São Paulo é candidata ao selo de Cidades Criativas Unesco em gastronomia

Proposta é ampliar o reconhecimento mundial da culinária da cidade, impulsionando o turismo e fortalecendo as ações do setor

 A cidade de São Paulo apresenta nesta quarta-feira (5) a proposição de sua candidatura ao selo de Cidades Criativas Unesco em gastronomia.

A chancela, já conquistada por diversas cidades turísticas no mundo, certifica que cada localidade desenvolve políticas específicas para o setor, incluindo aquelas que fomentam o turismo. Embora no Brasil, algumas cidades, como Paraty, por exemplo, possuam o selo, São Paulo será, se conquistar o pleito, a primeira grande metrópole mundial a ter a chancela de Cidades Criativas da Unesco.

A proposição da candidatura é um avanço no movimento de fortalecer o setor e sedimentar as políticas públicas, iniciado pela atual gestão com a implantação do Observatório da Gastronomia, em 2018.

O Observatório da Gastronomia é um programa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, com apoio das secretarias municipais de Turismo, Cultura e Relações Internacionais.

Na terça-feira (4), o prefeito Bruno Covas e os secretários municipais se reuniram com diversos agentes da gastronomia, incluindo Institutos, Universidades, chefes de cozinha, restaurantes e atores de vários segmentos, como ONGs que atuam no setor, para apresentar os caminhos da candidatura ao selo, os benefícios trazidos pelo selo e por toda a estruturação que o setor tem ganhado, no caminho de estar apta ao pleito.

A ideia de se candidatar ao selo é boa, mas ela é só a cereja do bolo. No fundo, e a própria Unesco tem nos dito isso, está em reunir o ecossistema da gastronomia, estruturar o setor e fazer com que a gastronomia seja uma política pública, de fato”, explicou Aline Cardoso, secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho.

“Além da importância do selo para o setor, temos a construção conjunta de políticas públicas, entre sociedade e governo. O que garante a continuidade de uma política não é o decreto ou a lei. É o fato de as pessoas se apropriarem da ideia e de esta ideia não ser exclusivamente do governo que está de plantão, sendo uma ideia da cidade”, explicou Bruno Covas.

Observatório da Gastronomia

O Observatório é um plano municipal que contempla a integração dos setores público e privado e da sociedade civil, tendo com pilares em temas como talentos, negócios, segurança alimentar e nutricional, cultura e cidadania, e a questão do patrimônio da imagem de São Paulo, tendo a gastronomia como uma alavanca para o turismo.

No processo de busca do selo da Unesco, os membros do Observatório, das secretarias envolvidas e mais de 100 pessoas do setor realizaram mais de 500 horas de reunião, para pensar e definir políticas públicas para o setor nos próximos quatro anos. Foi feito o mapeamento das necessidades, das oportunidades e das propostas, além de uma organização e plano de ação, com atuação da Prefeitura para estruturação do orçamento no setor. A proposta baseada em seis pilares, orientados pela Unesco, prevê investimento de R$ 56 milhões, dos quais 30% serão do setor privado, 13% da Bloomberg, por meio do Ligue os Pontos, e 59% do orçamento público municipal. “É investimento num setor que emprega mais de 400 mil pessoas cidade, por isso acho que é uma visão bastante estratégica”, lembra Aline Cardoso. “Envolve biomas, fortalezas, preservação de mananciais, hortas urbanas, estufas escolas, combate ao desperdício, educação nutricional e capacitação de pessoas para o tema da econgastronomia.”

“A gente precisa do trabalho conjunto entre iniciativa privada e o poder público, para alcançar este selo, que faz diferença no dia a dia cultural, do ponto de vista do turismo”, explicou o secretário Municipal de Relações Internacionais, Luiz Álvaro. “Quando um imigrante deixa a sua cidade e se abriga em outro local, se ele não puder carregar nada, ele sempre vai levar a fé, a língua, a cultura e a comida. E a cidade de São Paulo, construída por imigrantes, ela é uma cidade mundialmente conhecida por sua gastronomia”, concluiu.

“Temos quase uma obviedade em relação à relevância da gastronomia. Recentemente, lançamos o projeto para ter São Paulo reconhecida como capital mundial da cultura e dentro deste plano há eixos que podem conversar com a busca do selo, principalmente na questão do reconhecimento”, falou Alexandre Youssef, secretario Municipal de Cultura. “Há também a questão da memória paulistana, vinculada à memória da gastronomia”, finalizou. “Toda agenda de atividades e festividades que temos na cidade, todas têm uma interface importante com a gastronomia.”

“Temos uma conferência municipal de turismo e temos levantado os dados de cada setor. Com o Observatório da Gastronomia a Secretaria de Turismo já pega um trabalho bem avançado e estruturado, para o posicionamento e a criação da política municipal para o setor”, explicou Orlando Faria, secretario Municipal de Turismo.