Saudade... minha terra

Francisco Severino de Lima

 

Francisco Severino de Lima, 62 anos, é natural de Pombal, na Paraíba, onde morou até os 18 anos. “Cheguei em São Paulo em 1977 e fui procurar um amigo que era dono de um restaurante e que tinha me convidado para trabalhar com ele”. Não nega que foi difícil se adaptar, principalmente por não estar acostumado ao ritmo de trabalho do restaurante. “Bateu saudade pra caramba, só não voltei para a Paraíba porque não tinha dinheiro”. Mas aos poucos, Francisco foi se adaptando e se acostumando ao ritmo da capital paulista. Nesse período, só foi para Pombal em 1980, três anos depois, mas lá não quis ficar mais. Aos poucos foi trazendo os irmãos e irmãs para morar em São Paulo.

Das lembranças do sertão paraibano, Francisco relembra os tempos em que trabalhava e frequentava a escola rural: “na escola a gente ia a pé, eu trabalhava das 7 horas da manhã até 10hs, ia para a casa almoçava e ia para a escola rural. Andava mais ou menos uns 8 quilômetros para ir, era longe...”


Em 2005 veio para o Ipiranga para trabalhar com o seu irmão que tinha um bar aqui. Em 2011 abriu o Lino Lord Bar, na esquina da Rua Lino Coutinho com a Lord Cockrane. Gosta do Ipiranga pela tranquilidade do lugar, “aqui é um bairro que fica perto de tudo” e acrescenta: só padarias tem umas 8 tops”.


O hoje comerciante ipiranguista, que não se arrepende de ter vindo para cá, lembra dos pais que estão falecidos, das comidas caseiras, das rapaduras, das carnes postas ao sol e da tranquilidade do interior nordestino.


“Meu pai tinha uma espécie de armazém onde ele guardava toda a sua produção para a gente consumir durante o ano todo”. Parece que os cheiros e sabores da culinária nordestina ficou na memória afetiva do comerciante. Fora a lembrança de que gostava de selar cavalos e cavalgar, o que vem sempre à tona é a comida. Talvez não seja por acaso que está no ramo da culinária a tanto tempo. Francisco sempre que perguntado sobre lembranças do sertão relata alguma comida feita pela sua mãe, tal como a tapioca: “ela fazia uma muito especial, dessas que eu nunca mais vou comer na vida.”