365 dias de quarentena em São Paulo: Prefeitura analisa impacto da pandemia nos resíduos sólidos coletados na cidade

O estudo registrou maior adesão da população à coleta seletiva, menor volume de lixo nas ruas e aumento já estimado na coleta de resíduos hospitalares

 

Foto: Divulgação AMLURB

Durante o primeiro ano de quarentena na cidade de São Paulo, decretado em 22 de março do ano passado, a Prefeitura, por meio da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (AMLURB), realizou um estudo para compreender o impacto da pandemia do novo coronavírus nos resíduos sólidos coletados na maior cidade da América Latina. O levantamento, que comparou com os 365 dias anteriores à declaração de quarentena, registrou maior adesão da população à coleta seletiva, diminuição nos resíduos recolhidos nas ruas e aumento na produção de resíduos hospitalares.


Na capital paulista, os serviços de coleta e limpeza pública continuam operando normalmente desde o início da quarentena. A fim de garantir a proteção da saúde pública dos colaboradores e prevenir a disseminação do vírus, a AMLURB apresentou em março de 2020 um plano de contingência de gestão de resíduos sólidos em decorrência da pandemia da COVID-19. O plano, que está sendo aplicado conforme as mudanças do cenário da pandemia, foi dividido em três etapas: preventivas, administrativas e operacionais.


Dentre as ações operacionais adotadas, está o descarte voluntário dos resíduos nos Ecopontos, sem o manuseio dos funcionários – essa medida busca proteger a saúde dos agentes de limpeza e da população. O descarte deve ser feito pelos munícipes direto nas caçambas e/ou nos Pontos de Entrega Voluntária (PEV’s), e os itens de áreas comuns, como puxadores e tampas, são higienizados após o descarte voluntário dos resíduos.


Em outra medida de prevenção, a autarquia ressaltou durante o primeiro ano de pandemia a importância de fazer o descarte seguro do lixo para evitar que os coletores tenham contato com possíveis resíduos contaminados. Os materiais devem ser ensacados 2 (duas) vezes em sacos resistentes, descartáveis e com enchimento de até dois terços da sua capacidade. Outra recomendação é sobre a importância de respeitar o horário de coleta, que deve ser feita até duas horas antes do horário da coleta domiciliar diurna e após às 18h para o período noturno.


Confira o impacto dos resíduos em 365 dias de pandemia:

Resíduos Recicláveis

Os resíduos provenientes do serviço de coleta seletiva do município apresentaram um crescimento de 12% durante o primeiro ano de quarentena na cidade, quando foram coletadas cerca de 92.6 mil toneladas de recicláveis, contra 82.4 mil toneladas no período anterior – um aumento de 10,1 mil toneladas.


Ao analisar apenas o ano de 2020, o município registrou um crescimento histórico nos números de coleta seletiva. De janeiro a dezembro do último ano, foram coletadas 94.4 mil toneladas de resíduos secos passíveis de reciclagem – um aumento de 17.4%, comparado ao mesmo período de 2019.


O estudo atribui esse crescimento não somente ao período de isolamento social, onde pode-se observar maior adesão do paulistano à reciclagem, mas também as iniciativas promovidas pela Prefeitura em educação ambiental, como as ações de conscientização porta a porta, onde as equipes orientam os munícipes sobre o horário de coleta, descarte correto dos resíduos, endereços dos Ecopontos mais próximos e a importância da separação dos materiais para a reciclagem.
Além do Recicla Sampa, movimento lançado em 2019 que busca ampliar à adesão da população a coleta seletiva na cidade, por meio de uma plataforma online com amplos conteúdos sobre reciclagem.


O relatório também apresentou o comportamento dos resíduos provenientes do serviço de coleta domiciliar comum, que apresentaram certa estabilidade durante o período, com uma variação de -2%.

Varrição

Em contrapartida, os resíduos recolhidos na limpeza e varrição de ruas e logradouros da cidade apresentaram uma queda de -10%. Neste período foram coletadas cerca de 71.6% mil toneladas de resíduos de varrição, contra 79.9% mil toneladas. Estima-se que essa queda seja em decorrência à diminuição do fluxo de pessoas nas ruas, já que os planos de trabalho não sofreram reduções e sim ampliações, como a expansão das equipes de limpeza e lavagens em torno dos hospitais, pontos de ônibus e terminais de trem e metrô.


Em um recorte anual, de janeiro a dezembro do ano passado a Prefeitura coletou cerca de 77.2 mil toneladas de resíduos de varrição e limpeza de papeleiras – menor número nos últimos 5 anos. O isolamento social provocado pela pandemia, além das restrições nos estabelecimentos comerciais apontam para menor geração de lixo nas vias da cidade.

Grandes geradores de saúde

O comportamento dos resíduos hospitalares produzidos por grandes geradores, locais que geram mais de 20kg de resíduos de saúde por dia, como os hospitais e clínicas, apresentou um aumento de 17% e seguiu o previsto devido a pandemia do novo coronavírus, onde já era estimado o aumento no número de pacientes nos hospitais. Durante esse primeiro ano de quarentena na cidade, foram coletadas cerca de 39 mil toneladas de resíduos de saúde, contra 33.4 mil toneladas durante o mesmo período de 2019.


Outro fator que impactou diretamente no aumento dos resíduos hospitalares, é nota técnica emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020), onde determina que todo material que entre em contato com pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19 deve ser considerado como infectante (restos de comida, vestuário dos médicos e pacientes, etc.). Portanto, esses resíduos passaram a ser coletados e destinados para as unidades de tratamento de resíduos de saúde da capital.

Pequenos geradores de saúde

Os pequenos gerados de saúde, estabelecimentos que produzem menos de 20kg por dia, como clínicas odontológicas, veterinárias, estúdios de tatuagem, entre outros, tiveram uma pequena variação nos dados: um aumento de 23 toneladas em relação ao período anterior à quarentena. Com a reabertura gradual desses estabelecimentos em agosto do ano passado, as quantidades recolhidas voltaram aos níveis parecidos com os de 2019, quando foram coletadas 9.15 mil toneladas de resíduos de saúde, enquanto no período de quarentena foram recolhidas 9.17 mil toneladas – um aumento de 0,2%.


Estima-se que esse resíduo não tenha sofrido muitas variações devido ao fechamento temporário dos estabelecimentos, devido às restrições de funcionamento.


Confira na íntegra o Plano de Contingência de Resíduos Sólidos: https://tinyurl.com/2tsxzu32


Veja todos os quantitativos no site:
https://tinyurl.com/2wbxby9e


Material em JEPG e MP4 sobre o processo de coleta seletiva:
https://we.tl/t-Pf0zjdO0TK


Sobre a AMLURB
Desde 2002 entrou em vigor a lei número 13.478, na qual houve a criação da AMLURB – Autoridade Municipal de Limpeza Urbana, um órgão regulamentador encarregado pela gestão dos resíduos e limpeza urbana da cidade de São Paulo. A autarquia é vinculada à Secretaria Municipal das Subprefeituras, da Prefeitura de São Paulo e presta serviços com o intuito de proporcionar melhor qualidade de vida aos munícipes de São Paulo. Dentre os serviços públicos prestados, estão a conservação e limpeza dos bens e uso comum do Município, limpeza de áreas públicas em aberto, varrição e lavagem das vias, viadutos, praças, túneis e etc.; capinação e roçada do leito de ruas, coleta de Resíduos Domiciliares até 200 litros, coleta de Resíduos da Construção Civil - RCC até 50 kg; coleta de Restos de Móveis e utensílios até 200 litros (Cata Bagulho), coleta de Resíduos de Serviços de Saúde e coleta Seletiva (Recicláveis).