Pintura “Independência ou Morte” do Museu do Ipiranga passa por processo de restauro

Ícone do acervo, a obra monumental com quase 32 metros de área, de autoria de Pedro Américo, está passando por processo integral de restauro

Em exposição permanente desde a abertura do edifício, em 1895, a obra é fruto de encomenda para compor o Salão Nobre do Museu do Ipiranga, em local projetado especialmente para ela. Uma carta de 1887 trocada entre Pedro Américo, que à época vivia em Florença, Itália, com Tommaso Bezzi, o engenheiro arquiteto que projetou o edifício do Museu, revela o processo de criação da obra e a promessa de que em 1888 ela estaria em São Paulo.

“Trata-se de um quadro excepcional em tudo: as suas grandes dimensões, o tema histórico representado, o fato de ter sido encomendado e projetado para o edifício que lhe dá um local especial e, sobretudo, por ser a pintura mais conhecida do país, exposta no Museu mais popular da cidade de São Paulo”, afirma Yara Petrella, conservadora e restauradora do Museu Paulista da USP responsável pela coordenação do projeto.

A coordenadora explica ainda que pelo fato do suporte da pintura estar em bom estado, a opção de realizar o restauro no próprio local em que a obra se encontra garante que riscos sejam minimizados e a estrutura permaneça em perfeito ajuste.

Além da tela, a moldura, que é integralmente entalhada e folheada a ouro, também está sendo trabalhada. O prazo de execução da obra é de 12 meses, e envolve a instalação do canteiro, testes de materiais, a execução das intervenções e a desmontagem da estrutura de trabalho. A pintura havia sido restaurada em 1968, passou por limpeza e envernizamento em 1972 e em 1986 teve refrescamento da pintura com o uso de solventes.

As intervenções estão sendo realizadas com aportes científicos, critérios e procedimentos técnicos em sintonia com o que de melhor se faz no mundo. No primeiro momento, são feitas avaliação dos resultados das análises científicas, identificação dos materiais originais e os inseridos nas intervenções anteriores. Após a identificação dos danos, testes de solventes e géis para extração de vernizes, retoques e nivelações, passa-se à extração das nivelações, retoque e vernizes, com o devido nivelamento de lacunas e preparação para retoques. O trabalho é concluído com o rebaixamento e fixação da camada pictórica onde houver necessidade e a aplicação de verniz de acabamento para homogeneização de toda a área. O objetivo é conseguir um acabamento que se assemelhará o mais possível ao original.