Líder comunitária surpreende Conselho Participativo

Mutirões de construção de moradias foi citado como exemplo de reforço da cidadania

 Viviane Queiroz chegou como uma anônima. Estava acompanhada do marido, que sentou-se ao lado dela e os dois conversaram apenas entre si. A reunião de ontem (17/06) do Conselho Municipal Participativo São Mateus seguia com discussões sobre os problemas dos córregos Germanos, Caguaçu, Aricanduva.

As construções irregulares às margens, o despejo de entulho, lixo jogado no leito e nos barrancos foram os problemas apontados. Tudo isso faz aumentar enchentes e também desmoronamentos, rachaduras e queda de casas construídas às margens.
O subprefeito de São Mateus explicou que faz o que pode para atender à população e executar com rapidez os serviços que são responsabilidade da Subprefeitura, dentro dos padrões exigidos pela lei.

Viviane ouve tudo com atenção, mas calada, ou cochichando com seu companheiro, ao lado. Quando pede a palavra, segura o microfone com a mão direita, gesticula com a esquerda e passa a disparar palavras de estímulo a uma luta pela conquista do seu espaço, com uma luta dentro da lei, sempre com o apoio do poder público.

Informa que criou uma associação no Jardim Palanque e deseja a conquista de novos locais para a prática do esporte, cultura e atendimento de saúde para os moradores. Explica que tem uma filha de 16 anos e pretende que ela seja uma empreendedora do bem.

Critica o comportamento daqueles que destroem o bairro, jogando lixo e entulho em qualquer lugar, os que desrespeitam o direito dos outros, que vandalizam os bens coletivos. Pede a união de todos contra esse tipo de atitude, com a conscientização e educação.

Conta que conquistou a sua moradia, erguida nos mutirões, quando o falecido governador Mário Covas era prefeito. Defende o mutirão como uma forma organizada de conquista correta, pois a construção só é aprovada se estiver fora de área de risco, distante da margem dos córregos.

A casa era erguida por um grupo de pessoas, que se ajudavam mutuamente e iam recebendo a moradia, organizadas em uma fila. Esse processo reforçava a solidariedade, a cidadania entre aqueles que acabavam de se conhecer, mas se tornariam vizinhos. Valorizava o trabalho, era uma conquista.Mulher negra, cabelo na altura do ombro, veste blusa preta, está sorrindo

Viviane Queiroz

Viviane acabou com alguns momentos de discórdia da reunião, foi aplaudida e mencionada como um exemplo de luta. A Coordenadora Geral dos Conselhos Participativos, que veio a São Mateus como parte de sua jornada de visita às reuniões dos conselhos municipais, instalados nas 32 subprefeituras de São Paulo.

Ela já esteve em outros 20 encontros e elogiou a participação da comunidade, a qualidade das propostas e, principalmente, a participação do subprefeito nas reuniões, num diálogo direto, olho no olho, com os participantes. É assim que funciona uma reunião do Conselho Participativo, com propostas, sugestões e críticas construtivas.

Subprefeito fala na reunião do Conselho Participativo. Líderes comunitários estão sentados em frente à mesa, em cadeiras enfileiradas