Saudade... minha terra

Yoshie Ogasawara

 Natural da Província de Hiroshima, aos 98 anos de idade, sendo 95 de Brasil, Yoshie Ogasawara esbanja saúde, alegria, sabedoria e memória impecável. Nascida em 1921, com três anos de vida desembarcou com a família no Porto de Santos, após 70 dias de viagem.

A família de Yoshie foi para Brodowski e dali seguiu para a Colônia Nova Aliança, na região de Mirandópolis, onde já vivia um primo. O núcleo das Alianças, iniciado em 1921, era formado por imigrantes japoneses e se destacou por reunir intelectuais, militares, pesquisadores e professores.

“Minha mãe era firme, controlava tudo”. Aos 7 anos, com a morte do pai, a família foi assumida pelo tio que os criou como filhos, relembra emocionada.

Segundo conta, o imigrante que veio para o Brasil tinha a intenção de ganhar dinheiro, ficar alguns anos por aqui e depois voltar ao Japão, mas este projeto era sempre desfeito pelas duras condições de vida encontradas no novo país.

Desde 1968 na região do Ipiranga, a hoje moradora do Jardim da Saúde, lembra que sua união com o marido foi um tipo de casamento miai ou omiai que em japonês, significa "casamento arranjado” e “durou 45 anos!”, ressalta com Yoshie com entusiasmo.

Quando se casou foi viver em São João Clímaco, onde ficou até 1985, cuidando da família. “Naquela época, quase não tinha sol, pendurava roupas no varal em qualquer hora, e sofríamos com o roubo dessas peças do varal”.

Quase centenária, com 5 filhos, 9 netos e 14 bisnetos, e ainda ativa no preparo dos pratos típicos da culinária japonesa para o Templo Higashi Honganji, Yoshie Ogasawara não esquece as raízes, mas leva o Ipiranga em sua história.

Abaixo do quadro com a foto de seu esposo, a entrevistada Yoshie Ogasawara utiliza uma blusa branca. Atrás dela, diversos símbolos da cultura nipônica.