Guaianases é nossa terra, 151 anos de muita história

Guaianases com “z” ou com “s”

Para os filhos do bairro, Guaianases é o centro do mundo. O nome surgiu do tupi, tribo indígena Guaianás que habitava essa região, antes conhecida como campos de Piratininga. O bairro recebeu o nome oficial pela Lei nº 252 de 27/ 12/ 48.
 

Guaianases representa a população brasileira, pois começou com os indígenas, depois eles se misturaram com os brancos, como os portugueses que aqui chegaram. Depois houve uma miscigenação com os negros, com os imigrantes europeus, e diferentes raças, e também com o próprio povo brasileiro que veio do norte, do nordeste, de minas, enfim de outros estados para cá. Então, há uma mistura de grupos étnicos formando um mosaico. Essa mistura é a marca de São Paulo, que fica muito visível aqui em Guaianases.

 
 

Os índios Guaianás, segundo pesquisas, eram nômades e viviam da caça, pesca e coleta de frutos silvestres, ou seja, quando os recursos de uma região se esgotavam, eles caminhavam para outra, diferente de outras tribos, eles não habitavam em ocas, e sim tinham o hábito de viver em covas forradas com peles de animais e ramas. A chegada dos brancos e jesuítas trouxe desentendimento. Por volta de 1820, os índios estavam extintos e a terra encontrava-se em mãos de particulares.
 

A região passou a ser então um ponto de passagem do Imperador. Os viajantes dormiam aqui para depois seguir direto às minas de ouro. No Vale do Ribeirão Lajeado, em terras da família Bueno, foi edificada uma pousada e uma pequena capela para recepção dos viajantes que cruzavam a região. Atualmente o Cemitério Lajeado. O caminho, conhecido como a estrada do Imperador, ficou conhecido também como Estrada dos Guaianases, atual Estrada do Lajeado Velho.
 

  

A partir de 6 de novembro de 1857 a área passou a ser designada de Lajeado Velho e o entorno da Estação Ferroviária foi chamado de Lajeado Novo. Três anos depois a capela Santa Cruz de Lajeado foi inaugurada, 3 de maio de 1861. O povoado se desenvolveu entorno da capela, dando início ao bairro. Neste último núcleo de povoamento construiu-se, ao final do século XIX, a Capela Santa Cruz. A primitiva Capela de Santa Cruz do Lajeado teve sua padroeira trocada para Santa Quitéria, a fim de que esta capela não fosse confundida com a capela do Lajeado Novo.
 

O crescimento de Lajeado foi lento e embasou-se na presença de imigrantes e de migrantes. Com o fim do tráfico negreiro e a extinção indígena, a mão-de-obra ficou necessária. Neste período, os europeus estavam passando por uma situação difícil então, acabaram sendo atraídos para o Brasil para trabalhar, sobretudo nas fazendas de café.
 

A estrada de ferro, por volta de 1875, chegou à região. Era o caminho para o Rio de Janeiro, a Capital. Era chamada Estrada de Ferro Norte, depois: Central do Brasil. Ela facilitou a vinda dos imigrantes. O bairro então encontrou algum desenvolvimento por volta de 1920. A instalação de olarias na região e a chegada da Estrada de Ferro Norte deram impulso à área. Pelos trilhos vieram os imigrantes italianos estabelecendo-se como comerciantes, fabricantes de vinho, fabricantes de tachos de cobre, ferreiros e carpinteiros. Os espanhóis também se fariam presentes a partir de 1912 para dedicar-se à extração de pedras através das Pedreiras Lajeado e São Matheus.
 

Com a queda do processo de imigração, surgiram os migrantes que vieram de Minas Gerais e os que vieram do nordeste do país, que acabaram sendo atraídos para São Paulo porque a região estava se desenvolvendo e a construção civil começava a ganhar peso. Com a construção das avenidas, no governo Prestes Maia, crescia a necessidade de mão-de-obra sem qualificação ou semi-qualificada. Os migrantes vinham e se estabeleciam sozinhos. “Eles vinham em busca de emprego, atrás do chamado Eldorado Paulista. Moravam em cortiços, na região do Brás, onde passava a estrada de ferro.”, diz a historiadora.
 

A partir da segunda década do século 20 a região começou a receber um grande número de migrantes nordestinos, que representariam parte significativa da população local. Mão-de-obra não especializada, os moradores passaram a desempenhar as diversas tarefas requisitadas pela cidade que crescia em ritmo frenético. A baixa remuneração fez brotar um bairro embasado na autoconstrução, com residências muitas vezes erguidas em área de risco.
 

Em 30 de dezembro de 1929, Lajeado era elevado à condição de distrito. Os primeiros loteamentos de Lajeado surgiram a partir da segunda década do século 20, como Vila Iolanda (1926), CAIC (1928), Princesa Isabel (1928) e parte da Fazenda Santa Etelvina (1926), que abrigou famílias alemãs e austríacas.
 

A Fazenda Santa Etelvina ligou-se à Estação do Lajeado através de um ramal particular, que funcionou de 1908 a 1937. Através dos trilhos da fazenda vários produtos eram escoados lenha, tijolos, pedras, carvão e produtos agrícolas.
Guaianases passa a ter em 1934, população de 1.642 habitantes, possuindo, até então, uma única Escola Reunidas de Lajeado, fundada em 1873; a Agência de Correios em 1873; uma subdelegacía de polícia, criada em 1895 e duas Agremiações Esportivas, o Atlas Lajeadense F.C., cuja fundação ocorreu por volta 1915 e posteriormente a União F.C. fundado em 1934; ambos possuíam boas sedes, onde nos finais de semana, realizavam animados bailes, como também possuíam os melhores esquadrões da região vindo a fundir-se em 1946, criando o atual Guaianases F.C.
 

Possuía também Bandas de Músicas, existindo a primeira no período de 1915 a 1926, e a Segunda Corporação Musical Lira de São Benedito, fundada em 1933, extinta em 1938. Como curiosidade, havia um trecho de estrada de ferro particular, ligando a estação do Lajeado à Fazenda Santa Etelvina, hoje Cidade Tiradentes, cuja instalação ocorreu em 1908, tendo sido extinta em 1937, em cujos trilhos corria um bondinho de passageiros e pequenos vagões de cargas, para transportar lenha, tijolos, pedras, carvão e produtos agrícolas da região da Passagem Funda; outra curiosidade, era a existência de 14 lampiões que serviam como iluminação Pública, localizados nas Ruas;. 15 de Novembro, atual Salvador Gianetti, XI de Agosto (atual Capitão Pucci), Rua. Floriano Peixoto (atual Hipólito de Camargo) e Rua. Santa Cruz (atual Saturnino Pereira), instalados por volta de 1915.
 

O bairro de Guaianases foi marcado primeiro pelo processo de imigração estrangeira, depois de uma migração interna, e após todo processo de desenvolvimento populacional do bairro que nasceu em Lajeado Velho e depois trazendo a urbanização para o Lajeado Novo (hoje Guaianases). A intenção na época era encontrar terrenos baratos em regiões mais distantes, cujo salário comportasse uma prestação mensal. Com isso Guaianases aumentou bastante sua população nos anos 50, desencadeando diversos núcleos de povoamento, em que diversos bairros nascem ao redor das estações de trem e do entroncamento das vias.
 

 

Entre os anos de 1970 e 1980, foram construídos os conjuntos habitacioanis em Guaianases (parte deles pertence hoje à Cidade Tiradentes), o que fez aumentar ainda mais o número de pessoas na região em espaços cada vez mais apertados e ainda sem infra-estrutura urbana. Hoje algumas obras viárias que seguiram a linha do trem e o formato de ocupação dos núcleos antigos, casos específico como o da Radial Leste e do trem que chega até Guaianases.
O resultado de tudo isso é um povo sofrido, que valoriza cada conquista, cada rua asfaltada e iluminada, cada escola e hospital construído, cada residência regularizada, o que só reforça a identificação que a maioria dos moradores de Guaianases possuem pelo lugar onde vivem. Hoje, em 2012, Guaianases desenvolveu, e todas essas conquistas são o orgulho para seus moradores!!!