Saúde tem programa de tratamento para quem quer parar de fumar

Responsável por 30% de todos os casos de câncer no mundo, o cigarro é uma ameaça à saúde pública e ganha adesão dos adolescentes com narguilés e produtos eletrônicos

Reconhecido como uma doença crônica, o tabagismo é causado pela dependência à nicotina, presente no tabaco. No Brasil, a forma predominante no consumo do tabaco é o fumado. No Dia Nacional de Enfrentamento ao Fumo, 29 de agosto, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo atende, conforme prevê o Programa Nacional de Controle do Tabaco, a população que deseja o tratamento para eliminar a dependência do cigarro.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo responde por 30% de todos os casos de câncer e é a principal causa de morte evitável em todo mundo. Uma pessoa morre a cada seis segundos por doenças relacionadas ao uso do tabaco, seis milhões de mortes anuais graças ao fumo, número que deve chegar a oito milhões até 2030 se não forem tomadas medidas fortes para controlar o que a OMS chama de "epidemia do tabaco”. Também merece nossa atenção o tabagismo passivo, a terceira causa de morte evitável no mundo.

Com uma abordagem comportamental com atividades que consiste em mobilizar o paciente para que pondere a possibilidade de deixar de fumar, o tratamento na rede municipal acontece nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS AD). “Em 2018, totalizamos 385 Unidades credenciadas para o tratamento”, comemora a responsável pela área de Saúde Mental da SMS, Teresa Endo.

Quem deseja deixar de fumar deve se dirigir a uma UBS, que encaminha o paciente para uma unidade de referência que oferece o tratamento. Todas as unidades de saúde do Município estão sendo capacitadas para o credenciamento junto ao Instituto Nacional do Câncer - INCA.

O tratamento intensivo contempla quatro encontros semanais de abordagem comportamental. São três meses de terapia e um ano de acompanhamento. Os medicamentos prescritos após avaliação médica são para a reposição de nicotina, adesivo transdérmico, goma de mascar e cloridrato de bupropiona.

“Como apoio aos casos mais complexos, a medicação é a última escolha”, explica a psicóloga Teresa Cristina Endo. Os fumantes que poderão se beneficiar da utilização do apoio medicamentoso precisam participar do tratamento intensivo e, se apresentarem um grau elevado de dependência à nicotina.

Adolescentes, narguilés e cigarros eletrônicos preocupam a saúde pública

Neste mês de enfrentamento do tabagismo, os profissionais de saúde da SMS participam de cursos à distância com o objetivo de credenciar mais Unidades para o atendimento à população tabagista.
Por meio do Programa Saúde na Escola (PSE), o município também desenvolve ações preventivas para crianças e adolescentes para evitar a iniciação do tabagismo. Os produtos que hoje preocupam a saúde pública entre esse público adolescente e jovem são o narguilé e o cigarro eletrônico.

De acordo com os dados do Inquérito de Saúde da cidade de São Paulo (ISA Capital 2015), o tabagismo entre adolescentes é crescente. Nas entrevistas, 4,3% deles declaram-se tabagistas e 1,8% já fumaram, o que reforça a necessidade de educação preventiva para crianças e adolescentes, idade em que é frequente a iniciação no fumo.

Dados da Sociedade Brasileira de cardiologia apontam que a possibilidade de um fumante morrer antes dos 65 anos é três vezes maior do que entre os não fumantes.

O risco de problemas cardíacos, de câncer no pulmão é dez vezes maior, se comparado ao de quem nunca fumou.
Existem 56 doenças causadas diretamente pelo fumo, como alguns tipos de cânceres, aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias, bronquite crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), impotência sexual no homem, problemas circulatórios e enfisema.