, Henrique Santos Dumont, irmão do inventor, introduziu o automóvel nesta capital. "Um carro aberto, de quatro rodas de borracha, com dois passageiros e que se movia por si mesmo".
Já em 1908 no volante de um Brasier, o francês Conde Lesdain fez a primeira viagem automobilística do Rio de Janeiro a São Paulo, gastando 36 dias.
A partir do início do século XX a empresa Rodovalho e Cia. passa a importar os carros franceses Renault, Berliet e Peugeot. Em sua frota utiliza ainda veículos Fiat, Daimler, marca inglesa, e o carro americano modelo Cunningham.
Automóveis de outras marcas trafegavam pelas ruas da cidade: os franceses Delage, Motobloco, Dedion Boutton; os alemães Hansa e Mercedez Benz: os italianos Alfa Romeo, Bugatti e Isotta Fraschini. Depois da Primeira Guerra Mundial predominaram os carros americanos.
Leia também: Resolução do SFMSP Nº 08 de 08 Outubro 1976