Especialista fala sobre variabilidade climática, inundações e secas

Palestra faz parte das atividades de composição do Plano de Ação Climática da cidade de São Paulo, a ser concluído em junho.

“É preciso compreendermos dois aspectos distintos, quando falamos em clima. O primeiro é o impacto da ação do homem ao meio ambiente, com a degradação do solo, os lixões e as emissões dos carros. O segundo se refere às mudanças do clima, provocadas pelo ciclo do carbono e pelas fábricas. Juntas, desde a década de 1960, têm provocado o aumento sistemático das temperaturas. Se não fizermos nada para combater esse ciclo, subirá a frequência dos chamados eventos extremos, como as chuvas que castigaram São Paulo em fevereiro”.

A informação foi dada na manhã desta quarta (11), no auditório do Edifício Martinelli, Centro de São Paulo, pelo climatologista e Coordenador de Pesquisa em Mudança do Clima do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP, Tércio Ambrizzi (na foto, ao lado de Laura Ceneviva, Secretária Executiva do Comitê Municipal de Mudança do Clima e Ecoeconomia). A palestra foi dada aos integrantes do Grupo de Trabalho Intersecretarial responsável pela elaboração do Plano de Ação Climática do município de São Paulo. O plano está sendo elaborado pela Prefeitura de São Paulo.

O objetivo foi oferecer aos técnicos dados relevantes sobre a variação climática, traçando um panorama sobre a possibilidade crescente de novos eventos extremos, como as recentes inundações que castigaram a capital paulista em fevereiro. Após sua explanação, o climatologista respondeu a diversas perguntas dos integrantes do GTI.

Em seus estudos, Ambrizzi lembrou que, desde 1901, há um aumento gradativo das temperaturas, e que a partir de 1960 esse processo se acelerou. “Estamos falando de dados confiáveis, medidos pela Organização Mundial de Meteorologia”, informa o pesquisador. Ambrizzi destacou os malefícios desses eventos – chuvas intensas ou secas – para a economia e para toda a sociedade. A solução – principalmente política – passaria pelo bom senso de planos mitigatórios e de adaptação serem mantidos e continuados, a despeito das mudanças de governo.

Apesar do aumento numérico de chuvas extremas, o especialista lembra que o índice pluviométrico será cada vez menor e, por outro lado, crescerá o consumo de água. “Por conta das mudanças climáticas em curso, nosso inverno será cada vez menos frio e a umidade relativa do ar cairá. Só com um bom planejamento, será possível adotar medidas que minimizem esses impactos, permitindo que a cidade adapte a eles e possa modificar o futuro sombrio que se desenha para a cidade”.