Santo Amaro completa 456 anos de aniversário

As contradições e os séculos de história de Santo Amaro

A área, que tem seus primeiros registros datados do século 16, cresceu, já foi município e, de volta à propriedade da Capital, se multifacetou. A história permanece viva com os moradores, que falam com orgulho da terra.

O "mar de barracas" que se instala no centro histórico Santo Amaro é um caleidoscópio, cujo ponto focal pode ser um quadro do artista plástico santo-amarense Júlio Guerra, produzido nas primeiras décadas do século passado, que retrata um mercado velho, o Largo 13 de Maio e a Igreja de Santo Amaro, com pessoas languidamente nas ruas de terra ou em cenas de enterro, como se as horas não passassem.

O tempo passou, o distrito cresceu, se multifacetou, mas a história permanece viva junto aos moradores nascidos ali e que falam com orgulho da terra. E não há como entender Santo Amaro deixando a história para trás.

No início, século XVI, era uma aldeia de índios Guaianases, chefiada pelo cacique Cayubi. A chegada dos portugueses a São Paulo deu início ao processo de miscigenação na região: em 1560 a índia Terebê, considerada a avó de Santo Amaro, casou com um português.

Os portugueses também foram responsáveis pela denominação de Santo Amaro, quando, naquele mesmo ano, o casal João Paes e Suzana Rodrigues, que morava numa chácara, doou uma imagem do santo ao povoado, e que foi instalada numa capela no ponto mais alto da região, conhecido como Largo da Bola, posteriormente Largo 13 de Maio, onde efetivamente começou o vilarejo.

Séculos depois, em 1832, foi elevado à condição de município, com a criação da Câmara Municipal de Santo Amaro. Permaneceu como cidade até 1935, quando foi incorporada ao município de São Paulo, abrangendo uma área territorial que incluía Cidade Ademar, Parelheiros, Capela do Socorro, M´Boi Mirim, Brooklin, e que totalizava 614 quilômetros quadrados.

Prosperidade

Como pólo central na Zona Sul da cidade, teve uma prosperidade constante, com a instalação de diversas indústrias por imigrantes europeus, chegando a responder por 50% do recolhimento de impostos nos anos 70, segundo dados da subprefeitura. A concentração dessas empresas era na região de Jurubatuba, cortada pela avenida das Nações Unidas.

Hoje, a área ocupada pela subprefeitura é menor do que a que formava o município, abrangendo os distritos de Campo Belo, Campo Grande e Santo Amaro. A exemplo de outras regiões de São Paulo, a subprefeitura sofreu esvaziamento das indústrias, atraídas para o interior, e desenvolveu o setor de comércios e serviços, principalmente na Chácara Santo Antônio.

Revitalização do Largo 13 e adjacências

Quem passa hoje no Largo 13 de Maio e ruas vizinhas, verifica como Santo Amaro mudou para melhor e ficou mais bonita. A revitalização de toda área com a retirada de mais de 1.400 por ambulantes que ocupavam o espaço público irregularmente por mais de 20 anos, foi uma das grandes conquistas para a população santamarense. Agora novo paisagismo pode ser visto no Largo 13, as fachadas das lojas podem ser apreciadas pela população, e a segurança ampliada para os pedestres e consumidores circularem livremente pelas ruas do bairro.

A administração atual não mediu esforços para resgatar e dar esse presente a população, que serviu como exemplo em outras regiões.

História

A história de Santo Amaro encontra-se preservada no Museu de Santo Amaro, administrado pelo Cetrasa (Centro de Tradições de Santo Amaro), e que tem como guia Izabel Quintana Helfenstein, uma simpática senhora filha de espanhola e casada com um descendente de alemão – um caso que demonstra bem a presença de imigrantes na região.

O museu é repleto de quadros de Júlio Guerra, o artista plástico nascido na região em 1912, e que conta com uma sala só para seus quadros. “Toda casa bacana em Santo Amaro tinha que ter um quadro do Júlio, porque ele era uma pessoa muito amada”, conta Izabel.

A cultura local encontra-se preservada ainda no Teatro Paulo Eiró, nome em homenagem ao poeta local de maior projeção. O teatro, inaugurado no final dos anos 50 e em plena atividade, possui em frente um painel também dedicado ao poeta.