Projeto do Museu do Futebol é apresentado

Nesta quarta-feira, 20 de dezembro, o projeto do Museu do Futebol foi apresentado oficialmente no Salão Nobre do estádio do Pacaembu.

Uma rede de parceiros se reuniu para viabilizar o projeto orçado em R$ 25 milhões: além da prefeitura de São Paulo, a Ambev, o Banco Real, a Telefônica, a Rede Globo, com apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), do Ministério da Cultura e da Lei de Incentivo à Cultura. As obras de restauração do prédio do Pacaembu e da instalação do museu começam em janeiro de 2007. A inauguração está prevista para o primeiro semestre de 2008.

O projeto, uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo - através da Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação da Cidade de São Paulo e da São Paulo Turismo - e uma realização da Fundação Roberto Marinho, vai transformar um dos mais bonitos estádios brasileiros, o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho - mais conhecido como Pacaembu - em um moderno museu. A proposta é colocar tecnologia de ponta a serviço da interatividade e provocar a emoção dos visitantes.

O Museu do Futebol retratará a influência do esporte na cultura do país. Outro ponto importante é a integração que o projeto vai fazer entre o estádio e a Praça Charles Miller, localizada em frente ao portão de entrada. Quiosques na área externa integrada com o segmento de lojas e a livraria, no primeiro andar do museu, e o entorno do estádio.

Serão três andares ocupados pelo Museu do Futebol que vai criar um percurso específico para o visitante seguir:

* Sala dos Clubes: será uma grande sala de visitas que vai reunir diversos objetos que são utilizados pelos torcedores: é a memorabilia da torcida. Tratados como ex-votos e símbolos dos sonhos e da angústia da cada torcedor, os chaveiros, cinzeiros, flâmulas, broches, bandeiras etc. vão formar cantinhos de cada clube no grande salão.

*Pé na bola: durante o percurso das escadas rolantes o visitante poderá acompanhar a evolução da bola. Os primeiros chutes dados nos campinhos de várzea, em bolas improvisadas, feitas com barbante, meias, plástico ou couro.

*Sala das Torcidas: o visitante vai ser tratado, ao mesmo tempo, como jogador e torcedor. No meio de uma espécie de praça cujo piso reproduz um gramado, tendo em frente telões em multivisão, que projetam imagens de torcida, o visitante vai alternar as sensações de quem está em campo, pressionado ou estimulado pelos torcedores com as de quem está na arquibancada, vibrando ou sofrendo com o desempenho do time. É uma sala barulhenta, com a reprodução de gritos reais das maiores torcidas brasileiras.

*Sala dos Jogadores: depois de passar um tempo numa sala bastante barulhenta, o visitante é convidado a um momento de silêncio. Em painéis de vidro que caem do alto do pé direito da sala, ele vai ver imagens em tamanho natural de jogadores famosos em jogadas antológicas. Elas vão ser projetadas nestas placas de vidro por uma tecnologia moderna, que vai transformar craques como Pelé, Garrincha, Leônidas, Didi, Zico, Rivelino em uma espécie de holografia. A imagem vai ser posta em movimento lentamente, projetada na transparência. "Todos juntos, os jogadores serão como anjos barrocos, no teto desta espécie de Capela Sistina do futebol", explica Leonel Kaz.

*Sala dos Gols: uma construção em elipse no centro da sala, mostra grandes gols de todos os tempos. Nas extremidades destas elipses, cabines de áudio trazem o comentário de grandes críticos do esporte sobre estes gols, estas jogadas. O visitante-torcedor poderá escolher o que quer ouvir. O objetivo desta sala é destacar o poder da palavra no futebol.

*Sala das Origens: um filme ao centro e uma seqüência de montagens gráficas nas paredes laterais contam, em imagens e textos, a origem do futebol no Brasil. Trata-se aí de explicar o que era o Brasil Império e como a República se estruturava. Como o futebol surge em meio a esta sociedade que começa a se tornar mais urbana. Como os primeiros times de elite realizam os seus jogos, com roupas de seda e rigorosos parâmetros de disputa. Como surgem, a partir das competições de remo, os primeiros clubes populares e as primeiras torcidas.

*Sala dos Heróis: são apresentadas algumas das personalidades que marcaram a história e, sobretudo, a cultura do Brasil. Entre elas, Villa-Lobos, Carlos Drummond de Andrade, Oscar Niemeyer, Mário de Andrade, Ary Barroso, Cândido Portinari, Jorge Amado além de Leônidas da Silva e Domingos da Guia. Mostra como o futebol se inseriu como um instrumento de afirmação nacional em plenos anos 1930/40, quando a força do rádio divulgava a arte, a música e a política. Hoje conhecido como a "Era das multidões", este período vai ser o momento perfeito para o esporte se firmar como prática cotidiana e paixão dos brasileiros.

*Rito de passagem, a Copa de 50: este é o momento em que o visitante-torcedor irá sentir o impacto da derrota do Brasil na Copa de 1950. Dentro de um túnel fechado vai experimentar o silêncio que tomou conta do Maracanã ao mesmo tempo em que vê as imagens da partida contra o Uruguai. A partir daí o Brasil começa a viver os seus grandes triunfos no futebol mundial.

*Sala das Copas do Mundo: uma grande homenagem à seleção brasileira. Gigantescas taças formadas por telas vão mostrar, a partir do período histórico correspondente a cada Copa do Mundo, como o futebol acompanhou e ainda acompanha a evolução da cultura e dos costumes da sociedade. Em cada taça, quatro telas de cristal líquido, com imagens em movimento, vão se alternar com painéis de fotos e ilustração. Juntos, estes retângulos de imagens mostrarão a moda, a música, os acontecimentos políticos e as transformações sociais de cada tempo.

*Sala dos Altares: é a sala dedicada a Garrincha e Pelé. Estes dois grandes ídolos merecem homenagens especiais, com a afirmação de seu talento e uma seleção de seus dribles e gols memoráveis.

*Salão da Dança do Futebol: estruturas hexagonais apresentam, cada uma, um tema: os dribles geniais; os gols inusitados, os olímpicos, os gols-contra, aqueles feitos com a mão; as faltas, as contusões, os lances de batalha, as expulsões; os goleiros e suas defesas ou "frangos" memoráveis; as comemorações; as malandragens e os pênaltis; e a arbitragem.

*Labirinto das Curiosidades: a interatividade é levada ao extremo. Além de uma galeria e da linha do tempo dos clubes, os games vão ser todos voltados para o futebol brasileiro. Para esta sala, estão sendo criados jogos nos quais haja, de fato, a participação física do visitante. Entre elas, o momento em que o visitante poderá cobrar um pênalti na imagem em movimento de um goleiro, que vai reagir à cobrança como se fosse de carne e osso.

*Sala das Ciências: aqui, o museu recorre à biogenética e às neurociências para ajudar o visitante a entender fenômenos como o das pernas tortas de Garrincha ou o joelho de Ronaldo Fenômeno. A matemática também está presente, com os números que são uma obsessão da maioria dos torcedores: táticas, datas, efemérides, campeonatos, tudo vai ser apresentado como uma espécie de "rádio-relógio" de curiosidades sobre o futebol. Estes conteúdos exatos, aparentemente pesados, vão ser tratadas com muita leveza e interatividade. As táticas que podem ser o céu ou o inferno de um técnico, por exemplo, vão ser explicadas em uma mesa pimbolim (ou totó).

*Sala Pacaembu: última parada do percurso, este é o espaço dedicado ao estádio do Pacaembu. A proposta é celebrar o patrimônio histórico e explicar a história de um dos estádios mais antigos do país.


O Museu do Futebol vai ter ainda uma série de espaços que interligam suas várias salas. No meio do percurso - entre a Sala das Copas do Mundo e a Sala dos Altares - uma passarela de vidro conecta duas alas do Museu: leste e oeste. Ali, o visitante poderá fazer uma pausa para o descanso e também admirar a vista da praça Charles Miller. O fluxo de pessoas também é visível para quem está do lado de fora do museu. Suspensa por tirantes, a passarela parece flutuar por trás do pórtico monumental. Além disso, ao sair do Labirinto das Curiosidades, o visitante-torcedor terá a possibilidade de visitar a arquibancada e ver o campo, através de uma grande panorâmica de vidro.

 

Fonte: Mônica Nascimento Nader - Secretaria Municipal de Esportes