A vocação desta pequena rua do Centro de São Paulo é clara. Cercada de hotéis, teatros, casas de espetáculos, e endereço de alguns dos mais conhecidos e prestigiados restaurantes da cidade, ela vem se firmando nos últimos anos como pólo turístico, gastronômico e artístico da maior capital brasileira. É visitada todos os meses por cerca de 50 mil pessoas, das quais mais de 60% são turistas. No dia 20 de janeiro, às 12h, a Avanhandava será entregue aos paulistanos remodelada por novo projeto urbanístico e paisagístico, com direito a fontes e um pórtico de entrada, no acesso pela rua Martins Fontes.
A reforma, encabeçada pela Subprefeitura Sé e a Associação dos Restaurantes da Rua Avanhandava - presidida pelo empresário Walter Mancini, proprietário dos restaurantes Famiglia Mancini, Walter Mancini Ristorante e Avanhandava 34 -, com apoio da Visanet, vai transformar a rua em um agradável local de passeio.
O trecho entre as ruas Martins Fontes e Martinho Prado teve o piso da calçada e da rua trocado por ladrilho intertravado, em várias cores, recebeu um projeto de paisagismo e passou por reforma no sistema hidráulico, de maneira a permitir melhor escoamento das águas pluviais.
O projeto de revitalização da rua passou ainda pelas mãos da Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA), órgão ligado à Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, onde recebeu orintação para atender as condições de acessibilidade necessárias às vias públicas, segundo normas brasileiras. Ou seja, mais de 3 milhões de paulistanos que têm deficiência ou mobilidade reduzida podem circular livremente pelo boulevard que está livre de obstáculos (degraus ou desníveis) e repleto de rampas de acesso, inclusive aos estabelecimentos, privilegiando a circulação de quem anda, por exemplo, em cadeira de rodas; conta também com piso tátil de alerta e contrate de cores no piso para segurança de pessoas com deficiência visual.
Para o secretário de Coordenação das Subprefeituras e subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, esta iniciativa contribui muito para o desenvolvimento da região. "O trabalho em cojunto entre governo e iniciativa privada é fundamental para que o Centro passe por uma verdadeira transformação. A Avanhandava é um exemplo do que podemos melhorar unindo forças", afirma Matarazzo. Walter Mancini faz coro à idéia de que estas duas esferas devem trabalhar unidas em torno de um bem comum: “Esta obra é uma amostra do que a iniciativa privada pode e deve fazer pela cidade”, diz o empresário, apoiador do projeto de revitalização do Centro de São Paulo, do qual faz parte o histórico bairro italiano do Bexiga, onde está a Avanhandava. “Não é mais possível imaginar que o seu negócio é da porta para dentro, ignorando a rua e o entorno”, completa Mancini.
Uma rua para o pedestre
Veículos de todos os tipos, pedestres e pessoas com mobilidade reduzida têm na nova rua Avanhandava um raro espaço de convivência harmoniosa. Isto porque a reforma da rua foi feita de maneira a observar as normas mais avançadas de acessibilidade e sob um novo conceito de amenização do trânsito, o traffic calming.
Adotado em praticamente toda a Europa e em várias cidades dos Estados Unidos, traffic calming é um conjunto de medidas que visa diminuir os acidentes e estragos ambientais provocados pelo fluxo intenso de automóveis. A entrada da rua Avanhandava, antes com 38 metros de largura, foi reduzida para seis, e o piso foi erguido ao nível da calçada, ou seja, é mais alto que o da pista da rua Martins Fontes. Com isso, logo ao entrar na rua, o veículo é obrigado a reduzir sua velocidade. A conseqüência é o aumento de segurança para os pedestres. Em vários pontos da rua o desnível entre a calçada e a rua é mínimo, em outros é inexistente, o que facilita a vida das pessoas com deficiência visual e dificuldades de locomoção.
A secretária da Pessoa com Deficiência, Mara Gabrilli, elogia essa iniciativa pois mostra, na prática, que transformar a cidade com beleza, desenvolvimento e acessibilidade é um projeto possível. "A Avanhandava ficou bonita, charmosa e acessível para as pessoas com deficiência. É um exemplo de rua que deve ser expandida por toda São Paulo pois combina revitalização com segurança e inclusão. Nossa cidade precisa disso!", complementa.