20 de Novembro é o Dia da Consciência Negra

Conheça a história de luta contra o preconceito da Servidora Vera Aparecida.

A foto da servidora se destaca no fundo amarelo, azul e verde. Ela usa turbante amarelo vibrante e blusa com estampa de oncinha. Acima de sua cabeça, aparece a frase: "respeite a minha religião". Escrita em letras maiúsculas brancas.

A data homenageia Zumbi, um dos destaques da luta do povo negro contra a escravidão. Zumbi nasceu livre, mas foi escravizado e, posteriormente, tornou-se o principal líder do Quilombo dos Palmares. Ele morreu em 20 de novembro de 1695.

Para celebrar toda miscigenação racial e cultural do povo brasileiro, ao longo deste dia, apresentaremos duas histórias de coragem, luta por igualdade e superação de preconceitos. Os depoimentos foram colhidos de funcionários públicos. Leia-os com carinho e atenção.

Conheça o relato da servidora Vera Aparecida, carinhosamente conhecida como Verinha:

“Tenho 60 anos e estou no funcionalismo público há 28 anos. Sou negra e minha religião é de matriz africana. Cultuo o Candomblé desde os 15 anos. Já sofri preconceito tanto por ser mulher negra, quanto por ser de religião africana.

Quando criança, era discriminada e perseguida na escola por minha professora. Sempre obtinha nota inferior às das outras crianças, apesar de todo meu empenho. Como naquela época ainda não existia legislação que me amparasse [a Lei de nº 7.716, que criminaliza o racismo, foi sancionada no dia 5 de janeiro de 1989, há 30 anos] e eu era criança, não reagia. Fui superando isso de acordo com o tempo.

Até dentro do funcionalismo público tem preconceito. Sou atendente na Supervisão de Cultura, aqui faço cadastro e atendo ao público. Algumas pessoas, quando vem até mim, dão um jeitinho de serem atendidas por outro servidor.

Acredito que o preconceito religioso e o racismo partem do mesmo princípio. Se a religião de matriz africana, suponhamos, viesse de descendência europeia, seria mais aceita e talvez não existisse tanta discriminação. [O Candomblé, por exemplo, é derivado dos cultos tradicionais africanos, trazidos pelos negros aprisionados em navios negreiros].

Nossa luta é diária e constante. Para erradicar o preconceito é necessário haver informações. Minha religião acredita, primeiramente, em Deus, porque sem Ele nada flui. Depois em nossos ancestrais, os Orixás. Não cultuamos maldade, apenas o amor e respeito”.

Respeite a cultura da Verinha, e de tantas outras pessoas, bem como eles te respeitam!