São Paulo aplica 1,7 milhão de doses da vacina contra gripe e imuniza 63,9% do público-alvo

Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (25), foram confirmadas 40 mortes por Influenza A H1N1 na cidade, sendo que 77,5% tinham fatores de risco e somente cinco tinham se vacinado, reforçando a importância da imunização

A Secretaria Municipal da Saúde divulgou na tarde desta segunda-feira (25) um novo balanço sobre a Influenza na capital paulista. Desde o dia 4 de abril até a manhã da última quarta-feira (20), a rede pública municipal aplicou 1.752.212 doses da vacina contra a gripe em mais de 500 unidades municipais de saúde. Dentro do público-alvo da campanha, 63,9% já foram imunizados contra a gripe, incluindo a Influenza A H1N1. A meta da Prefeitura é vacinar 80% do público-alvo ou cerca de 3,2 milhões de pessoas em toda a capital paulista até o próximo dia 30, quando se encerra a vacinação, que foi antecipada na cidade de São Paulo e na Região Metropolitana.

A vacina é aplicada gratuitamente em 451 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) espalhadas por todas as regiões da cidade, das 7h às 19h, de segunda a sexta-feira. Pela primeira vez, 87 unidades da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) integradas a UBSs desde 2013 pela atual gestão também fazem vacinação aos sábados, das 7h às 19h. Em 2015, a cobertura vacinal foi de 81,72% desse público-alvo.

“Batemos recordes. Nunca em uma semana e meia se chegou a mais de 63% de vacinação, mas é importante saber que ainda tem muitos idosos para vacinar, muitas gestantes e pessoas com doenças crônicas. É importante as pessoas saberem que, se não foram na primeira semana, a campanha de vacinação continua, e os grupos prioritários são nosso grande esforço”, afirmou o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha.

As maiores coberturas de vacinação estão entre os profissionais de saúde, com 94,8% imunizados, e os idosos, com 61,9%. Na sequência, estão as crianças maiores de seis meses e menores de cinco anos, com 56,5%, e os indígenas, com 37,8%. No grupo das gestantes, a imunização atingiu 46,4% do público alvo, e nas puérperas, ou seja, mulheres que deram a luz recentemente, 29,6%.

“Gestante é um grupo que sempre fica um pouco abaixo dos demais, por isso gostaria de reforçar a segurança dessa vacina para a gestantes. Não tem nenhum risco da gestante receber a vacina contra a gripe, porque ela não é uma vacina de vírus vivo, é como se fosse uma partícula de vírus vivo que vai desencadear a resposta imunológica. Então, é uma proteção muito importante para gestante, porque se ela pega uma síndrome respiratória aguda grave é potencialmente perigoso para ela e para o bebê, por isso é uma proteção”, disse o secretário.

Nos distritos e bairros da cidade, os que tiveram a maior cobertura de vacinação do público-alvo estão na periferia, com Ermelino Matarazzo, no extremo leste, com imunização de 84,9% e Parelheiros, no extremo sul, com 79,1%. A Campanha Nacional de Vacinação, antecipada na cidade de São Paulo e Região Metropolitana, foi iniciada no dia 4 para profissionais de saúde. A partir do dia 11, começou a imunização para idosos com mais de 60 anos, gestantes, crianças com mais de seis meses e menos de cinco anos e a população indígena.

A segunda etapa foi iniciada na segunda-feira passada (18) e passou a imunizar também mulheres que deram à luz nos últimos 45 dias e pessoas com doenças crônicas, ou seja, cardiopatas, diabéticos e hipertensos.
Veja a apresentação completa dos dados


Casos e mortes

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, até o dia 19 de abril, foram notificados 2.218 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que resultaram em 93 mortes. Dentro desses casos de SRAG, 385 foram de Influenza A H1N1, com 40 mortes. Das mortes confirmadas, 17 são de crianças com menos de cinco anos e idosos com mais de 60 anos, grupos que têm priorização na campanha de imunização. Juntos, eles somam mais de 42% dos óbitos. A Secretaria Municipal da Saúde também aponta que das 40 mortes por Influenza A H1N1, 31 vítimas (ou 77,5%) tinham fatores de risco na saúde e somente cinco delas tinham se vacinado, o que reforça a importância da imunização.

“Os dados só reforçam que os dois extremos das faixas etárias –de 60 ou mais e menor de cinco anos– são, de fato, os que têm maior taxa de síndrome respiratória aguda grave provocada por H1N1. Etão a campanha continua e quem não foi vacinar, é importante que vá”, afirmou Padilha.

Os números são superiores aos do ano passado, quando foram registrados 986 casos de SRAG, sendo 12 de Influenza A H1N1, com nenhuma morte por esse tipo de gripe. Apesar disso, o volume é pouco inferior ao registrado em 2013, quando foram 588 casos de Influenza A H1N1, com 84 óbitos, e longe do patamar de 2009, quando foi registrada a pandemia. Naquele ano, foram 1.965 casos de Influenza A H1N1 confirmados e 130 mortes.

“Tivemos uma antecipação da circulação do H1N1 na cidade, mas essa antecipação não levará a um cenário parecido com o da pandemia de 2009. Estamos muito distantes disso e acreditamos na importância das medidas de antecipação da vacinação nos grupos prioritários, porque exatamente são eles que têm uma relação maior e um risco maior com casos graves e óbitos”, disse o secretário.


Atendimentos

Apesar do aumento de casos em comparação ao ano passado, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, vem caindo nas últimas semanas a procura por unidades de saúde de urgência e emergência, que tinha atingido um pico no fim de março. De acordo com os dados, enquanto na 13ª semana epidemiológica 273.473 pessoas foram a unidades de urgência e emergência da capital paulista, nas semanas seguintes o número caiu para 256.450, na 14ª, e 239.846 na 15ª semana. O volume de atendimentos é o menor registrado desde a 9ª, ainda no início de março.

“Tivemos uma estabilização dessa procura, o que não significa que tivemos uma redução do número de casos, seja de síndrome gripal ou da H1N1, ou nem que isso vá continuar caindo, porque nós ainda não entramos no período em que esse fluxo de procura por doenças respiratórias é maior, que é o inverno”, afirmou Padilha.

Mesmo com redução na procura, a Prefeitura, por meio das organizações sociais que administram os equipamentos, tem buscado a contratação de médicos. Somente nas unidades da zona leste, 152 plantões de pediatras foram contratados e 264 estão em contratação.
Um estudo da secretaria no primeiro domingo de abril apontou, por exemplo, que dos 83 pediatras que deveriam estar atendendo nos serviços de urgência e emergência, apenas 39 estavam presentes. Nas unidades da zona leste, dos mais de 5.000 plantões previstos para janeiro, quase 2.000 não foram realizados, um absenteísmo de 37%. O município iniciou uma força-tarefa para investigar e apurar as causas das faltas dos médicos.
Atualmente, a rede municipal conta com 453 UBSs, 100 AMAs 12 horas, 19 AMAs 24 horas, 18 hospitais municipais, 16 prontos atendimento e socorro, além de duas novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24 horas. O paulistano pode se informar sobre a localização desses equipamentos público por meio do aplicativo Busca Saúde.


Medicamento

Por conta do aumento da procura, a distribuição do Oseltamivir ganhou novas regras para garantir que não haja uso desnecessário e que todos os que precisam tenham garantia do medicamento. A receita deve estar com letra legível e constar o número CID da enfermidade que justifique o uso do medicamento. As receitas de oseltamivir têm validade de cinco dias após sua emissão. O medicamento é dado ao paciente mesmo quando a receita trouxer concentração menor que 75mg, sendo o paciente orientado quanto à diluição. Também passaram a ser aceitas prescrições com nome comercial do medicamento - Tamiflu.

As ações já garantiram o uso mais seguro do medicamento e maior eficiência na prescrição correta do Oseltamivir. Enquanto na semana entre 5 e 11 de abril foram dispensadas 128.622 cápsulas do medicamento, no período entre os dias 12 e 18 foram 79.854. O número não representou menor efetividade, já que as capsulas estão sendo utilizadas em até três dias após o diagnóstico dos sintomas. Antes, estavam sendo utilizadas em até seis dias, e o ideal é que aconteça no máximo 48 horas após o início dos sintomas.

“Assim como nem toda a síndrome gripal é uma gripe por H1N1, nem toda a gripe ou resfriado tem indicação de uso do Oseltamivir. Qualquer utilização fora do que é indicado pode levar a eventos adversos não desejados ao paciente e também ao desenvolvimento de uma resistência precoce do vírus H1N1 a essa medicação, por isso tomamos algumas medidas de uso responsável do medicamento”, disse Padilha.

Em todo o ano de 2015, foram distribuídas 64.959 cápsulas do Oseltamivir e, em 2014, foram 153.757. Neste ano, somente entre 1º de janeiro a 18 de abril, foram 425.688 unidades do medicamento. A rede municipal conta com o medicamento em estoque, mas o cidadão pode conferir qual a unidade mais próxima de sua casa pelo aplicativo Aqui Tem Remédio.